APL presta homenagem póstuma a Celso Barros

A memória do acadêmico, jurista e professor Celso Barros Coelho foi reverenciada, neste sábado (19/11), pela Academia Piauiense de Letras (APL), onde ele ocupou a Cadeira 39, sendo o presidente da entidade no período de 1998 a 2000.

O panegírico de Celso Barros Coelho, falecido em 10 de julho passado, aos 101 anos de idade, foi realizado em sessão da Academia instalada no auditório da Nova ESA (Escola Superior de Advocacia), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Piauí.

O orador da sessão, presidida pelo acadêmico Zózimo Tavares, foi o escritor e acadêmico Oton Lustosa, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Piauí.

Ele discorreu sobre a vida e a trajetória profissional do homenageado, começando pela sua infância pobre, no interior do Piauí; a passagem pelo seminário e o ingresso no magistério, como professor de português, francês, grego e latim; até alcançar posições de destaque como jurista, docente universitário, político e intelectual.

“Na advocacia foi um gigante. Já ouviram os senhores e as senhoras que ele, ainda jovem advogado, notabilizou-se pelas defesas no júri que fez Piauí afora”, destacou o orador.

Na política

Oton Lustosa lembrou também a cassação de seu mandato de deputado estadual pelo regime militar de 1964 e seu retorno à atividade política, dez anos depois, como deputado federal.

“No exercício de seus mandatos eletivos, na Câmara dos Deputados, revelou-se um parlamentar operoso, combativo, requisitado pelo parlamento para o debate dos temas mais complexos da República. Integrou a Comissão de Constituição e Justiça, o colegiado mais expressivo da Câmara Federal. Mercê de sua condição de jurista, dotado de invejável preparo intelectual, foi-lhe confiada uma subrrelatoria do projeto de lei do maior estatuto de Direito Privado de nosso País, o Código Civil Brasileiro, cabendo-lhe a parte correspondente ao Direito das Sucessões”, destacou.

Na Academia

O orador observou que Celso Barros tinha relação de afetividade com a Academia Piauiense de Letras; a ela se referia com ufanismo e bem-querer. Era frequentador assíduo das sessões ordinárias aos sábados, e nas sessões solenes, muitíssimas foram as vezes em que a ele coube representar o sodalício, proferindo palestras, conferências ou discursos de recepção a acadêmicos neófitos ou de saudação a visitantes ilustres. Sobre ela escreveu vários artigos, destacando-se um substancioso ensaio histórico que publicou em 1992, por ocasião dos 75 anos de fundação da referida Casa de Letras.

Também produziu uma variada bibliografia, de que são referência obras como Homens de ideias e de ação, Perfis paralelos, Confronto de ideias, Política: tempo e memória, Memórias de Pastos Bons, Tempo e memória: Pastos Bons, Crônicas e perfis.

Agradecimento

O presidente da OAB-PI, Celso Barros Coelho Neto, falou em nome da família, agradecendo a homenagem da Academia.

Em discurso de improviso, lembrou momentos alegres e emocionantes da convivência com o avô.

À sessão estiveram presentes, além de acadêmicos, advogados e outros convidados, como o reitor da Universidade Federal do Piauí, Gildásio Guedes; o secretário municipal de Educação, Nouga Cardoso, representando o prefeito de Teresina; ex-senador Elmano Férrer e o ex-deputado federal Jesus Tajra, eleito para a Cadeira 39 da APL.

Estiveram presentes também a viúva de Celso Barros, dona Antônia Campelo, e sua filha Karine Barros.

A Academia Campomaiorense de Letras e Artes foi representada pelo acadêmico Ernani Napoleão e a Academia de Letras da Região Valenciana pelo seu presidente, Paiva Igreja.

A sessão foi transmitida simultaneamente pelos canais da OAB-PI e da APL no YouTube. Veja aqui:

Imagens: Jairo Moura/APL

APL realiza panegírico de Celso Barros no sábado

O panegírico do advogado, professor e acadêmico Celso Barros Coelho será realizado pela Academia Piauiense de Letras no próximo sábado (18/11).

