IBGE aponta principal atividade econômica de municípios do Piauí

Em 2021, no Piauí, 197 municípios do estado, o equivalente a cerca de 87,9%, tiveram a atividade de administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social como o principal grupo de atividades da economia local.

No estado, os municípios que apresentaram os maiores percentuais de participação daquela atividade na sua economia foram: Santo Antônio dos Milagres, com 76,28%; São João da Varjota, com 71,35%; e Lagoa de São Francisco, com 70,52%.

Por sua vez, os municípios com os menores percentuais de participação são: Ribeiro Gonçalves, com 6,5%; Uruçuí, com 5,41%; e Baixa Grande do Ribeiro, com 5,15%, todos tendo como principal atividade a agricultura, com forte produção de grãos (soja e milho).

São informações do Produto Interno Bruto – PIB dos municípios brasileiros, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, as Secretarias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa. 

No Brasil, 2.409 municípios (43,2%) tiveram a atividade de Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social como principal motor de sua economia.

Dentre as unidades da federação, nos estados do Amazonas, Roraima, Amapá e Paraíba esse percentual ultrapassou 90,0% dos municípios.

Por outro lado, o Estado do Paraná apresentou apenas 6,3% de suas municipalidades com essa característica.

(Com informações do IBGE-PI)

PIB cai em 29 municípios do Piauí

No ano de 2021, o estado do Piauí registrou 29 municípios (12,9%) com queda no PIB em relação ao ano anterior, onde destacou-se o município de Monsenhor Hipólito, com redução de 19,04% do PIB.

Na sequência, dentre as maiores reduções no PIB, vieram os municípios de Alegrete do Piauí, com -12,48%; Bocaina, com -10,05%; e São Miguel do Fidalgo, com -9,33%.

São informações do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, as Secretarias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa.

 A redução no PIB dos municípios de Monsenhor Hipólito, Alegrete do Piauí e de Bocaina deveu-se ao setor agrícola, que apresentou queda na produção de milho em 2021.

No tocante à queda no PIB do município de São Miguel do Fidalgo, deveu-se à diminuição da atividade econômica do setor industrial de serviços especializados para construção.

(Com informações do IBGE/PI)

Conferência Estadual de Cultura começa nesta terça

A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e o Conselho Estadual de Cultura promovem, nesta terça (5) e quarta-feira (6), no Blue Three Towers Rio Poty Hotel, a 5ª Conferência Estadual de Cultura, como parte da etapa nacional, a ser realizada em Brasília, em março de 2024. A abertura será às 13h desta terça.

O evento será uma oportunidade para o debate sobre a Política Nacional de Cultura e as propostas da sociedade civil piauiense para a atualização do Plano Nacional de Cultura.

As discussões serão em torno de seis eixos temáticos distintos: Institucionalização, Marcos Legais e Sistema Nacional de Cultura; Democratização de Acesso à Cultura e Participação Social; Identidade, Patrimônio e Memória; Diversidade Cultural e Transversalidade de Gênero, Raça e Acessibilidade na Política Cultural; Economia Criativa, Trabalho, Renda e Sustentabilidade, e Direito às Artes e Linguagens Digitais, todos propostos pelo Ministério da Cultura (MinC).

Além da discussão das temáticas, haverá uma apresentação artística com a Orquestra Jovem de União, composta por 40 músicos, que antecede o debate dos eixos. Já na quarta (6), a atração artística ficará por conta do pagode do Mimbó, e irá ocorrer também a eleição dos delegados nacionais. 

Para participar, delegados eleitos para a votação, fazedores de cultura e sociedade em geral, realizaram a inscrição de formulário on-line, que já foram encerradas, no entanto, para quem perdeu o prazo, as inscrições ainda poderão ser feitas, de forma presencial no local do evento. 

(Com informações da secult-pi)

Piauí aumenta em 5 vezes recursos para cultura

Os investimentos do governo do Piauí em cultura aumentaram em 176% de 2021 a 2022, porém precisa ampliar o acesso as salas de espetáculos.

A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base no Sistema de Informações e Indicadores Culturais.

De acordo com o IBGE, o Piauí investiu R$ 47,1 milhões em cultura no ano de 2022 e R$ 17,1 milhões em 2021, devido a pandemia, tendo um incremento de cerca de R$ 30,3 milhões.

