APL empossa Diretoria para novo mandato

Imagens: APL/Ascom

Posse da Diretoria da APL para novo biênio

A Diretoria da Academia Piauiense de Letras foi empossada hoje (24/01) para um novo mandato de dois anos.

A Sessão Solene de Posse dos dirigentes da APL foi realizada no formato híbrido (presencial e virtual), com transmissão pelo canal da Academia no YouTube.

A Diretoria da APL é composta pelos acadêmicos Zózimo Tavares (presidente), Magno Pires (vice-presidente), Fides Angélica (secretária geral), Fonseca Neto (1º secretário), Dilson Lages (2º secretário) e Humberto Guimarães (tesoureiro).

Os acadêmicos elegeram a chapa de consenso por unanimidade. O mandato é para o biênio 2022/2023.

Em cumprimento ao regimento da APL, a decana Nerina Castelo Branco deu posse ao presidente, que empossou os demais dirigentes da instituição.

A sessão foi realizada no auditório Wilson Brandão, com frequência controlada e adoção dos cuidados sanitários.

Filme e presenças

Durante a sessão, foi exibido o filme “Sonho que saiu do papel”, documentário sobre a história da APL produzido pelo jornalista Luciano Klaus através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Equatorial Energia.

Os acadêmicos participaram da sessão nas duas modalidades. Além dos empossandos, estiveram presentes no auditório os acadêmicos Elmar Carvalho, Felipe Mendes, Francisco Miguel de Moura, Itamar Costa, Moisés Reis, Nerina Castelo Branco e Plínio Macedo.

Também estiveram presentes à sessao os acadêmicos eleitos Tony Batista e Carlos Evandro Martins Eulálio.

Através da sala virtual, participaram os acadêmicos Celso Barros, Jonathas Nunes, Luiz Ayrton Santos Júnior, Nelson Nery, Socorro Rios Magalhães, Valdeci Cavalcante e Wilson Brandão.

Autoridades

Entre as autoridades que prestigiaram o evento, o representante do governador Wellington Dias, Osmar Júnior, secretário de Governo; a presidente do Tribunal de Contas do Estado, Lilian Martins; o deputado federal Flávio Nogueira e o presidente da OAB-PI, Celso Barros Neto.

Secretário dá explicações sobre compra de livro

A Academia Piauiense de Letras recebeu hoje (11/01) ofício do secretário de Educação, professor Nouga Cardoso, com informações sobre pontos dos questionamentos feitos acerca da aquisição de 100 mil exemplares do livro “Teresina Educativo”, ao custo de R$ 6 milhões e 500 mil.

A compra está sendo averiguada pelo Tribunal de Contas do Estado.

A seguir, o ofício do secretário, cuja publicação foi solicitada pela sua assessoria, e o expediente encaminhado à SEMEC pela APL, no último dia 5:

Of SEMEC LIVRO

APL pede ao TCE suspensão de compra milionária de livro

A Academia Piauiense de Letras solicitou hoje (10/01) ao Tribunal de Contas do Estado, através de ofício, a imediata suspensão do processo de compra de 100 mil exemplares do livro “Teresina Educativa”, de autoria de Braulino Teófilo Filho, ao custo total de R$ 6 milhões e 500 mil.

No expediente protocolado no TCE, a Academia junta ofício encaminhado à Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), no último dia 5, no qual a instituição expressa sua estranheza e sua apreensão com a compra.

Autor piauiense sem vez

A Academia Piauiense de Letras informa que em agosto do ano passado enviou uma coleção de 20 (vinte) livros por ela editados, para uma avaliação técnica por parte dessa Secretaria Municipal de Educação, com o objetivo de possível adoção nas escolas municipais de tais obras (ou de parte delas).

Até a presente data, a APL não recebeu da parte da SEMEC qualquer resposta a propósito da referida iniciativa institucional.

A Academia informa, ainda, que editoras locais se encontram com livros de autores piauienses em análise na SEMEC/Teresina desde o início do ano de 2021, sem qualquer resposta.

“Enquanto isso, alardeia-se na mídia local notícia dando conta da aquisição por parte da SEMEC/Teresina, com dispensa de licitação e pelo elevado valor acima referido, de obra de autor não piauiense, sem notoriedade de expertise no cenário nacional ou mesmo estadual, conforme se infere de pesquisa realizada na rede mundial de computadores”, acentua a APL.

