APL recebe novo acadêmico na sexta-feira, dia 11

Professor Carlos Evandro, novo membro da APL.

O professor, crítico literário e escritor Carlos Evandro Martins Eulálio toma posse na próxima sexta-feira (11/03), às 10h, na Cadeira 38 da Academia Piauiense de Letras.

O discurso de recepção será proferido pelo acadêmico José Ribamar Garcia.

A Sessão Solene de posse do novo acadêmico será realizada no formato híbrido, com transmissão pela TV APL (Canal da Academia no YouTube).

O novo acadêmico

Carlos Evandro foi eleito para a APL no dia 18 de dezembro do ano passado. Ele vai ocupar a cadeira que tem como patrono o poeta João Ferry e como último ocupante o crítico literário e professor M. Paulo Nunes.

Carlos Evandro Martins Eulálio (1946) é teresinense, licenciado em Letras pela Universidade Federal do Piauí. Fez Mestrado em Educação, pela Universidade Federal do Piauí, em 1999; Aperfeiçoamento em Comunicação e Semiótica, pela PUC de São Paulo, em 1982; Especialização em Linguística Descritiva, pela Universidade Federal do Piauí, 1978; Especialização em Comunicação Contemporânea e Informação Visual, pela PUC de Minas Gerais – 2004.

Obras publicadas

Mário Faustino Revisitado – Coleção Centenário da Academia Piauiense de Letras, Teresina : Academia Piauiense de Letras 2019.

Literatura Piauiense, em colaboração com Cineas Santos e Herculano Moraes Teresina : Editora Corisco, 1979.

Literatura Piauiense em Curso: Mário Faustino. Teresina, Corisco / Academia Piauiense de Letras, Teresina, 2000.

Latim Forense para Estudantes, Edição do Autor, Teresina, 2009.

Elementos de Língua Latina, Editora Nova Aliança, Teresina, 2013.

Presidente do TCE faz palestra na APL em sessão dedicada à mulher

Imagens: APL

Conselheira Lílian Martins faz palestra na APL pelo Dia da Mulher

As conquistas e os desafios das mulheres foram alguns dos temas abordados pela presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheira Lilian Martins, em Sessão Especial da Academia Piauiense de Letras.

A conselheira foi a palestrante da sessão comemorativa do Dia Internacional da Mulher, que transcorre na próxima terça-feira, dia 8.

O evento foi realizado ontem (5/3), através do Núcleo Feminino da APL, coordenado pela acadêmica Nerina Castelo Branco, com o cerimonial conduzido pela secretaria geral, acadêmica Fides Angélica.

Homenagens

Na ocasião, a Academia homenageou mulheres que se destacaram em diversas áreas de atuação:

Política: Regina Sousa (vice-governadora);

Jurídica: Eulália Ribeiro Gonçalves (desembargadora e ex-presidente do TJ-PI);

Artes plásticas: Dora Parentes, pintora;

Poesia: Graça Vilhena, poetisa e professora;

Educação: Tércia Leal, professora;

Jornalismo: Ana Regina Rego Barros Leal, jornalista, professora universitária e pesquisadora;

Saúde: Amarilis Borba, médica;

Magistério: Raimunda Celestina, professora;

Música: Rosinha Amorim, cantora:

Arte e empreendedorismo: Kalina Rameiro;

Voluntariado: Teresinha Pedrosa.

Presenças

Participaram da sessão os acadêmicos: Dilson Lages, Elmar Carvalho, Felipe Mendes, Fides Angélica, Fonseca Neto, Itamar Costa, Jonathas Nunes, Luiz Ayrton Santos Junior, Moises Reis, Nelson Nery, Pedro S. Ribeiro, Plínio da Silva Macêdo, Socorro Rios Magalhães, Valdeci Cavalcante e Zózimo Tavares, além do acadêmico eleito Carlos Evandro Martins Eulálio.

Também participaram do evento a vice-governadora Regina Sousa, integrantes do Núcleo Feminino da APL, a presidente da União Brasileira de Escritores no Piauí (UBE-PI), Lisete Napoleão, homenageadas e outras convidadas.