A Sessão da Saudade será realizada no auditório da Nova ESA (Escola Superior da Advocacia), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Piauí (Rua Tibério Nunes, S/N, bairro Cabral), a partir das 10 horas.

O orador oficial da cerimônia será o acadêmico Oton Lustosa.

O homenageado

Celso Barros Coelho ocupava a Cadeira 39 da APL e faleceu em 10 de julho passado, aos 101 anos de idade.

Ele foi advogado, professor e escritor. Presidiu a secional piauiense da OAB e a Academia Piauiense de Letras.

Foi também político, tendo exercido os mandatos de deputado estadual (cassado pelo regime militar de 1964) e de deputado federal.

Celso Barros Coelho, um mestre

Reginaldo Miranda (*)

Quando nasceu Celso Barros Coelho, em 11 de maio de 1922, o Brasil vivia o agitado clima político da disputa eleitoral pela presidência da República. Disputavam o comando da Nação Artur Bernardes, ex-governador de Minas Gerais e Nilo Peçanha, ex-governador do Rio e ex-presidente da República. O primeiro foi apoiado pelas oligarquias de São Paulo e Minas, seguindo a rígida cartilha da política café com leite. A ele, atribuíram-se cartas falsas que atacavam o marechal e ex-presidente da República Hermes da Fonseca, fato que desgastou seu relacionamento com os militares. O segundo possuía o apoio das oligarquias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia, cuja candidatura, lançada pelo movimento denominado “Reação Republicana”, procurou conquistar o voto das classes médias urbanas.

Eleito, Bernardes enfrentou forte oposição dos militares. Teve de governar em constante estado de sítio, cuja situação agravou-se com o fechamento do Clube Militar e a prisão de Hermes da Fonseca. O governo enfrentou problemas sucessórios em diversos estados, sendo gravíssima a situação no Maranhão, onde foi deposto o governador Raul Machado, em 25 de fevereiro daquele ano. O clima de discórdia e contestação dentro do Exército, culminou com a “Revolta dos 18 do Forte de Copacabana”, em 5 de julho do mesmo ano, visando impedir a posse do presidente eleito. Os revoltosos foram atacados pelos legalistas escapando com vida apenas os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. No Rio Grande do Sul, em 1923, dois candidatos declararam-se eleitos; reconheceu-se como governador Borges de Medeiros, depois de acirrada guerra civil. O clima de insatisfação desembocou no movimento tenentista de 1924, cujo desfecho no ano seguinte, foi a formação da Coluna Prestes, com a célebre marcha que varou o país, inclusive os sertões do Piauí e Maranhão. Reivindicavam voto secreto, liberdade de imprensa, independência do Judiciário e ampliação do poder do Estado.  Por fim, veio a “Revolução de 30” e as reformas que criaram a Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral, com as leis trabalhistas, o Código Eleitoral e a extensão de voto às mulheres.

No campo cultural, manifestações artístico-culturais realizadas no Teatro Municipal de São Paulo, entre 13 a 18 de fevereiro de 1922, denominadas Semana de Arte Moderna, lançaram definitivamente o Modernismo no Brasil, cuja essência já se desenhava nas artes plásticas na década anterior. Rompia-se com as escolas realista, parnasiana e romântica. Esse movimento favoreceu o aparecimento do romance moderno, inclusive de caráter regionalista mostrando nosso sertão como nunca antes. No Piauí, criara-se, cinco anos antes, a Academia Piauiense de Letras, em 1917; nessa ambiência, surgia também a Faculdade de Direito, em 1931, e a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em 1932.

Nesse ambiente político e cultural, Celso Barros Coelho viu a luz do sol pela primeira vez, na pequena e antiga vila de Pastos Bons, Sudeste do Maranhão. Era filho de Francisco Coelho de Sousa e Alcina Barros Coelho, tendo perdido o genitor ainda na meninice.