Na série histórica (de 2012 a 2022), o governo estadual chegou a elevar em 5 vezes sua participação nos gastos em cultura em relação ao total dos estados no país.

Escola estuda e mostra as riquezas do Piauí

Serra da Capivara, Oeiras – Primeira Capital, Cerrados, Rio Parnaíba, Carnaúba, Cocais, Música, Literatura, Artesanato, Culinária… Estes e outros valores naturais e imateriais do Piauí foram estudados e apresentados na Feira de Conhecimentos – Declare seu amor pelo Piauí, realizada pelo Colégio Pro Campus, da rede particular de ensino.

O projeto foi desenvolvido pelos alunos do 4º ano do Colégio Pro Campus Criança, com o objetivo de incentivar a valorização da cultura e as tradições do Piauí.

O projeto estimula os alunos a conhecerem e a se orgulharem das riquezas culturais da região.

Além disso, busca fortalecer a identidade cultural dos estudantes, incentivando o orgulho de ser piauiense e contribuindo para a formação de cidadãos conscientes e engajados com sua comunidade.

O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, participou do encerramento da Feira, no sábado (28/10), a convite do diretor da escola, professor Clementino Siqueira.

O acadêmico disse que viu no Pro Campus o que gostaria de ver em todas as escolas do Piauí – um olhar sobre as riquezas piauienses, em todas as suas expressões.

O evento mobilizou toda a escola e as famílias participaram do encerramento.

O programa

O programa de encerramento foi aberto às 8h pela coordenadora pedagógica, professora Auxiliadora Araújo.

A seguir, houve apresentações culturais – Coral do Hino do Piauí e repentistas e visitação das estações (Salas Culturais):

Pátio da Escola: I Exposições culturais sobre o Piauí e mostra fotográfica;

Sala 01 – Curiosidades sobre o Estado;

Sala 02 – Vegetação do Piauí;

Sala 03 – Personalidades e autores piauienses;

Sala 04 – Turismo no Piauí – Amarante;

Sala 05 – Turismo no Piauí – Turismo no Estado – Belezas do Piauí;

Sala 07 – Economia do Piauí – Piauí em números;

Sala 08 – História do Piauí;

Sala 11 – Turismo no Piauí – Serra da Capivara (alunos do 5º ano);

Sala 3.0 – Avanços na tecnológicos no Piauí;

Secult realiza Conferências Intermunicipais de Cultura

A Secretaria Estadual de Cultura do Piauí está patrocinando as primeiras conferências intermunicipais de cultura, com o objetivo de discutir e escolher metas para as conferências estadual e nacional.

Nesta nova etapa, as conferências começaram dia 25 e se estendem até 30 de outubro. Elas representam uma oportunidade de artistas, produtores e gestores da cultura discutirem e avaliarem metas e sugestões para a política cultural do estado.

Acadêmicos visitam local da primeira fazenda do Piauí

O lugar Sobrado da Conceição, onde há vestígios da primeira fazenda de gado do Piauí, instalada há quase 350 anos, recebeu a visita dos presidentes da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares; do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, Fonseca Neto, e do acadêmico Felipe Mendes, economista e professor aposentado da UFPI.

Sobrado da Conceição fica no município de Bonfim do Piauí, a 560 quilômetros de Teresina, no Vale do Rio Piauí.

Histórico
Domingos Afonso Mafrense, primeiro desbravador do Piauí, chegou à região, vindo do Vale do São Francisco, em 1674, à procura de terras férteis para a criação de gado.

Ele instalou-se nas margens do rio Piauí, denominando a localidade de Fazenda Conceição.

Com a morte de Mafrense, em 1711, a fazenda foi doada aos jesuítas, que construíram no local o Sobrado da Conceição, cujas ruínas existem até hoje.

O presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, historiador e acadêmico Fonseca Neto, disse que o Sobrado da Conceição parece morto, mas está vivo e a desafiar os pesquisadores.

