Secretário dá explicações sobre compra de livro

A Academia Piauiense de Letras recebeu hoje (11/01) ofício do secretário de Educação, professor Nouga Cardoso, com informações sobre pontos dos questionamentos feitos acerca da aquisição de 100 mil exemplares do livro “Teresina Educativo”, ao custo de R$ 6 milhões e 500 mil.

A compra está sendo averiguada pelo Tribunal de Contas do Estado.

A seguir, o ofício do secretário, cuja publicação foi solicitada pela sua assessoria, e o expediente encaminhado à SEMEC pela APL, no último dia 5:

Of SEMEC LIVRO

APL pede ao TCE suspensão de compra milionária de livro

A Academia Piauiense de Letras solicitou hoje (10/01) ao Tribunal de Contas do Estado, através de ofício, a imediata suspensão do processo de compra de 100 mil exemplares do livro “Teresina Educativa”, de autoria de Braulino Teófilo Filho, ao custo total de R$ 6 milhões e 500 mil.

No expediente protocolado no TCE, a Academia junta ofício encaminhado à Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), no último dia 5, no qual a instituição expressa sua estranheza e sua apreensão com a compra.

Autor piauiense sem vez

A Academia Piauiense de Letras informa que em agosto do ano passado enviou uma coleção de 20 (vinte) livros por ela editados, para uma avaliação técnica por parte dessa Secretaria Municipal de Educação, com o objetivo de possível adoção nas escolas municipais de tais obras (ou de parte delas).

Até a presente data, a APL não recebeu da parte da SEMEC qualquer resposta a propósito da referida iniciativa institucional.

A Academia informa, ainda, que editoras locais se encontram com livros de autores piauienses em análise na SEMEC/Teresina desde o início do ano de 2021, sem qualquer resposta.

“Enquanto isso, alardeia-se na mídia local notícia dando conta da aquisição por parte da SEMEC/Teresina, com dispensa de licitação e pelo elevado valor acima referido, de obra de autor não piauiense, sem notoriedade de expertise no cenário nacional ou mesmo estadual, conforme se infere de pesquisa realizada na rede mundial de computadores”, acentua a APL.

Apuração

Diante da gravidade da situação, a Academia solicitou “a imediata suspensão do processo aberto pela SEMEC-Teresina, especialmente do pagamento da referida compra, até o completo esclarecimento dos fatos, na forma do que vem sendo apurado pelo TCE-PI, de modo a evitar eventuais lesões ao erário e danos irreparáveis à educação e à cultura de Teresina”.

O caso está sendo averiguado pelo TCE através do processo TC/019374/2021, que tem como relator o conselheiro Kleber Eulálio.

 

 

 

ARTIGO: Modernismo & Vanguarda

Imagens: APL

                                        Por Francisco Miguel de Moura*

Desde o primeiro ao último estudo do livro de Paulo Nunes, cujo título encima este trabalho, é um repositório de comentários sobre temas e livros que devem ser lidos, meditados, discutidos e, como ele próprio fez, comentados na rua, nas instituições literárias, no jornal, ou onde mais haja tempo e condição. Creio que é esta a razão do livro.

Antes de entrar nalguns detalhes, quero dizer que Paulo Nunes escreve bem, correntemente bem, coerentemente bem. Portanto, dá gosto lê-lo, mesmo que não o aprovemos em algum ponto, em algum ponto ou ponto vírgula. Seria elogio dizer que um professor escreve bem, sabe escrever? Talvez não, se com isto quiséssemos apenas referir à gramática. Mas nós falamos aqui de estilo. E aí já é literatura, crítica literária. M. Paulo Nunes é realmente um crítico de verdade, de peso, de confiança, desde quando se refere aos clássicos da nossa ou de outras literaturas até quando comenta os piauienses.

Dito o geral, agora passemos às miudezas.

Gostei de encontrar um capítulo de “Autores e Temas Piauienses”, o penúltimo do livro, com os seguintes artigos: “Lucídio Freitas”, “A Poesia Popular de João Ferry”, “Uma Página Esquecida de Da Costa e Silva”, “Ginásio Frei Henrique”, “Memória da Faculdade de Filosofia”, “Poetas Piauienses”, “História da Educação no Piauí”, “Clodoaldo Freitas”, “A Literatura Piauiense e a Crítica Nacional” e “Despedidas”. São 10 artigos que o absolvem da pecha de não tentar familiarizar-se com a juventude escritora de sua terra.

No sexto artigo da série, cita H. Dobal e Hardi Filho entre os poetas consagrados e, entre os novos, Carvalho Neto, Cinéas Santos, Graça Vilhena e Marleide Lins. Eu, apesar de não vir em nenhum dos grupos, considero um balanço razoável e uma crítica importante ao livro “Baião de Todos”, de cuja antologia participei com alguns poemas, por convite do editor. A falta de citação, “não importando em nenhum desapreço”, conforme referiu M. Paulo Nunes, claramente representa a escolha de gosto do crítico e sua independência, o que é, sem dúvida, louvável.