Iniciou as primeiras letras na terra natal, sob orientação da tia Maria de Lourdes Coelho, que o alfabetizou. Em 1931, frequentou as aulas da professora Heloísa de Gusmão Castelo Branco, que ali chegou oriunda de São Luís, provocando profunda impressão naquele “menino humilde e sonhador, nos seus nove anos”[2] de idade. No ano seguinte, frequentou as aulas da Escola Pessoa, na cidade de Picos, hoje Colinas, no Maranhão, de onde mudou-se para a cidade de Benedito Leite.

Não demorou, porém, a passar ao Piauí, primeiro para a vizinha cidade de Uruçuí, encostada no rio Parnaíba, onde em companhia de parentes prosseguiu nos estudos. Em 1938, mudou-se para a cidade de Teresina, dando vazão à sede de conhecimento que invadia sua alma e ao consequente aprimoramento intelectual. Matriculou-se no Seminário Menor, onde cursou o ensino ginasial, concluindo-o no Liceu Piauiense, em 1945. Cursaria o clássico no Colégio Diocesano São Francisco de Sales. Essa fase no Seminário foi importante para imiscuir-se na língua latina e no estudo dos clássicos. Desde então, passou a ler com certo método os principais autores de língua portuguesa, sem esquecer Camões e as traduções de Cervantes e Shakespeare, assim como importantes obras de Filosofia e os grandes pensadores do Brasil.

Com vocação para os estudos jurídicos, ingressou em 1949, na Faculdade de Direito do Piauí, alcançando o grau de bacharel no final de 1952, com pouco mais de 30 anos de idade. Em pouco tempo, por via de concurso público, emprega-se no cargo de procurador autárquico do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), hoje Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), no qual alcançou a aposentadoria. Desde então, inscreve-se na OAB, iniciando sua longa carreira de advogado. Porém, também seria aprovado em concursos públicos para os cargos de Juiz de Direito, Promotor de Justiça e Auditor Federal, os quais não chegou a assumir.

Desde 1945, para manter-se nos estudos, ingressou no magistério como professor do Colégio “Demóstenes Avelino”, levado pelo jovem mestre Amandino Teixeira Nunes, que ali lecionava. Naquele ano, também ali ingressou, como professor de Português, o professor M. Paulo Nunes, seu contemporâneo no Colégio Diocesano, fortalecendo uma amizade que durou por toda a vida. Naquela escola de ensino secundário, Celso Barros Coelho não demorou a enamorar-se da jovem Maria de Lourdes Freitas, filha do diretor-proprietário Felismino de Freitas Weser, com quem contraiu matrimônio, gerando três filhos, hoje todos bem situados na vida profissional[3]. Permanecendo no magistério, em 1958, vai lecionar a disciplina de Latim na Escola Normal “Antonino Freire”, vencendo o certame com a tese Da poesia latina na época de Augusto. Nesse tempo, assume as cátedras de Literatura Latina e Literatura Portuguesa na recém-fundada Faculdade de Filosofia do Piauí.

Em 1967, depois de lograr êxito em concurso público, assume a cátedra de Direito Civil da Faculdade de Direito do Piauí, a mesma em que se formara, depois integrada à Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde alcançou a aposentadoria compulsória em maio de 1992. Foi admitido por alguns anos como professor visitante na Universidade de Brasília (UnB); ali, ministrando a disciplina Direito Civil. Lecionou também nos cursos de Pós-Graduação da Escola de Magistratura do Estado do Piauí (ESMEPI) e Escola de Advocacia do Piauí (ESAPI), em cujas oportunidades fomos seu aluno. O Prof. Celso Barros fez nome no magistério piauiense, sobretudo no ensino jurídico, pela profundidade e segurança com que explanava as grandes teses jurídicas. Para ele, “o Direito Civil assume a primazia entre os demais ramos do Direito, por ser o mais ligado à pessoa humana, na sua individualidade e personalidade”[4]. Costumava ensinar que os advogados em início da carreira profissional devem seguir o exemplo dos mais velhos e experientes, entregando-se à leitura permanente para compreenderem o Direito e a grande responsabilidade que assumem perante a sociedade e os interesses populares[5].