Veja a sessão na TV APL, o canal da Academia no YouTube:  

https://www.youtube.com/watch?v=wbD7MumtsBI

APL presta homenagem à memória de Paulo Nunes

A sessão da APL em homenagem a Paulo Nunes

A Academia Piauiense de Letras se reuniu ontem (26/02), em Sessão Solene, para o Panegírico do acadêmico M. Paulo Nunes, falecido em 14 de outubro do ano passado.

A oração da saudade foi proferida pelo acadêmico Wilson Nunes Brandão, que exaltou a figura humana e intelectual do professor Paulo Nunes e destacou sua contribuição à cultura e à educação.

O agradecimento foi feito pelo advogado Paulo Neiva Nunes, filho do homenageado.

Participaram da sessão, realizada no formato virtual e conduzida pelo presidente da APL, Zózimo Tavares, os acadêmicos: Dilson Lages, Elmar Carvalho, Felipe Mendes, Fides Angélica, Fonseca Neto, Francisco Miguel de Moura, Itamar Costa, Jonathas Nunes, Luiz Ayrton Santos Júnior, Moisés Reis, Nelson Nery, Oton Lustosa, Pedro da Silva Ribeiro, Plínio da Silva Macêdo, Reginaldo Miranda e Socorro Rios Magalhães, além do acadêmico eleito Carlos Evandro Martins Eulálio.

A sessão foi transmitida pela TV APL, o canal da Academia  no YouTube. Veja o LINK:

https://www.youtube.com/watch?v=NKKb2sy1asQ

Rede Meio Norte exibe filme sobre a APL

Documentário sobre a APL na Rede MN.

A Rede Meio Norte exibiu ontem (20) o filme “Sonho que saiu do papel”, sobre a Academia Piauiense de Letras.

Com 20 minutos de duração, o documentário dirigido pelo jornalista Luciano Klaus conta a história da APL pela voz dos próprios acadêmicos.

Nessa perspectiva, são narrados, com a contextualização de época, os movimentos que levaram à fundação da APL, em 1917, e os que marcaram a sua história.

A Rede MN é a primeira a exibir o filme, que, segundo o presidente da APL, Zózimo Tavares, será distribuído a partir de agora com os principais canais de televisão do país com programação cultural.

Academia homenageia a memória de Nildomar da Silveira Soares

Panegírico de Nildomar da Silveira Soares na APL.

A Academia Piauiense de Letras realizou sessão solene, ontem (19/02), para reverenciar a memória do acadêmico Nildomar da Silveira Soares, último ocupante da Cadeira 22 e falecido em 22 de agosto do ano passado.

A Oração da Saudade foi proferida pelo acadêmico Oton Lustosa, que discorreu sobre a trajetória profissional e acadêmica do homenageado.

Ele lembrou que Nildomar foi advogado do Banco do Brasil, presidente da OAB-PI, assistente jurídico da Prefeitura de Teresina e do Governo do Estado e desembargador, além de professor universitário.

O orador citou também as obras publicadas pelo homenageado, destacando entre elas o “Livro do Centenário”, sobre os 100 anos da Academia Piauiense de Letras, lançado em 2017, e “Retalhos da Memória”, publicado no ano passado, cinco meses antes do falecimento do autor.

O advogado Sérgio Wilson da Silveira agradeceu a homenagem, em nome da família. Ele destacou a dedicação de seu pai à Academia, onde se sentia bem, pelo acolhimento fraterno que recebia.

A sessão virtual da APL, presidida pelo acadêmico Zózimo Tavares, foi transmitida pelo canal da Academia no YouTube.

Participaram do panegírico de Nildomar da Slveira Soares os acadêmicos Dagoberto Carvalho, Fonseca Neto, Elmar Carvalho, Felipe Mendes, Fides Angélica, Itamar Costa, Jonathas Nunes, Moisés Reis, Nelson Nery, Oton Lustosa, Plínio Macêdo e Socorro Rios Magalhães, além do acadêmico eleito Carlos Evandro Martins Eulálio.

Veja a sessão da APL em homenagem a Nildomar da Silveira Soares: 

https://www.youtube.com/watch?v=xKV8mulkb1s

Wellington Dias é eleito para a APL

Wellington Dias na APL após sua eleição para a Cadeira 12

O governador e escritor Wellington Dias é o mais novo membro da Academia Piauiense de Letras.