Com relação a outro artigo, “A Literatura Piauiense e a Crítica Nacional”, quando essa matéria saiu no jornal tive a oportunidade de referenciá-la, mas não fui bem entendido ou não me fiz entender, razão por que seria extemporâneo estender-me aqui, exceto que o considero uma grande peça crítica.

Já “Uma Página Esquecida de Da Costa e Silva” tem sabor todo especial. É através de M. Paulo Nunes que a Academia Piauiense de Letras toma conhecimento e adquire o texto do discurso de Da Costa e Silva ao assumir sua cadeira na “Casa de Lucídio Freitas“, em janeiro de 1923, no qual faz o elogio de seu patrono, o Pe. Leopoldo Damasceno Ferreira. Embora o escritor Cristino Castelo Branco houvesse escrito que o discurso de Da Costa e Silva tinha sido publicado na “Revista da Academia”, no ano seguinte, na verdade houve uma suposição da parte do informante, pois ali nem alhures a peça oratória foi encontrada. Por isto vinha causando espécie aos pesquisadores, historiadores e acadêmicos em geral. A crítica é também para essas descobertas, esses achados bibliográficos.

Na verdade, não sinto nenhuma melancolia em falar da literatura do Piauí, do Brasil ou de qualquer lugar. Na literatura, o que importa é a obra, como ela é (se boa, forte, vigorosa, segura, nova, inovadora, etc. etc.). Não importa o lugar onde ela foi produzida. Isto de chamar literatura daqui ou dali é apenas uma forma didática de arrumar umas coisas para distinguir outras. Literatura é literatura, é a obra bem escrita, criativa, transmissora de emoções, conhecimentos expressivos e qualidade linguística. Portanto, também boa para ser lida. Agora, para nós outros que não somos críticos alinhados ao estruturalismo, que somos críticos ainda considerados impressionistas – que eu teimo, porém, em denominar de expressionistas – penso que a vida do autor deve ter algum interesse porque ela se reflete inelutavelmente na obra. Aí a crítica se completa. É ler e sentir a obra, escolher e tentar decifrá-la, encaminhando o leitor para sua leitura produtiva. E como encaminhá-lo? Entregando-lhe alguns trechos considerados mais expressivos, indicando caminhos de leitura, ou seja, o texto. Primeiramente o texto, é claro. Mas também o contexto (dentre o qual a vida do autor é o mais importante). E só a integração texto-contexto pode ajudar o crítico a resolver como escreverá seu metatexto, seu “intertexto”, seu “intratexto”.  Registre-se que estas duas últimas palavras são novas na crítica.

Manoel Paulo Nunes faz interessante a crítica didática, em texto vivo, apaixonado, cheio de observações e notas (que podem ser biográficas ou não). Para mim, uma crítica expressionista.  Por isto mesmo desperta o gosto da leitura. E não seria este o primeiro dever do crítico?

Por todas essas razões, “MODERNISMO & VANGUARDA”, de M. Paulo Nunes, é um livro que deveria estar em todas as bibliotecas do Estado e do país.

(*) Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador, ocupa a Cadeira 8 da APL.Publicado originalmente no jornal “Meio Norte”, 3-11-2000.

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Paulo Nunes, autor de “Modernismo & Vanguarda”, na APL.

Deputado destina emenda de R$ 100 mil à APL

Imagem: Alepi

Deputado Henrique Pires: compromisso com a cultura.

O deputado Henrique Pires (MDB) destinou emenda orçamentária no valor de R$ 100 mil à Academia Piauiense de Letras para o desenvolvimento de atividades da instituição.

Conforme o Plano de Trabalho apresentado pela APL, com os recursos serão realizados serviços de digitalização de acervo bibliográfico; atualização e manutenção do site da Academia e publicação do Boletim Informativo (físico e digital).

Os recursos destinados pelo deputado à Academia possibilitarão, ainda, a execução de serviços de acessibilidade à sede, adequação do auditório acadêmico Wilson Brandão e melhoria no serviço de som.

Diretoria faz a primeira reunião de 2022

Reunião da Diretoria da APL

A Diretoria da Academia Piauiense de Letras fez hoje (5/01) a sua primeira reunião do ano de 2022.

Os dirigentes da APL apresentaram relatórios de suas respectivas diretorias ao longo dos últimos dois anos.

As ações da APL desenvolvidas no atual biênio serão condensadas em um Relatório de Atividades que será publicado no final deste mês.

A Academia está em recesso regimental, mas na próxima semana a Diretoria volta a se reunir para planejar as ações da nova gestão.

Participaram da reunião desta quarta-feira os acadêmicos Zózimo Tavares (peresidente), Magno Pires (vice-presidente), Fides Angélica (secretária geral), Fonseca Neto (1º secretário) e Humberto Guimarães (tesouteiro).

A Diretoria da APL foi reeleita por unanimidade para um novo mandato, no biênio 2022/2023.