Mesmo exercendo o magistério com paixão e entusiasmo, outra grande vocação foi a advocacia, em cuja atividade permaneceu em pleno exercício até à atualidade, por 70 anos. Civilista de largos recursos, ético e seguro, constitui-se num símbolo autêntico da advocacia piauiense, uma referência para todos nós. Nos anos de chumbo da ditadura militar, embora com seus direitos políticos injustamente cassados, presidiu a seccional piauiense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI) pelo período de onze anos, com pequenos interregnos, entre 1963 a 1974[6], transformando-a em trincheira da resistência democrática em terra mafrensina.

O senso de justiça, a intransigente luta pela liberdade e pela redenção dos povos, ele canalizou para a atividade política, outra de suas grandes vocações, militando com destaque no Partido Democrático Cristão (PDC), no Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e em seu sucedâneo, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em cuja legenda ainda permanece, tendo se afastado em breve interregno, por divergir de algumas ações então praticadas. Orador brilhante, de inteligência privilegiada, com exuberante cultura jurídica e humanística, Celso Barros empolgou as multidões em grandes comícios populares, sendo sempre bem votado na Capital e nas principais cidades do Piauí. Elegeu-se deputado estadual em 1962 e deputado federal em duas legislaturas (1975 – 1979 e 1983 – 1987). Na Câmara Federal, sua atuação foi das mais significativas e marcantes, participando ativamente dos grandes debates de interesse da nação. Estando então em evidência a elaboração de um novo Código Civil, o jurista e deputado Celso Barros foi convidado para relatar a parte concernente ao Direito das Sucessões, no que se houve com distinção.

Com a criação do Estado do Tocantins na Constituinte de 1988, foi convidado pelo novo governador Siqueira Campos, para ajudá-lo a implantar a nova unidade federativa, em cuja tarefa trabalhou assiduamente, responsabilizando-se pela elaboração do anteprojeto das principais leis.

Intelectual irrequieto, portador de vasta cultura, apreendida em longas horas de estudo, Celso Barros Coelho é autor de mais de uma dezena de livros, nos quais mostra a força de sua inteligência e a vastidão de seu conhecimento jurídico, entre os quais: Imunidades parlamentares (1964), O direito como razão e como história (1977), Jurisprudência como norma jurídica (1982), Confronto de ideais (1997), Darcy Ribeiro – educador e antropólogo (1997), Apelo aos valores (2003) e Perfis paralelos – juristas (2016), além de colaborador de dezoito verbetes na Enciclopédia Saraiva de Direito.

Para essas notas, vamos destacar Perfis paralelos. Nele, o intelectual estuda em quinze ensaios a vida, a obra, o pensamento, as ideias, a formação intelectual e a ideologia de importantes juristas de nossa pátria, enfocando a contribuição que deram à ciência do Direito. Talvez, essa obra seja inspirada nas Figuras do Direito, de San Tiago Dantas, a quem enaltece as características de civilista, político e humanista preocupado com a educação jurídica nacional. Enfoca em San Tiago Dantas, a preocupação com “a verdadeira formação jurídica, aquela que formará juristas para as tarefas da vida social”, “colocando o estudante não em face de um corpo de normas, de que se levanta uma classificação sistemática, como outra história natural, mas em face de controvérsias, de conflitos de interesses em busca de solução”. Acrescenta à sua leitura: “Só desse modo a educação jurídica poderá conceituar com clareza o seu fim, que é formar o raciocínio jurídico e guiar o seu emprego na solução de controvérsias”. Finalizando, afirma San Tiago no recorte de Barros: “O estudo das normas e instituições constituem segundo objetivo, absorvido no primeiro, e revelado ao longo do exame e discussão dos problemas”. Portanto, nesses estudos jurídicos Celso Barros Coelho vai buscar em seus biografados características que também realçam seu pensamento como professor e pensador da ciência jurídica com larga folha de serviços prestados à vida pública nacional.