Os acadêmicos visitaram o local da antiga fazenda em companhia do prefeito de Bonfim do Piauí, Paulão (Paulo Henrique Viana), que os recebeu em companhia do vice-prefeito Paulo Henrique, do escritor Marcos Damasceno e de outros convidados, entre eles o professor Idelfonso Ribeiro e a professora Cristiana Alves, diretora do Colégio Gasparino Ferreira.

(Imagens: Luciano Klaus)

Rio Piauí, no município de Bonfim do Piauí.

Neste local, Sobrado da Conceição, no leito do Rio Piauí, existiu uma barragem.

Fonseca Neto fala sobre importância histórica do Sobrado da Conceição.

Brasil tem 500 séculos e não 500 anos, afirma historiador

O historiador e acadêmico Fonseca Neto afirmou que o povo brasileiro tem 500 séculos de história, e não apenas os 500 anos com os quais é comumente designado.

A tese, baseada nas pesquisas arqueológicas que vêm sendo desenvolvidas há 50 anos na Serra da Capivara, foi apresentada no Seminário Brasil em números, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no auditório da Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), em São Raimundo Nonato.

Conforme Fonseca Neto, que é doutor em Políticas Públicas e professor da Universidade Federal do Piauí, a história dos sujeitos originários, multimilenares, do Brasil é negada por que isso é uma forma de continuar matando e cancelando sentidos de sua experiência.

Membro da Academia Piauiense de Letras e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, ele elogiou a decisão do IBGE de realizar o Seminário Brasil em números e o lançamento da publicação correspondente no berço do homem americano.

“No Sertão do Brasil, no Piauí, equipes multidisciplinares de cientistas vêm demonstrando a ocorrência da presença humana. É fator de ambiência natural, paisagística, antropogênica, que qualifica o organismo aqui configurado historicamente”, argumentou.

As pesquisas são coordenadas pela arqueóloga Niéde Guidon.

O seminário

O evento foi realizado durante toda esta quinta-feira (28/09), com palestras, apresentação de artigos publicados no livro Brasil em números 2023 e discussão sobre os temas abordados.

Participaram do seminário a coordenadora nacional do Projeto Brasil em números, Isabela Torres; o superintendente do IBGE no Piauí, Leonardo Passos; técnicos e servidores do instituto; professores, estudantes e outros convidados.

O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, também se fez presente ao evento.

No final da tarde desta sexta-feira (29/09), o IBGE lança o Brasil em números 2023, no Museu da Natureza.

(Imagens: Luciano Klaus)

Historiador e acadêmico Fonseca Neto faz palestra no Seminário “Brasil em Números”, do IBGE.

O programa do Seminário do IBGE.

IBGE traz para o Piauí o “Projeto Brasil em Números”

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) instalou hoje (28/09), no auditório da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em São Raimundo Nonato, o Seminário Brasil em Números.

A abertura do evento foi feita pelo superintendente do IBGE no Piauí, Leonardo Passos, com a presença da jornalista e pesquisadora Isabela Torres, representante nacional do Instituto e organizadora do Projeto Brasil em Números; técnicos do órgão, professores, estudantes e outros convidados.

O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, participou da solenidade e destacou a importância das pesquisas do IBGE para a formulação de políticas públicas.

Como jornalista, o acadêmico citou também a contribuição dos trabalhos do instituto nas pautas diárias da imprensa para melhor informar à população.

O acadêmico e historiador Fonseca Neto, 1º secretário da APL, também participou da abertura. Ele é um dos palestrantes do evento.

Dados do Piauí

O superintendente do IBGE informou que o Censo 2022 coletou dados em 1,7 milhão de endereços no Piauí.

Os dados dão conta da existência de mais de 7 mil pessoas que se declararam indígenas e mais de 31 mil se declararam quilombolas no Estado.

Outros retratos do Piauí, relativos a emprego, saúde, renda e saneamento, por exemplo, serão disponibilizados a partir de agora pelo IBGE.

O evento vai se prolongar por todo o dia na Univasf, com palestras, apresentação de artigos e discussões.

Nesta sexta-feira (29), o IBGE lança, às 16h, no Museu da Natureza, a publicação anual Brasil em Números 2023, com informações atualizadas e análises de diversas áreas e aspectos da realidade brasileira.

(Imagens: Luciano Klaus)

Leonardo Passos, superintendente do IBGE no Piauí, na UNIVASF.