Apuração

Diante da gravidade da situação, a Academia solicitou “a imediata suspensão do processo aberto pela SEMEC-Teresina, especialmente do pagamento da referida compra, até o completo esclarecimento dos fatos, na forma do que vem sendo apurado pelo TCE-PI, de modo a evitar eventuais lesões ao erário e danos irreparáveis à educação e à cultura de Teresina”.

O caso está sendo averiguado pelo TCE através do processo TC/019374/2021, que tem como relator o conselheiro Kleber Eulálio.

 

 

 

Deputado destina emenda de R$ 100 mil à APL

Imagem: Alepi

Deputado Henrique Pires: compromisso com a cultura.

O deputado Henrique Pires (MDB) destinou emenda orçamentária no valor de R$ 100 mil à Academia Piauiense de Letras para o desenvolvimento de atividades da instituição.

Conforme o Plano de Trabalho apresentado pela APL, com os recursos serão realizados serviços de digitalização de acervo bibliográfico; atualização e manutenção do site da Academia e publicação do Boletim Informativo (físico e digital).

Os recursos destinados pelo deputado à Academia possibilitarão, ainda, a execução de serviços de acessibilidade à sede, adequação do auditório acadêmico Wilson Brandão e melhoria no serviço de som.

Novo acadêmico visita APL e agradece acolhida

Imagens: Ascom/APL

Fonseca Neto, Carlos Evandro, Zózimo Tavares e Magno Pires, na APL.

O professor Carlos Evandro Eulálio, eleito no sábado passado (18/18) para a Cadeira 38 da Academia Piauiense de Letras, fez hoje (22/12) visita de cortesia à instituição.

Ele foi agradecer a todos os acadêmicos a acolhida para figurar entre os membros da Casa de Lucídio Freitas, em votação consagradora, na qual recebeu 30 dos 32 votos registrados.

Carlos Evandro foi recebido pelos acadêmicos Zózimo Tavares (presidente), Magno Pires (vice-presidente) e Fonseca Neto (1º secretário).

O novo acadêmico

Carlos Evandro Martins Eulálio formou-se em Letras em 1973, pela Universidade Federal do Piauí.

É professor, latinista, linguista, crítico literário e escritor. Estudioso da obra do poeta Mário Faustino. Tem mestrado em Educação.

Publicou os livros “Mário Faustino Revisitado” (textos críticos e antologia comentada), pela Coleção Centenário, da APL (vol. 115); “Elementos de Língua Latina (Nova Aliança, 2013); “Latim Forense para Estudantes” (2009); “A Literatura Piauiense em Curso – Mário Faustino, Seleta Comentada” (APL/Corisco, 2000).

Carlos Evandro no Salão de Reuniões da APL com membros da Diretoria.

Acadêmicos reelegem Diretoria e escolhem novo imortal

Imagens: Ascom/APL

Apuração dos votos na eleição da APL

Os membros da Academia Piauiense de Letras reelegeram, neste sábado (18/12), a sua atual Diretoria para cumprir um novo mandato, no biênio 2022/2023.

Também escolheram o novo ocupante da Cadeira 38 e decidiram encaminhar para o segundo turno a definição sobre o futuro ocupante da Cadeira 12.

As eleições na APL

A Academia Piauiense de Letras é composta por 40 membros. Atualmente, quatro cadeiras estão vagas.

Dos 36 acadêmicos votantes, 32 compareceram à eleição de sábado.

Todos eles votaram pela recondução da Diretoria para um novo mandato, elegendo por unanimidade a chapa de consenso composta pelos atuais dirigente da entidade: Zózimo Tavares (presidente), Magno Pires (vice-presidente), Fides Angélica (secretária geral), Fonseca Neto (1º secretário), Dilson Lages (2º secretário) e Humberto Guimarães (1º secretário).

Cadeira 38

O professor Carlos Evandro Martins Eulálio, linguista e professor de Literatura, foi eleito para a Cadeira 38, vaga com o falecimento do escritor e acadêmico M. Paulo Nunes, ocorrido em outubro passado.