Seus ensaios não são mero ajuntamento de datas e fatos, ao contrário, constituem-se oportunidade para acompanhar a formação intelectual e o legado de juristas do porte de Rui Barbosa, Paulo Bonavides, Francisco Amaral, Caio Mário da Silva Pereira, Washington de Barros Monteiro, Orlando Gomes, Coelho Rodrigues, Sousa Neto, Wilson Brandão, Cláudio Pacheco, San Tiago Dantas, Miguel Reale e Gérson de Britto Mello Bozon. Realça em cada um caraterísticas que ele próprio professa e que procura seguir como objetivo de vida em sua marcha como homem público e pensador da ciência e dos destinos da pátria.

Roberto Rosas, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, lembra que Celso Barros “é uma figura formada em humanidades, no sentido literal da palavra”; que “sua contribuição, assim, para o mundo acadêmico é reverberante”, “transitando entre a atividade política e a jurídica, como muitos outros bons juristas que querem ajudar a construir a legislação que ajudarão a fazer cumprir”, jamais se afastando “da docência querida e das publicações literárias nas quais se aventurou desde a poesia, arte e literatura até as críticas, análises e história”[7].

Na Academia Piauiense de Letras, ingressou no ano de 1967, onde até há pouco foi assíduo frequentador, dando tom ao debate acadêmico, ao lado de seu saudoso colega M. Paulo Nunes e alguns outros de sua geração literária. Presidiu o sodalício no período de 1998-1999, promovendo importantes realizações, como publicação de livros, lançamento de coleções e realização de ciclos de debates e conferências. Pertence a diversas outras instituições culturais, a exemplo do Instituto dos Advogados Brasileiros, Academia Piauiense de Letras Jurídicas e Instituto Luso-Brasileiro de Direito Comparado. Como reconhecimento por sua contribuição ao magistério, à advocacia e ao parlamento, recebeu diversas homenagens e condecorações.

Preocupado com a terra de nascença, em 2005, fundou a Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons, visando difundir cultura entre seus conterrâneos. Desde então promoveu ciclo de debates, a edição de livros e de um jornal literário, às suas expensas.

Celso Barros Coelho, estimado mestre de gerações, é nome de referência na política, no magistério, na literatura e na advocacia piauiense. Foi uma honra sermos seu aluno na escola formal, e ainda continuamos a sê-lo fora da escola. Com muito orgulho sentamos ao seu lado, como um de seus pares na Academia Piauiense de Letras.

Celso Barros – Tempo e Memórias Políticas

(*) Elmar Carvalho

Não pude comparecer à solenidade de lançamento do livro Política – Tempo e Memória, da autoria de Celso Barros Coelho, ocorrida no dia 8 de maio, a partir das 19:30 horas, como muito gostaria, em virtude de que na mesma data e horário foi lançado o meu livro Confissões de um juiz, em Parnaíba, em evento organizado pelo SESC-PI, ao qual sou grato. Soube, no entanto, que foi uma grandiosa festa literária, abrilhantada pelos discursos do autor da obra, do jornalista e escritor Zózimo Tavares e do empresário e ex-deputado federal Jesus Elias Tajra. Os dois últimos fizeram a apresentação e o prefácio, que ornam e enriquecem essas notáveis memórias.

Conheço o Dr. Celso desde o meado da década de 1980, quando eu exercia o cargo de fiscal da extinta Sunab, que funcionava no prédio da Delegacia do Ministério da Fazenda, e, portanto, ficava perto de seu escritório, que na época era instalado em prédio situado na rua Álvaro Mendes, por detrás das Lojas Pernambucanas. Depois amiudamos nossa amizade e convivência, quando passei a integrar os quadros da Academia Piauiense de Letras, a partir do dia 19 de novembro de 2008. Foi ele quem nela me recebeu com belíssimo discurso, enfeixado no opúsculo A casa no tempo, de nossa autoria, minha e dele.