Isabela Torres, coordenadora do Projeto Brasil em Números.

Presidente da APL destaca importância do trabalho do IBGE.

Novo RG Digital vale por dez anos

A plataforma Gov.Pi Cidadão, que permite ao piauiense acessar serviços públicos do estado sem sair de casa, pode ser usada por meio de dois cadastros: o Gov.br ou o ID Piauiense.

Quem já possui o RG digital pode fazer login pelo ID Piauiense. Quem ainda não tem o RG Digital, pode emitir gratuitamente em alguns órgãos públicos do Piauí.

O RG Digital, também chamado de Carteira de Identidade Nacional (CIN), é um novo modelo do Registro Geral (RG) e adota o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).

O documento é válido em todo o país é uma versão mais moderna que o atual RG, pois permite reunir num só documento dados como o título de eleitor, numeração da carteira de trabalho e previdência social, carteira nacional de habilitação, NIS/PIS/Pasep e outros, como tipo sanguíneo, deficiências.

O atual modelo tem validade até 2032 e pode ser emitido na versão física e digital, que possuem o mesmo layout e segurança. A versão física, em papel, ou em policarbonato (plástico), atende a demanda daqueles que não possuem acesso à internet ou aparelhos como smartphones e computadores.

Já o documento em formato digital é obtido através do aplicativo gov.br, mas somente após a emissão da carteira física.

A primeira via ou atualização da carteira de identidade anterior, transformando-a em digital, é gratuita.

Para retirar o RG Digital, o cidadão deve comparecer presencialmente nos postos de Espaço da Cidadania nos municípios piauiense.

É necessário levar a certidão de nascimento ou de casamento originais com selo de verificação, CPF e comprovante de endereço.

IBGE realiza seminário e lança publicação no Piauí

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançará, nos dias 28 e 29 de setembro, no Piauí, a 31ª edição do Brasil em Números

O lançamento da publicação será precedido do Seminário Brasil em Números, a ser realizado no auditório da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em São Raimundo Nonato.

O projeto Brasil em Números é uma publicação anual, rica em informações e análises de diversas áreas e aspectos da realidade brasileira.

No livro são abordados temas como mercado de trabalho, habitação, saúde, meio ambiente, finanças públicas e participação política, entre outros.

A edição de 2023 conta com a participação de 12 professores, entre mestres e doutores da Universidade Federal do Piauí – UFPI.

Publicado continuamente desde 1992, o Brasil em Números tem seus exemplares estão disponíveis ao público na versão online, no formato de e-book, em português e inglês, o que amplia ainda mais a abrangência do projeto.

Museu da Natureza

Este ano, a obra homenageia o Museu da Natureza. Localizado na Serra da Capivara, no município de Coronel José Dias.

O Museu é mais um projeto fundamentado nas pesquisas da arqueóloga Niède Guidon. 

A obra foi desenvolvida pela Fundação do Museu do Homem Americano (Fumdham) e possui a curadoria de Marcello Dantas.

Inaugurado em dezembro de 2018, é dirigido pela professora Rosa Trakalo.

(Com informações do IBGE)

Museu da Natureza/Imagem: André Pessoa/Uol

Celso Barros Coelho, um mestre

Reginaldo Miranda (*)

Quando nasceu Celso Barros Coelho, em 11 de maio de 1922, o Brasil vivia o agitado clima político da disputa eleitoral pela presidência da República. Disputavam o comando da Nação Artur Bernardes, ex-governador de Minas Gerais e Nilo Peçanha, ex-governador do Rio e ex-presidente da República. O primeiro foi apoiado pelas oligarquias de São Paulo e Minas, seguindo a rígida cartilha da política café com leite. A ele, atribuíram-se cartas falsas que atacavam o marechal e ex-presidente da República Hermes da Fonseca, fato que desgastou seu relacionamento com os militares. O segundo possuía o apoio das oligarquias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia, cuja candidatura, lançada pelo movimento denominado “Reação Republicana”, procurou conquistar o voto das classes médias urbanas.