Ele foi eleito hoje (12) para ocupar a Cadeira 12, vaga com o falecimento do historiador Wilson Carvalho Gonçalves.

Como de praxe na eleição acadêmica, após a proclamação do resultado Wellington Dias compareceu à sede da APL para agradecer sua acolhida entre os imortais.

Livro premiado

O novo acadêmico cursou Lertras na Universidade Federal do Piauí e estreou na literatura na década de 1980, com um livro de contos intitulado “Macambira”, premiado em concurso da Secretaria Estadual de Cultura.

Depois, ele lançou mais dois livros, “As tiradas do Tio Sinhô” e “A melancia do presidente”, no gênero de crônicas de humor.

Wellington ingressa para a Academia em pleito realizado no segundo turno. Na eleição deste sábado, votaram 34 acadêmicos. Ele obteve 22 votos e o escritor Antenor Rego conseguiu 12.

Conforme o Regimento Interno da APL, a posse deve ser agendada para até 90 dias após a eleição.

As propostas da APL para as celebrações dos 200 anos da Independência

Reunião da Comissão dos 200 anos, no Palácio de Karnak.

 

 

A Academia Piauiense de Letras apresentou à Comissão dos 200 anos da Independência do Brasil as suas propostas para as celebrações do bicentenário no Piauí.

As sugestões foram sistematizadas pelo representante da APL na Comissão, acadêmico Felipe Mendes, depois de consulta aos colegas, e entregues na reunião realizada no último dia 3, no Palácio de Karnak, sob a presidência do secretário de Governo, Osmar Júnior, coordenador geral da Comissão.

Eis o documento com as propostas da Academia:

O Piauí ofereceu ao Brasil, com lutas e sangue derramado, duas importantes contribuições à Independência e à consolidação da grandeza nacional: a Batalha do Jenipapo, de todos conhecida, e a participação na Guerra do Paraguai, para onde foram enviados cerca de 3.500 homens. Com uma população estimada, na época, de 220.000 habitantes, o contingente representou 1,6% da população total. Poucos retornaram à terra natal.

Para ilustrar, os bravos piauienses enviados para a Guerra do Paraguai corresponderiam, atualmente, à população total dos municípios de Oeiras, Simplício Mendes e Paes Landim (cerca de 54.000 habitantes)

Em outras oportunidades, os soldados piauienses atenderam ao chamado da Pátria, e foram lutar com as Forças Expedicionárias Brasileiras, nos campos da Segunda Guerra Mundial, na Itália, ou cumpriram missões de paz organizadas pela ONU, integrando as forças de Paz no Oriente Médio (Suez), entre outras missões.

Em resumo, as sugestões da APL à Comissão dos 200 anos da Independência são:

  1. Prestar homenagem aos Heróis da Batalha do Jenipapo, em seu Monumento de Campo Maior, e definir formas apropriadas de render a gratidão do Piauí aos heróis da Guerra do Paraguai – Voluntários e Soldados – especialmente nas cidades de onde partiram contingentes, como Santa Filomena, Parnaguá, Jaicós, Teresina, Barras e Parnaíba.
  2. Em caso de ser criada uma Condecoração para celebrar os 200 anos da Independência do Brasil, e em particular a contribuição do Piauí, sugiro seja conferida apenas a Instituições que tenham sido e sejam importantes na preservação e divulgação dos feitos históricos, bem como na participação do Piauí na afirmação do Brasil como grande Nação. Para tanto, relaciono algumas dessas Instituições merecedoras de homenagem: a) Academia Piauiense de Letras, por seu conjunto da obra e pela contribuição de alguns de seus membros na pesquisa e divulgação de fatos históricos relacionados ao tema, como Abdias Neves, Hermínio Conde, Odilon Nunes, Wilson Brandão e Monsenhor Joaquim Chaves, bem assim de outros Acadêmicos que prestaram relevantes serviços ao governo federal, em funções ministeriais, como Félix Pacheco, João Paulo dos Reis Velloso, Petrônio Portella e Hugo Napoleão do Rego Neto; b) Arquivo Público do Piauí; c) Museu do Piauí; d) Fundação do Homem Americano – FUNDHAM – cujas pesquisas arqueológicas no Parque Nacional da Serra da Capivara tornaram o Piauí conhecido em todo o Mundo, inclusive com o reconhecimento do Parque, pela UNESCO, como Patrimônio da Humanidade; e e) 25º Batalhão de Caçadores, como representante das guarnições militares às quais os piauienses dedicaram seus esforços, e suas vidas, em tempos de conflito e de paz e f) IHGPi – Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.
  3. Realizar eventos em cidades que se tornaram Lugares de Memória, como Parnaíba (Independência, com Simplício Dias e João Cândido, e embarque das forças militares para a Guerra do Paraguai), Piracuruca (Independência, com Leonardo Castelo Branco), Campo Maior (Batalha do Jenipapo), Oeiras (Independência, com o Brigadeiro Manoel de Souza Martins); União, Parnaguá, Santa Filomena (embarque do 2º Corpo de Voluntários da Pátria, no local denominado “Remanso do Choro”, à margem direita do rio Parnaíba), Jaicós (de onde partiu um grupo de Voluntários da Pátria, inclusive Jovita Feitosa), e ainda Barras e Teresina.
  4. Articular com Prefeituras, Universidades e entidades da sociedade civil, especialmente nas cidades mencionadas no item 3, a coparticipação em eventos e serviços definidos pela Comissão, como cursos e conferências.
  5. Editar (ou reeditar) livros, dissertações de Mestrado e teses de Doutorado pertinentes ao assunto, sob a coordenação da APL, da UFPI e da UESPI, inclusive a elaboração de texto-resumo a ser distribuído nas escolas públicas da rede estadual.
  6. Promover concursos de redação entre os estudantes da rede estadual de ensino, sobre o tema “O Piauí e os 200 anos da Independência do Brasil”, com premiação e ampla divulgação.
  7. Relacionar os monumentos históricos que mereçam serviços de conservação, inclusive os que prestam homenagem a personalidades importantes da História.
  8. Criar uma Subcomissão de Sistematização para organizar as sugestões recebidas e dar-lhes a redação final a ser apresentada ao Exmo. Sr. Governador do Estado.

                                                                                                                                    Felipe Mendes

                                                                                                                               Representante titular da APL”

 

Nova Chamada Pública da Seduc inclui autores piauienses

A Secretaria Estadual de Educação publicou edital que tem por objeto a convocação de editores para inscrição e entrega de livros paradidáticos para bibliotecas e salas de leitura das escolas da rede estadual de ensino.

A temática das obras deve abordar as áreas de Linguagem e Códigos, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, além de manifestações literárias, folclóricas e culturais piauienses.

Literatura Piauiense

Com a iniciativa, a Seduc-PI pretende estimular os estudantes da rede pública do ensino fundamental ao ensino médio a aprimorar o conhecimento em geral, bem como o respeito à cultura piauiense, auxiliando a prática pedagógica na rede estadual de ensino.

Outro objetivo é promover aos estudantes da rede pública estadual de ensino acesso à cultura, literatura e as demais ciências, estimulando o desenvolvimento do hábito e do prazer pela leitura.

A inclusão de obras de autores piauienses nas compras de livros didáticos e paradidáticos vem sendo cobrada pela Academia Piauiense de Letras.

O prazo de inscrição das obras começa hoje.

(Com informações da Seduc-PI)

A criança que escrevia com as duas mãos!

Jonathas Nunes (*)

Nasci canhoto. Fui alfabetizado, escrevendo com a mão esquerda. Os primeiros chutes com bola de pano e de borracha, no Cansanção e na praça da Igreja, hoje Dr. Sebastião Martins, em Floriano, eram instintivamente com o pé esquerdo. A perna direita não tem muita força, nem jeito. Chute certeiro só com o pé esquerdo. Nas competições de queda de braço, apoiava logo o cotovelo esquerdo sobre a mesa ou peitoril, e até meninos mais altos e mais fortes acabavam perdendo pra mim. Já com a direita, era visível a “capitis diminutio”.

Rabo-de-saia da mãe, o hábito é reforçado com a preferência do pai pelo mano mais velho para recado, mensagens, ida à rua, ida ao Puçá, e até viagem a Teresina a serviço. Desde ainda bem pequeno, minha mãe era, de longe e de perto, a pessoa que mais me cativava.