Em 19 de maio de 2006, na mesma solenidade em que recebi o honroso título de Cidadão Parnaibano, através de projeto de autoria do vereador João Batista Veras, então presidente da Augusta Câmara Municipal de Parnaíba, lancei o meu livro Lira dos Cinqüentanos, comemorativo, como o nome indica, de meu meio século de vida, cujo discurso de apresentação foi proferido por Celso Barros Coelho, a meu ver o maior orador vivo e o melhor que já conheci, em todos os aspectos, inclusive, voz, entonação, postura e conteúdo. Infelizmente, essa cintilante peça da retórica literária piauiense terminou se perdendo no meio dos papéis de seu autor, o que até hoje lastimo. Almejo que algum dia ela venha a ser encontrada, e assim possa ser publicada.

Ao retornar de Parnaíba, logo na segunda-feira, dia 11, pela manhã, tratei de ir ao escritório do Dr. Celso para adquirir o seu livro. Portanto, no corrente ano, já foram entregues ao público piauiense três livros de memórias: o dele, o do romancista, contista e advogado Ribamar Garcia, titulado “E depois, o trem”, e o deste cronista. Sem a menor sombra de dúvida, os dois primeiros são obras da mais alta relevância literária, e podem ser colocados entre os melhores desse gênero.

Política – Tempo e Memória, além de narrar os principais fatos e atos de sua rica trajetória política, também termina por expor outros episódios notáveis ou interessantes de sua vida, alguns remontando à sua meninice e juventude. Além de ter muito que contar, soube fazê-lo em diamantino e lapidar estilo, de frases elegantes, contudo concisas e claras, em que a beleza muitas vezes se reveste de genuína simplicidade.

O livro me revelou o que eu já aquilatava de sua personalidade, através de nossas conversas e da leitura de outros textos de sua lavra. Transparecem em suas páginas a ética e a cidadania do memorialista. Mesmo diante de perseguições e percalços, manteve a sua coerência e os seus princípios morais, sem se curvar às injunções circunstanciais da baixa política e sem lançar mão de oportunismos, que o momento ditatorial poderia ensejar ou suscitar.

Eventualmente traído por correligionários e “amigos”, que fraquejaram nos primeiros acenos da adversidade, optou por não conspurcar o seu mandato de deputado estadual, preferindo vê-lo cassado no dia 8 de maio de 1964, a ver manchada a sua biografia de homem público e de cidadão. Preferiu manter-se fiel a si mesmo e ao seu ideário de democracia e de liberdade, e à sua opção pelos mais pobres e mais humildes.

Em seus dois mandatos de deputado federal, que veio a exercer, participou de várias e importantes comissões, sobretudo as que tratavam de assuntos jurídicos e culturais. Teve a oportunidade de prestar relevantes serviços à legislação pátria, na condição de relator de importantes projetos, que se converteram em paradigmáticos diplomas legais, que lhe imortalizaram como jurista e legislador. Mesmo não tendo sido parlamentar constituinte, prestou notável contribuição à Constituição Federal de 1988, através de participação nos debates de convocação da Constituinte.

Em suas memórias, elucida e ilumina fatos e atos (e até mesmo omissões), da história do Piauí, sobretudo do início da década de 1960 a esta parte. Conquanto de forma sintética, delineia os perfis de importantes figuras políticas do Brasil e do nosso estado, registrando-lhes não apenas fatos e dados biográficos, mas traçando-lhes o retrato espiritual, fixando-lhes as ideias e virtudes, e eventualmente as fraquezas, ainda que circunstanciais ou momentâneas. Alguns desses perfis são antológicos, pela emoção e pela beleza que transmitem, pela captação do momento solar dessas personalidades.

Celso Barros Coelho poderia ter mantido o seu mandato de deputado estadual, injustamente cassado pela ditadura militar. Acenaram-lhe com essa possibilidade. Mas, como dito, ele preferiu não corromper o seu mandato. Optou por ser um legítimo “ficha limpa”, guardião da democracia, da liberdade e da cidadania. Não vendeu os correligionários, e nem tampouco se vendeu. Não expôs o seu mandato, que lhe foi outorgado pelo povo, em balcões de negócios espúrios.