Eleito, Bernardes enfrentou forte oposição dos militares. Teve de governar em constante estado de sítio, cuja situação agravou-se com o fechamento do Clube Militar e a prisão de Hermes da Fonseca. O governo enfrentou problemas sucessórios em diversos estados, sendo gravíssima a situação no Maranhão, onde foi deposto o governador Raul Machado, em 25 de fevereiro daquele ano. O clima de discórdia e contestação dentro do Exército, culminou com a “Revolta dos 18 do Forte de Copacabana”, em 5 de julho do mesmo ano, visando impedir a posse do presidente eleito. Os revoltosos foram atacados pelos legalistas escapando com vida apenas os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. No Rio Grande do Sul, em 1923, dois candidatos declararam-se eleitos; reconheceu-se como governador Borges de Medeiros, depois de acirrada guerra civil. O clima de insatisfação desembocou no movimento tenentista de 1924, cujo desfecho no ano seguinte, foi a formação da Coluna Prestes, com a célebre marcha que varou o país, inclusive os sertões do Piauí e Maranhão. Reivindicavam voto secreto, liberdade de imprensa, independência do Judiciário e ampliação do poder do Estado.  Por fim, veio a “Revolução de 30” e as reformas que criaram a Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral, com as leis trabalhistas, o Código Eleitoral e a extensão de voto às mulheres.

No campo cultural, manifestações artístico-culturais realizadas no Teatro Municipal de São Paulo, entre 13 a 18 de fevereiro de 1922, denominadas Semana de Arte Moderna, lançaram definitivamente o Modernismo no Brasil, cuja essência já se desenhava nas artes plásticas na década anterior. Rompia-se com as escolas realista, parnasiana e romântica. Esse movimento favoreceu o aparecimento do romance moderno, inclusive de caráter regionalista mostrando nosso sertão como nunca antes. No Piauí, criara-se, cinco anos antes, a Academia Piauiense de Letras, em 1917; nessa ambiência, surgia também a Faculdade de Direito, em 1931, e a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em 1932.

Nesse ambiente político e cultural, Celso Barros Coelho viu a luz do sol pela primeira vez, na pequena e antiga vila de Pastos Bons, Sudeste do Maranhão. Era filho de Francisco Coelho de Sousa e Alcina Barros Coelho, tendo perdido o genitor ainda na meninice.

Iniciou as primeiras letras na terra natal, sob orientação da tia Maria de Lourdes Coelho, que o alfabetizou. Em 1931, frequentou as aulas da professora Heloísa de Gusmão Castelo Branco, que ali chegou oriunda de São Luís, provocando profunda impressão naquele “menino humilde e sonhador, nos seus nove anos”[2] de idade. No ano seguinte, frequentou as aulas da Escola Pessoa, na cidade de Picos, hoje Colinas, no Maranhão, de onde mudou-se para a cidade de Benedito Leite.

Não demorou, porém, a passar ao Piauí, primeiro para a vizinha cidade de Uruçuí, encostada no rio Parnaíba, onde em companhia de parentes prosseguiu nos estudos. Em 1938, mudou-se para a cidade de Teresina, dando vazão à sede de conhecimento que invadia sua alma e ao consequente aprimoramento intelectual. Matriculou-se no Seminário Menor, onde cursou o ensino ginasial, concluindo-o no Liceu Piauiense, em 1945. Cursaria o clássico no Colégio Diocesano São Francisco de Sales. Essa fase no Seminário foi importante para imiscuir-se na língua latina e no estudo dos clássicos. Desde então, passou a ler com certo método os principais autores de língua portuguesa, sem esquecer Camões e as traduções de Cervantes e Shakespeare, assim como importantes obras de Filosofia e os grandes pensadores do Brasil.

Com vocação para os estudos jurídicos, ingressou em 1949, na Faculdade de Direito do Piauí, alcançando o grau de bacharel no final de 1952, com pouco mais de 30 anos de idade. Em pouco tempo, por via de concurso público, emprega-se no cargo de procurador autárquico do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), hoje Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), no qual alcançou a aposentadoria. Desde então, inscreve-se na OAB, iniciando sua longa carreira de advogado. Porém, também seria aprovado em concursos públicos para os cargos de Juiz de Direito, Promotor de Justiça e Auditor Federal, os quais não chegou a assumir.