Ele concorreu pela segunda vez e obteve 30 votos. Dos seis candidatos que disputaram com ele, apenas um conseguiu voto, João José Bastos Lapa. Houve um voto em branco. Os demais candidatos à Cadeira 38, João Alves Filho, Kenard Kruel Fagundes dos Santos, Vinícius Macêdo Barreto de Negreiros, Roberto Muniz Dias e Herasmo Braga de Oliveira Brito não foram sufragados.

Cadeira 12

À Cadeira 12, vaga com a morte do acadêmico Wilson Carvalho Gonçalves, concorrem também sete candidatos: José Wellington Barroso de Araújo Dias, Jasmine Soares Ribeiro Malta, Antenor de Castro Rêgo Filho, Diego Mendes Sousa, Kenard Kruel Fagundes dos Santos, José Nunes Fernandes e João José Bastos Lapa. A candidata Jasmine Malta renunciou à sua candidatura.

Wellington Dias foi o mais votado, com 18 votos. O segundo colocado foi Antenor de Castro Rego, que conseguiu 9 votos. Diego Mendes Sousa obteve 4 votos e José Nunes Fernandes, um voto. Os demais não foram votados.

Segundo turno

Wellington Dias e Antenor Rego vão concorrer ao segundo turno, no próximo ano, pois faltou um voto a mais ao primeiro colocado para a eleição ser definida no primeiro turno.

O presidente da Comissão Eleitoral da APL, acadêmico Reginaldo Miranda, ex-presidente da entidade, disse que a eleição em segundo turno faz parte da rotina da Academia.

Ele destacou também o grande número de bons candidatos às eleições acadêmicas nestes dois últimos pleitos.

A eleição em segundo turno para a Cadeira 12 ainda será marcada pela APL.

Acadêmicos chegam à sede da APL para votação.
Acadêmicos aguardam apuração.

APL faz três eleições no próximo sábado, dia 18

Acadêmico Reginaldo Miranda, presidente da Comissão Eleitoral da APL.

A Academia Piauiense de Letras realiza três eleições no próximo sábado (18/12).

A primeira será para a escolha da nova Diretoria da entidade, com mandato para o biênio 2022-2023.

A segunda, para eleição do novo ocupante da Cadeira 38, vaga com o falecimento do escritor e acadêmico M. Paulo Nunes, ocorrido em outubro passado.

Na terceira eleição, haverá a escolha do futuro titular da Cadeira 12, aberta com o falecimento do escritor e acadêmico Wilson Carvalho Gonçalves, também em outubro.

Diretoria

Para a escolha da nova Diretoria, está inscrita chapa de consenso composta pelos atuais dirigentes da APL: Zózimo Tavares (presidente); Magno Pires (vice-presidente); Fides Angélica (secretária geral); Fonseca Neto (1º secretário); Dilson Lages (2º secretário) e Humberto Guimarães (tesoureiro).

Cadeira 38

À Cadeira 38 estão concorrendo, pela ordem de inscrição: Carlos Evandro Martins Eulálio, João Alves Filho, Kenard Kruel Fagundes dos Santos, Vinícius Macêdo Barreto de Negreiros, Roberto Muniz Dias, Herasmo Braga de Oliveira Brito e João José Bastos Lapa.

Cadeira 12

Já à Cadeira 12 concorrem, também pela ordem de inscrição: José Wellington Barroso de Araújo Dias, Jasmine Soares Ribeiro Malta, Antenor de Castro Rêgo Filho, Diego Mendes Sousa, Kenard Kruel Fagundes dos Santos, José Nunes Fernandes e João José Bastos Lapa.

Os acadêmicos podem votar antecipadamente. Alguns já fizeram isso. O presidente da Comissão Eleitoral, acadêmico Reginaldo Miranda, informou que a votação segue até às 11h de sábado, quando haverá a apuração e o anúncio dos resultados.

APL abre inscrições para a Cadeira de Assis Brasil

 

A Academia Piauiense de Letras publicou hoje (13/12) em seu site o edital abrindo inscrições à Cadeira 36, vaga com o falecimento do escritor e acadêmico Assis Brasil.