Aos sete ou oito anos de idade, num daqueles fins de tarde, na varanda do Cansanção em Floriano, ela conversa com algumas pessoas de fora, e, lá pelas tantas, se sai com essa: Doutor Demerval me disse que o Jontinha (meu apelido familiar) “tem o coração dilatado”. Próximo a ela, ouvi bem a afirmação de minha mãe comigo. Guardei-a sem entender do assunto. A tristeza, em tom de lamento, da palavra materna, de alguma forma excita um par de neurônios na mente daquela criança pela vida afora.

Nas sessões de ginástica de maior esforço físico, na Escola Preparatória, na AMAN, e já Oficial a frente de tropa, invariavelmente, traziam à tona, a história do menino do “coração dilatado”. Já tenente em Amaralina, Salvador(BA), numa dessas lembranças, decidi, por precaução e também pra tirar a “prova dos nove”, ser chegada a hora de procurar um médico especialista em coração. Fí-lo com o justo receio de que em havendo algo mais grave, estaria com a carreira militar comprometida. Agendei a consulta. Consultório bem ali na avenida Sete de Setembro, Centro de Salvador. Explico ao médico o motivo de minha ida ao consultório; este ausculta e manda me deitar numa mesa; não me lembro se chegou a tirar radiografia. Passou algum tempo me auscultando, sem dizer palavra. Não perguntou nada que me chamasse atenção.

Ao final, a explanação feita me deixa ainda mais intrigado. Disse: “tenente Jonathas, até uns vinte anos atrás, a anomalia que você tem era considerada uma doença. Hoje, porém, este fato é considerado apenas uma anomalia congênita. O problema é o seguinte: as pessoas em geral imaginam que a gente nasce com o músculo cardíaco do lado esquerdo do peito; não é verdade. A posição do músculo cardíaco é rigorosamente no centro da caixa torácica; a extremidade inferior no entanto é ligeiramente voltada para a esquerda. Ao palpitar com mais intensidade, a vibração mais acentuada da parte inferior dá a sensação de que o coração como um todo fica do lado esquerdo. No seu caso, porém, o coração como um todo, e não apenas a extremidade inferior, é ligeiramente voltado para a esquerda, dando a impressão de que ele assim está, por efeito de alguma dilatação, o que não é verdade. Trata-se simplesmente de uma conformação genética”.

Após deixar o consultório, viajo no tempo, aos primeiros dias de internato no Seminário Menor em Teresina. Regime de clausura. Ao me ver escrevendo com a mão esquerda, o Prefeito Isidoro, Seminarista do último ano, vira-se pra mim em tom de admoestação, e diz: “…olhe… dizem que quem escreve com a mão esquerda tem pauta com o diabo”. Aos treze anos de idade, longe da família, só gente estranha em volta, sinto-me emocionalmente atordoado. E disse pra mim mesmo: É, desse jeito, vou ter que tentar aprender a escrever com a mão direita.

Na época, o internato funcionava como se cada seminarista fosse uma espécie de redoma de vidro em que a gente vê todo mundo e todo mundo vê a gente, mas sem se falar, a não ser na breve hora do recreio ao meio-dia e à noite, após o jantar, e ainda assim, em voz comedida. Pergunta, confusão, dúvida começava na gente, rodopiava dentro da gente e acabava na gente.

Deixar a mão esquerda e reaprender tudo com a direita, por pouco não me custou caro. Discuto o assunto demoradamente. Comigo mesmo. E assim, aos treze anos, parto para o desafio de tentar desenvolver o hemisfério esquerdo do cérebro, responsável pelo lado direito do corpo. Mal sabia eu que os circuitos neurais desses dois hemisférios se cruzam na altura das cordas vocálicas. Foi o que aconteceu. Mensagens com direções conflitantes se cruzando na altura da garganta, me põem em situação difícil na pronúncia de fonemas diversos.