Desde 1945, para manter-se nos estudos, ingressou no magistério como professor do Colégio “Demóstenes Avelino”, levado pelo jovem mestre Amandino Teixeira Nunes, que ali lecionava. Naquele ano, também ali ingressou, como professor de Português, o professor M. Paulo Nunes, seu contemporâneo no Colégio Diocesano, fortalecendo uma amizade que durou por toda a vida. Naquela escola de ensino secundário, Celso Barros Coelho não demorou a enamorar-se da jovem Maria de Lourdes Freitas, filha do diretor-proprietário Felismino de Freitas Weser, com quem contraiu matrimônio, gerando três filhos, hoje todos bem situados na vida profissional[3]. Permanecendo no magistério, em 1958, vai lecionar a disciplina de Latim na Escola Normal “Antonino Freire”, vencendo o certame com a tese Da poesia latina na época de Augusto. Nesse tempo, assume as cátedras de Literatura Latina e Literatura Portuguesa na recém-fundada Faculdade de Filosofia do Piauí.

Em 1967, depois de lograr êxito em concurso público, assume a cátedra de Direito Civil da Faculdade de Direito do Piauí, a mesma em que se formara, depois integrada à Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde alcançou a aposentadoria compulsória em maio de 1992. Foi admitido por alguns anos como professor visitante na Universidade de Brasília (UnB); ali, ministrando a disciplina Direito Civil. Lecionou também nos cursos de Pós-Graduação da Escola de Magistratura do Estado do Piauí (ESMEPI) e Escola de Advocacia do Piauí (ESAPI), em cujas oportunidades fomos seu aluno. O Prof. Celso Barros fez nome no magistério piauiense, sobretudo no ensino jurídico, pela profundidade e segurança com que explanava as grandes teses jurídicas. Para ele, “o Direito Civil assume a primazia entre os demais ramos do Direito, por ser o mais ligado à pessoa humana, na sua individualidade e personalidade”[4]. Costumava ensinar que os advogados em início da carreira profissional devem seguir o exemplo dos mais velhos e experientes, entregando-se à leitura permanente para compreenderem o Direito e a grande responsabilidade que assumem perante a sociedade e os interesses populares[5].

Mesmo exercendo o magistério com paixão e entusiasmo, outra grande vocação foi a advocacia, em cuja atividade permaneceu em pleno exercício até à atualidade, por 70 anos. Civilista de largos recursos, ético e seguro, constitui-se num símbolo autêntico da advocacia piauiense, uma referência para todos nós. Nos anos de chumbo da ditadura militar, embora com seus direitos políticos injustamente cassados, presidiu a seccional piauiense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI) pelo período de onze anos, com pequenos interregnos, entre 1963 a 1974[6], transformando-a em trincheira da resistência democrática em terra mafrensina.

O senso de justiça, a intransigente luta pela liberdade e pela redenção dos povos, ele canalizou para a atividade política, outra de suas grandes vocações, militando com destaque no Partido Democrático Cristão (PDC), no Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e em seu sucedâneo, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em cuja legenda ainda permanece, tendo se afastado em breve interregno, por divergir de algumas ações então praticadas. Orador brilhante, de inteligência privilegiada, com exuberante cultura jurídica e humanística, Celso Barros empolgou as multidões em grandes comícios populares, sendo sempre bem votado na Capital e nas principais cidades do Piauí. Elegeu-se deputado estadual em 1962 e deputado federal em duas legislaturas (1975 – 1979 e 1983 – 1987). Na Câmara Federal, sua atuação foi das mais significativas e marcantes, participando ativamente dos grandes debates de interesse da nação. Estando então em evidência a elaboração de um novo Código Civil, o jurista e deputado Celso Barros foi convidado para relatar a parte concernente ao Direito das Sucessões, no que se houve com distinção.

Com a criação do Estado do Tocantins na Constituinte de 1988, foi convidado pelo novo governador Siqueira Campos, para ajudá-lo a implantar a nova unidade federativa, em cuja tarefa trabalhou assiduamente, responsabilizando-se pela elaboração do anteprojeto das principais leis.