Conforme o edital, o prazo para as inscrições é de 30 dias. Com o recesso acadêmico regimental, o prazo de inscrições será interrompido e continuará com a abertura dos trabalhos da APL em 2022.

Os interessados deverão dirigir-se à Secretaria da APL (Avenida Miguel Rosa, 3300/Sul), no horário de 8h às 12h, através de requerimento dirigido ao Presidente, instruindo-o com exemplares de obras publicadas e curriculum vitae, com provas de naturalidade piauiense ou no referido Estado residir há mais de dez anos, conforme dispõem os arts. 1º e 7º, §§ 1º e 2º do Regimento Interno em vigor.

Eis o edital publicado pela APL:

Edital para o preenchimento da Cadeira 36 da APL

“Bandeirantes”, de Assis Brasil

Escritor e acadêmico Assis Brasil, autor de “Bandeirantes” e outras mais de 100 obras

    

Francisco Miguel de Moura (*)

                                                                                                      

                       Primeiro pensei em falar apenas sobre o livro “Bandeirantes – Os Comandos da Morte”, Editora Imago, Rio, 1999, Volume I da série “500 Anos da Descoberta do Brasil”.  São 224 pgs. da epopéia do bandeirismo. De Borba Gato a Garcia Pais, Raposo Tavares, Fernão Dias e muitos outros personagens da História, sem contar os inventados.

– Não! – disse comigo mesmo, pois não se deve dizer muito sobre o livro no dia do lançamento, é indiscrição. Sugerir sua leitura, sim, é melhor homenagem ao escritor.

Depois pensei em falar sobre o Autor, Francisco de Assis Almeida Brasil, ou somente ASSIS BRASIL. Mas lembrei-me logo: São 106 livros publicados, contando com “Bandeirantes”, marca até então somente superada, ao que sei, por Coelho Neto. A singularidade de sua construção romanesca foi outra alternativa que me ocorreu. Mas não calha bem para o momento. Uma análise merece paciência e tempo mais do que me é dado.

Situemos, pois, a contribuição de ASSIS BRASIL como escritor. Depois que Jorge Amado parou de produzir, quem seriam os melhores romancistas deste país? Citam-se Rubem Fonseca, Ana Miranda e Assis Brasil. Para meu gosto, o primeiro é um grande contista mas deixa muito a desejar como romancista. Ana Miranda escreveu três romances bons, mas anda longe de possuir a versatilidade de Assis Brasil, que é, sem dúvida, o maior escritor vivo e em exercício, levando-se em conta quantidade e qualidade, sem esconder que Assis Brasil é também o maior crítico literário que possui o Brasil.

Resta dizer o óbvio. Que saiu muito jovem de Parnaíba, onde nasceu, que enfrentou o mundo no peito e na raça, e venceu, continuando os estudos em Fortaleza, onde começa a trabalhar.  E que depois vai para o Rio, onde continua a luta maior, faz-se escritor, participa dos melhores grupos de sua geração, é vanguarda, e torna-se grande. Grande sem vaidade, sem orgulho tolo. Como homem realizado no ofício de escritor, vem-lhe o desejo natural de participar da Academia de Letras de seu Estado e vai eleito, assume, participa, aqui lança seus livros, aqui convive. Embora não tenha exatamente um espírito acadêmico.

Em se falando de Academia, permitam-me uma indiscrição. Na última carta que me fez, Assis Brasil informa: “Ontem fui à posse da Stella Leonardos na Academia Carioca de Letras. Ela é esforçada, quer sair da marginália, mas comete o erro de tentar se afirmar pela periferia…  A coisa é complicada. Passou 15 anos levando bolinhos e chás para os acadêmicos da ABL: Aurélio, Montelo, et caterva, e aplaudiam-na. Era uma festa. Quando se sentiu segura para candidatar-se a uma vaga – merecia – não entrou. Agora, o inexpressivo Murilo Melo Filho, bava-ovo do Bloch… Bem, a Stella teve um voto… Nem a prima Rachel votou nela.”