O Centro Cultural Dom Joaquim, formado pelos seminaristas, se reunia às quintas feiras, a noite, na hora do recreio, no pátio interno do seminário. Conduzido pelo seminarista-prefeito, este escalava o orador para de improviso falar sobre algum assunto por ele indicado ou deixado a critério. Passei meses com visível dificuldade na pronúncia de certas palavras na Tribuna improvisada (uma pedra de maior porte). A princípio atribui o fato ao nervosismo da hora. Cheguei a imaginar que eu estava começando a ficar meio gago, e ainda assim, sem atinar a causa. A dificuldade em emitir um fonema, me leva a trocar uma palavra por outra, gerando sensação de dislalia.

Já adulto, fui tomando conhecimento de que ao tentar escrever com a mão direita, em oposição ao circuito neural da esquerda, mensagens oriundas dos dois hemisférios do cérebro, acabam “se embaralhando” na altura das cordas vocais. Anos após, soube que a dislalia, tal como um dos futuros pokémons do netinho Tutu, bem poderia ter evoluído para algo irreversível.

Uma vez mais, o “esforço interior solitário” do adolescente de treze anos estava conseguindo remover … “uma pedra no meio do caminho”. Duas décadas, após, me vejo matriculado no King´s College da University of London. Era um prédio antigo, de uns oito andares, situado ali na Strand, uns quinhentos metros da Trafalgar Square. Integro o Departamento de Matemática Aplicada, e, como estudante de Doutorado, disponho de um bureau no “room F”, sala onde ficavam outros onze estudantes nessa mesma situação.

Quem me apresentou pela primeira vez a esses novos colegas, foi o amigo brasileiro Marcos Duarte Maia, que eu conhecera ainda em Brasília e me ajudou muito em detalhes da ida para Londres. O Marcos já estava com dois anos no King´s quando lá cheguei.

Voltando ao assunto da mão esquerda, estava eu já com alguns meses na Universidade, trabalhando no meu bureau, no Room F, quando, certa feita, entram dois senhores querendo falar comigo. Ao me abordar, foram logo dizendo o seguinte: Mr Nunes, olhe, nós pertencemos ao Departamento de Psicologia da Universidade, e tomamos conhecimento que você tem habilidade para escrever com as duas mãos. Gostaríamos então de fazer a você algumas perguntas, sobre esse assunto:- 1) com qual mão comecei a escrever;-2) o que me fez escrever com a outra mão;-3) se ao longo da vida tive algum problema ou dificuldade para falar; -4) se eu escrevo com as duas mãos indistintamente; – 5) se a grafia das mãos é diferente uma da outra;- 6) se eu escrevo indistintamente com as duas mãos a mesma palavra, ao mesmo tempo. E a pergunta final: se escrevo ao mesmo tempo com as duas mãos palavras diferentes, o que é impossível.

A visita londrina de dois especialistas me leva de volta aos treze anos, no Internato de Teresina, e me dou conta de que por pura ironia do destino acabei, ainda criança, servindo de cobaia para uma experiência rara na espécie humana.

Anos depois, me vejo de volta a Teresina, já agora como Professor Titular na UFPI. Ao utilizar o quadro negro em sala de aula, muitas vezes o fazia com as duas mãos. Ficavam espantados com o fato inusitado de escrever igualmente com as duas mãos. Não demorou muito e observei que este fato estava me fazendo mais conhecido na UFPI do que ser o primeiro PhD no Centro de Ciências da Natureza. Antes de saberem meu nome, estava ficando conhecido como o professor que escreve indistintamente com as duas mãos. Muitos alunos e até professores me indagavam sobre esse fato. Volta e meia me vejo retornando à ladainha dos treze anos. Invariavelmente respondia: olhe, pelo amor de Deus, não vá querer me imitar, pois o risco de adquirir sequelas na fala é razoavelmente elevado.

Dito isto, dia seguinte, na sala de aula, reprise do filme: começava a escrever com a mão direita do lado esquerdo e terminava com a esquerda do lado direito. A turma endoidava.

 

(*) Ocupa a Cadeira 2 da Academia Piauiense de Letras.

Amostragem faz pesquisa sobre leitura no Piauí

Estatístico Batista Teles discute pesquisa sobre leitura com acadêmicos

O Instituto Amostragem está fazendo uma pesquisa sobre leitura no Piauí.

A pesquisa foi solicitada pela Academia Piauiense de Letras com o objetivo de mapear o hábito de leitura dos piauienses.