Intelectual irrequieto, portador de vasta cultura, apreendida em longas horas de estudo, Celso Barros Coelho é autor de mais de uma dezena de livros, nos quais mostra a força de sua inteligência e a vastidão de seu conhecimento jurídico, entre os quais: Imunidades parlamentares (1964), O direito como razão e como história (1977), Jurisprudência como norma jurídica (1982), Confronto de ideais (1997), Darcy Ribeiro – educador e antropólogo (1997), Apelo aos valores (2003) e Perfis paralelos – juristas (2016), além de colaborador de dezoito verbetes na Enciclopédia Saraiva de Direito.

Para essas notas, vamos destacar Perfis paralelos. Nele, o intelectual estuda em quinze ensaios a vida, a obra, o pensamento, as ideias, a formação intelectual e a ideologia de importantes juristas de nossa pátria, enfocando a contribuição que deram à ciência do Direito. Talvez, essa obra seja inspirada nas Figuras do Direito, de San Tiago Dantas, a quem enaltece as características de civilista, político e humanista preocupado com a educação jurídica nacional. Enfoca em San Tiago Dantas, a preocupação com “a verdadeira formação jurídica, aquela que formará juristas para as tarefas da vida social”, “colocando o estudante não em face de um corpo de normas, de que se levanta uma classificação sistemática, como outra história natural, mas em face de controvérsias, de conflitos de interesses em busca de solução”. Acrescenta à sua leitura: “Só desse modo a educação jurídica poderá conceituar com clareza o seu fim, que é formar o raciocínio jurídico e guiar o seu emprego na solução de controvérsias”. Finalizando, afirma San Tiago no recorte de Barros: “O estudo das normas e instituições constituem segundo objetivo, absorvido no primeiro, e revelado ao longo do exame e discussão dos problemas”. Portanto, nesses estudos jurídicos Celso Barros Coelho vai buscar em seus biografados características que também realçam seu pensamento como professor e pensador da ciência jurídica com larga folha de serviços prestados à vida pública nacional.

Seus ensaios não são mero ajuntamento de datas e fatos, ao contrário, constituem-se oportunidade para acompanhar a formação intelectual e o legado de juristas do porte de Rui Barbosa, Paulo Bonavides, Francisco Amaral, Caio Mário da Silva Pereira, Washington de Barros Monteiro, Orlando Gomes, Coelho Rodrigues, Sousa Neto, Wilson Brandão, Cláudio Pacheco, San Tiago Dantas, Miguel Reale e Gérson de Britto Mello Bozon. Realça em cada um caraterísticas que ele próprio professa e que procura seguir como objetivo de vida em sua marcha como homem público e pensador da ciência e dos destinos da pátria.

Roberto Rosas, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, lembra que Celso Barros “é uma figura formada em humanidades, no sentido literal da palavra”; que “sua contribuição, assim, para o mundo acadêmico é reverberante”, “transitando entre a atividade política e a jurídica, como muitos outros bons juristas que querem ajudar a construir a legislação que ajudarão a fazer cumprir”, jamais se afastando “da docência querida e das publicações literárias nas quais se aventurou desde a poesia, arte e literatura até as críticas, análises e história”[7].

Na Academia Piauiense de Letras, ingressou no ano de 1967, onde até há pouco foi assíduo frequentador, dando tom ao debate acadêmico, ao lado de seu saudoso colega M. Paulo Nunes e alguns outros de sua geração literária. Presidiu o sodalício no período de 1998-1999, promovendo importantes realizações, como publicação de livros, lançamento de coleções e realização de ciclos de debates e conferências. Pertence a diversas outras instituições culturais, a exemplo do Instituto dos Advogados Brasileiros, Academia Piauiense de Letras Jurídicas e Instituto Luso-Brasileiro de Direito Comparado. Como reconhecimento por sua contribuição ao magistério, à advocacia e ao parlamento, recebeu diversas homenagens e condecorações.

Preocupado com a terra de nascença, em 2005, fundou a Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons, visando difundir cultura entre seus conterrâneos. Desde então promoveu ciclo de debates, a edição de livros e de um jornal literário, às suas expensas.

Celso Barros Coelho, estimado mestre de gerações, é nome de referência na política, no magistério, na literatura e na advocacia piauiense. Foi uma honra sermos seu aluno na escola formal, e ainda continuamos a sê-lo fora da escola. Com muito orgulho sentamos ao seu lado, como um de seus pares na Academia Piauiense de Letras.