Depois da morte de Carlos Castelo Branco, nosso Estado ficou sem a representação que possuía na Academia Brasileira de Letras.  Assis Brasil bem merece participar da ABL. O falecimento de Dias Gomes abriu uma vaga. Creio que ele teria mais que o voto que teve minha amiga, a escritora Stella Leonardos. Assis Brasil merece muito mais, já venho dizendo e escrevendo há muito tempo. E por que não o Prêmio Nobel de Literatura para o Brasil e para Assis Brasil? Por que nasceu no Piauí, não merece? Merece, sim. Outros escritores brasileiros também merecem. Mas no momento seria oportuno e justo que alguma entidade cultural o lançasse.

Para nós, é uma alegria tê-lo como amigo, a Academia Piauiense de Letras se orgulha de tê-lo em seu quadro.  O Piauí deve orgulhar-se disto. Os brasileiros devem orgulhar-se da sua inteligência, capacidade e operosidade, do trabalho que faz para que a literatura cresça e prospere. Porque um povo sem literatura é um povo incompleto. Um povo com uma literatura fraca é um povo fraco. Uma língua sem literatura é uma língua fadada a morrer.

Numa época de dificuldades econômico-financeiras como a que atravessamos, é um milagre tanto estímulo para escrever, para publicar, e existir quem dispense tanta atenção como Assis Brasil dispensa à literatura e aos demais colegas, embora reconheça que muitos “coleguinhas” têm ciúme do seu sucesso e porque publica muito. Ora, ora, vão-se às capembas!

Não posso mencionar todos os livros que escreveu. Quanto a “Bandeirantes”, aviso que a introdução de ensaios didáticos, necessários, é bem elaborada. Tendo paciência, aprende-se. É neste ponto que lembramos de “Os Sertões”, com seus capítulos iniciais de geografia, geologia e ciências sociais, antes de entrar propriamente na epopéia de Canudos. E o livro Euclides da Cunha é padrão em nossa literatura.  Também não custa referir-me a uma obra internacional, “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera, que possui longa introdução teórico-filosófica. É a tendência universal, pós-moderna, do romance. Os romances históricos de Assis Brasil são assim, muito especialmente “Bandeirantes”.

Com base em historiadores de peso, uns mais criativos e outros mais anotativos, a Assis Brasil não lhe faltam boa matéria e imaginação. O imaginário para o romance histórico americano começa quando se sabe que não se sabe nada da origem dos povos primitivos da América, especialmente os do Brasil. Mas Assis Brasil investiga minuciosamente e coloca muitas perguntas de pé: se somos descendentes de asiáticos, dos atlantis, dos víquingues, dos fenícios, dos árabes ou autóctones. No final do capítulo introdutório, o Autor chega a uma conclusão. É quando escreve que “Ninguém, na realidade, sabe de onde viemos ou de onde se originaram os tupinambás (…)  …mas é simpático e curioso sabermos – talvez pelos desvãos mitológicos da História – que tupis e guaranis, em algum momento teriam exercido o papel de guarda-costeira dos vikings, do rio da Prata ao Amazonas e delta do Parnaíba. Na cidadezinha de Pedra do Sal, no Piauí, existiria um túnel viking, construído para a defesa da colônia e acesso a regiões mais seguras. Cremos que um dia será encontrado. No entanto, é estimulante para o romancista, cuja matéria prima é a imaginação, compartilhar da opinião de alguns pesquisadores que têm ligado a Àsia às Américas e seguido as pegadas dos enigmáticos migrantes, primeiro até a região central dos Estados Unidos, e depois até Monte Alegre, no Pará. Poderiam ter sido duas ‘pinças’ que, afinal, se encontraram. Mas, para os arqueólogos detalhistas, há diferença cultural entre os dois grupos a partir mesmo da ponta das flechas… Admitindo ainda os estudiosos do passado americano e brasileiro que poderiam existir outros povos nesse cadinho de especulação científica e histórica, resta saber quem eram os ‘intermediários’ entre os amazonenses e os norte-americanos.”

Por curiosidade, vão mais estas passagens, diante do que a gente se espanta com a crueldade daqueles homens, colonizadores e bandeirantes: a) –  Que Domingos Jorge Velho “recebeu francos elogios do arcebispo da Bahia por ter trazido, numa de suas entradas, 260 pares de orelhas de índios”;  b)  – que “os homens santos (jesuítas), em 1549, assistiram à cruel demonstração de força do comandante português (Governador Geral, Tomé de Sousa), ao estraçalhar, na boca dos canhões, o corpo de alguns índios velhos… e rebeldes”;  c) –  que “os membros da Companhia de Jesus, como José de Anchieta, diziam coisas tais como estas:  Para este gênero de gentes (os índios) não há melhor pregação do que espada e vara de ferro” .