Os objetivos da pesquisa e sua metodologia foram discutidos por uma comissão de acadêmicos com o diretor do Amostragem, professor e estatístico Batista Teles, na Sala de Reuniões da Academia.

Participaram do encontro os acadêmicos Felipe Mendes (coordenador do trabalho na APL) e Elmar Carvalho, além do presidente Zózimo Tavares.

O acadêmico Dilson Lages também colaborou com a formulação do questionário.

O acadêmico Felipe Mendes, economista, professor da UFPI e ex-secretário de Planejamento, disse que se trata da primeira pesquisa do gênero no Piauí.

O resultado do estudo deve sair em fevereiro próximo.

Academia avança no mundo digital

 

A posse da Diretoria da APL, no Auditório Wilson Brandão.

 

O ingresso definitivo da Academia na Era Digital foi uma das grandes conquistas da APL no biênio 2020/2021.

A conquista foi citada no discurso do presidente reeleito Zózimo Tavares, na sessão solene de posse da nova Diretoria, ontem (24/01).

Ele lembrou que quando da explosão da Covid-19, a Academia, para enfrentar o isolamento social, adotou imediatamente o uso de plataformas digitais.

“Podemos dizer que, neste aspecto, a APL largou na frente. Nos diversos estados, outras Academias de Letras só conseguiram lançar mão dessa ferramenta quase um ano depois”, acentuou.

Conexões

Ele destacou também que o uso das plataformas digitais possibilitou à APL estabelecer uma conexão com os polos culturais do interior do Piauí.

A Academia criou o seu canal no YouTube (a TV APL) para transmissão e gravação de sessões e outros eventos.

Criou ainda o “Chá das 5”, que está há mais de um ano no ar. Já foram apresentados mais de 50 programas.

Além disso, todo o acervo do informativo “Notícias Acadêmicas” foi digitalizado, editado e postado no Portal da APL para facilitar o acesso dos interessados.

O presidente da APL disse que novas ações estão planejadas para esta área na nova gestão.

APL empossa Diretoria para novo mandato

Imagens: APL/Ascom

Posse da Diretoria da APL para novo biênio

A Diretoria da Academia Piauiense de Letras foi empossada hoje (24/01) para um novo mandato de dois anos.

A Sessão Solene de Posse dos dirigentes da APL foi realizada no formato híbrido (presencial e virtual), com transmissão pelo canal da Academia no YouTube.

A Diretoria da APL é composta pelos acadêmicos Zózimo Tavares (presidente), Magno Pires (vice-presidente), Fides Angélica (secretária geral), Fonseca Neto (1º secretário), Dilson Lages (2º secretário) e Humberto Guimarães (tesoureiro).

Os acadêmicos elegeram a chapa de consenso por unanimidade. O mandato é para o biênio 2022/2023.

Em cumprimento ao regimento da APL, a decana Nerina Castelo Branco deu posse ao presidente, que empossou os demais dirigentes da instituição.

A sessão foi realizada no auditório Wilson Brandão, com frequência controlada e adoção dos cuidados sanitários.

Filme e presenças

Durante a sessão, foi exibido o filme “Sonho que saiu do papel”, documentário sobre a história da APL produzido pelo jornalista Luciano Klaus através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Equatorial Energia.

Os acadêmicos participaram da sessão nas duas modalidades. Além dos empossandos, estiveram presentes no auditório os acadêmicos Elmar Carvalho, Felipe Mendes, Francisco Miguel de Moura, Itamar Costa, Moisés Reis, Nerina Castelo Branco e Plínio Macedo.

Também estiveram presentes à sessao os acadêmicos eleitos Tony Batista e Carlos Evandro Martins Eulálio.

Através da sala virtual, participaram os acadêmicos Celso Barros, Jonathas Nunes, Luiz Ayrton Santos Júnior, Nelson Nery, Socorro Rios Magalhães, Valdeci Cavalcante e Wilson Brandão.

Autoridades

Entre as autoridades que prestigiaram o evento, o representante do governador Wellington Dias, Osmar Júnior, secretário de Governo; a presidente do Tribunal de Contas do Estado, Lilian Martins; o deputado federal Flávio Nogueira e o presidente da OAB-PI, Celso Barros Neto.