“Bandeirantes”, de Assis Brasil, é um livro caleidoscópico no sentido próprio e no figurado, pois que apresenta seus personagens no presente, em ação.  Claro que se trata de  uma paráfrase, mas justo onde desponta a criatividade que falta à História, presa a documentos muitas vezes fictícios, forjados, apócrifos – especialmente a nossa. É justamente isto que se admira em Assis Brasil: não repetir-se na estruturação, enquanto escreve tanto, usando da técnica estilística da repetição. Forma, fórmula e fôrma. Assis é adepto da forma, abjura as fórmulas porque é criador, e da fôrma, nem falar, visto que quem a usa é o artesão. Primeiramente, como referi, vêm os ensaios. O romance começa mesmo lá pela pag. 71, com personagens da História que se transformam em personagens de romance, de drama, de tragédia. São eles João Ramalho, Borba Gato, Garcia Pais, Raposo Tavares, Fernão Dias Pais, Maria Betim, Maria Leite, Bartyra, Tanyyá, Tibiriçá, Brás Cubas e outros, em episódios diversos, sendo principais a fundação de São Paulo de Piratininga e Ipiroig.   Mas aí já é a estória da História, a qual nenhum bom apresentador  conta, quando muito aponta,  para que os leitores fiquem de água na boca.

Assis Brasil é um bandeirante das letras, no melhor sentido, enquanto caçador de pedras preciosas, com aquele ímpeto e a coragem indomável de quem sabe que busca o caminho da verdade, da beleza e das virtudes mais humanas.

Finalizando, refiro-me a um pequeno e comovedor episódio de “Bandeirantes”,  do capítulo “Estranho Leilão”.  O capitão Matias Cardoso e Fernão Dias Pais se encontram, descem de seus cavalos, abraçam-se e conversam sobre os entreveros com os índios mapaxós. Fernão Dias preocupa-se com os filhos José Dias e Garcia Pais e por um instante fica pensativo, coça a longa barba branca e diz que o primeiro “é veterano no combate e no matar”, mas Garcia Pais, embora animado, é inexperiente. Terá coragem de matar no fragor da batalha, mas, a sangue frio, que acontecerá? E se, chegado o momento, ele fracassar?

Matias Cardoso, entretanto, lhe assegura que Garcia Pais matará, “se é que já não matou”.  E acrescenta que o menino traz essa vocação no sangue.

Mas, inconformado, Fernão Dias contrapõe: – “Sei que não é hora nem tempo para tal assunto, primo Matias. Nunca conversaria sobre isso com Borba Gato ou com José Dias. Eles já estão macerados pelo que viveram e presenciaram de violência e de matança. O meu jovem Garcia Pais, sei, tem algo que os outros não têm… ou que já tiveram. É o lado bom da mãe dele. Não, não gostaria de vê-lo perder a face de misericórdia e de perdão. Tampouco posso dizer isso para Garcia Pais. Tenho me feito durão, frio, calculista perante ele. É que já fui como meu filho…”

Para os que acham que a arte não tem nada a ver com a moral,  o episódio do romance de Assis Brasil sirva de lição. Até àqueles homens turbulentos, cruéis, assassinos, o remorso chega pela pena do romancista:  é uma luz na escuridão dos  espíritos.

Esta foi a minha leitura, vocês farão outras, certamente. A literatura é o reino da liberdade. E o romance é o melhor gênero para exercê-la. Leiam o romance de Assis Brasil, é a melhor homenagem que podemos prestar a um autor.

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* Francisco Miguel de Moura é escritor e membro da APL. Apresentação de “Bandeirantes” na Academia Piauiense de Letras.

Governador faz visita de cortesia à APL

Imagens: Jairo Moura

O governador Wellington Dias fez visita de cortesia, ontem (27/11), à Academia Piauiense de Letras, onde foi recebido por toda a diretoria e vários acadêmicos.

Ele agradeceu a contribuição da APL ao Estado, através da publicação das coleções “Centenário” (com 150 títulos) e “Século 21” (com 60 títulos) e de várias outras iniciativas literárias e culturais.

Também lembrou que já esteve na sede da Academia em vários momentos, como em solenidades de posse, conferências e lançamentos de livros.

O presidente da APL, Zózimo Tavares, agradeceu a visita em nome dos acadêmicos e apresentou um breve balanço das atividades da instituição.

Ele citou entre as principais a vitória da Academia pela inclusão do Ensino de Literatura Piauiense nas escolas públicas e privadas como disciplina obrigatória, a partir de 2022.

O governador recebeu um kit de obras lançadas pela APL, incluindo “Trechos do Meu Caminho”, livro de memórias do ex-governador e ex-senador Leônidas Melo, e a última revista da Academia.

APL elege o padre Tony Batista para Cadeira 22

Padre Tony (ao centro) na APL para agradecer eleição.

A Academia Piauiense de Letras elegeu hoje (27/11) o padre Tony Batista para ocupar a Cadeira 22, vaga com o falecimento do acadêmico Nildomar da Silveira Soares, ocorrido em agosto passado.

O anúncio do resultado do pleito foi feito no final da manhã pelo presidente da Comissão Eleitoral da APL, acadêmico Reginaldo Miranda.

Dos 31 votos computados, o padre Tony recebeu 27. Foram registrados um voto em branco e um nulo.

Como de praxe, o candidato eleito foi à Academia após a proclamação do resultado pelo presidente, Zózimo Tavares, para agradecer a sua acolhida no sodalício.

O advogado Sérgio Silveira, filho do desembargador e acadêmico Nildomar, acompanhou na sede da APL o anúncio do resultado e disse que a família estava satisfeita com a eleição do padre Tony.

O novo acadêmico

Antônio Soares Batista, o padre Tony, é vigário-geral da Arquidiocese de Teresina, professor universitário, jornalista, radialista escritor e orador sacro.

Formou-se em Filosofia pela Universidade Católica de Salvador e fez mestrado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Especializou-se em Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica de Santiago do Chile e fez curso de francês na Sorbone (França).

Na Arquidiocese de Teresina, exerceu, entre outras funções, as de pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima (de 1975 a 2000), vigário episcopal para as Comunicações e Ação Social e de professor de Teologia.

Desde a juventude, tem uma atuação intensa nos meios de comunicação: rádio jornal, televisão, revista e, agora, nas mídias sociais.

Diretor da ASA (Ação Social Arquidiocesana) e presidente da Fundação Dom Avelar Brandão Vilela, mantenedora da Rádio Pioneira de Teresina.

Bibliografia

Três obras do e sobre padre Tony foram lançadas recentemente: “Frutos de Fátima, uma Paróquia Santa”, sobre a primeira paróquia de Teresina à margem direita do rio Poty, na expansão da capital para a zona Leste; o livro-álbum “Memórias de um Peregrino”, com os registros de dezenas de 30 viagens suas à Terra Santa, e a autobiografia “Padre Tony – o irmão mais velho”.

Comissão Eleitoral da Academia apura os votos.

 

Comissão Eleitoral da Academia apura os votos.

Sérgio Silveira acompanha anúncio do resultado da eleição na APL.

Sai edital para preenchimento da Cadeira 22

A Academia Piauiense de Letras publicou, ontem (12/10), o edital abrindo inscrições à Cadeira 22, vaga com o falecimento do acadêmico Nildomar da Silveira Soares, em 22 de agosto passado.

O edital saiu na página 2 do Caderno “Em dia”, do jornal O DIA.

O 1º secretário da APL, acadêmico Fonseca Neto, informou que o prazo para inscrição é de 30 dias e começa a contar a partir da data da publicação do edital.

Nesse período, os interessados deverão entregar à Secretaria da APL, na sede da instituição (Av. Miguel Rosa, 3.300 – Sul), requerimento encaminhado ao presidente solicitando a inscrição.

O requerimento deve estar acompanhado de currículo do interessado e de exemplares de suas obras já publicadas.

Edital abre inscrição à Cadeira 22 da APL (jornal  O DIA – 12/10/21)