Teve a “loucura” de se manter fiel a si mesmo e a seu ideário político e humanista. Buscou a grandeza da Política com P maiúsculo, e não as bijuterias, benesses e ouropéis da politicanalhice, sabedor, como o poeta Fernando Pessoa, de que “Sem a loucura que é o homem / Mais que a besta sadia, / Cadáver adiado que procria?”   

(*) Poeta e membro da Academia Piauiense de Letras.

TJ do Maranhão homenageia Celso Barros

O falecimento do jurista e acadêmico Celso Barros Coelho, no último dia 10, aos 101 anos de idade, foi registrado e lamentado no Tribunal de Justiça do Maranhão e na Academia Maranhense de Letras.

O comunicado foi feito aos acadêmicos Zózimo Tavares, presidente da Academia Piauiense de Letras; Fonseca Neto, 1º secretário, e Felipe Mendes, pelo presidente da AML, Lourival Serejo.

O presidente da Academia Maranhense de Letras é também desembargador e presidiu o Tribunal de Justiça do Maranhão até dezembro do ano passado.

Ele informou que as homenagens à memória de Celso Barros foram prestadas a partir de manifestação do desembargador Vicente Gomes de Castro, ex-vice-presidente da Corte.

A memória de Celso Barros foi reverenciada também pelos acadêmicos presentes à sessão da AML realizada no último dia 13, com a presença dos representantes da APL.

Celso Barros era maranhense de Pastos Bons. Veio morar em Teresina ainda adolescente, para estudar no seminário.

Formou-se em Direito, foi professor e destacou-se no magistério, na advocacia e na política.

Presidiu a OAB-PI, foi deputado estadual (cassado pelo regime militar de 1964) , elegeu-se deputado federal e presidiu a Academia Piauiense de Letras.

Folha de S. Paulo destaca trajetória de Celso Barros

O jornal Folha de S. Paulo destaca, em sua edição de hoje (18/07) a trajetória de vida e profissional do jurista, professor e acadêmico Celso Barros Coelho, falecido no último dia 10, aos 101 anos de idade.

Na seção obituário, relativa a julho, o jornal apresenta Celso Barros como “Cassado na ditadura” e “o mais respeitado jurista do Piauí”.

Conforme ainda a Folha, “Celso Barros Coelho saiu adolescente do sertão do Maranhão, na década de 1930, para se tornar uma referência no direito brasileiro”.

Eis o texto na íntegra, assinado pelo jornalista Tulio Kruse:

SÃO PAULO – A travessia pelo rio Parnaíba, aos 16 anos, mudou tudo na vida de Celso Barros Coelho. O ano era 1938 e ele viajava da pequena Pastos Bons, no interior do Maranhão, para Teresina, no Piauí, seguindo o curso do rio que separa os dois estados.

Não fosse aquela viagem, não se tornaria seminarista na capital nem seria professor na Escola Normal Antonino Freire, provavelmente não estudaria na Faculdade de Direito do Piauí e, talvez, não se transformasse no jurista mais ilustre do estado.

Àquela altura, o mais velho de cinco irmãos já era órfão de pai. O convite para estudar em Teresina partiu de uma amiga da família, que quando visitava Pastos Bons encontrava o menino sempre lendo no balcão do comércio em que trabalhava.

Sete anos depois, ao fim do curso no seminário, veio um convite do Vaticano para continuar os estudos religiosos em Roma. Profundamente dividido, acabou recusando a oportunidade. Ele seguiria como professor e advogado, se casaria com a filha do dono da escola e abandonaria a batina.

Nas décadas de 1950 e 1960, os tribunais de júri comoviam a população das cidades e eram transmitidos ao vivo pelo rádio. Barros tornou-se célebre por casos em que atuou como advogado e elegeu-se deputado estadual em 1962.

Quando veio o golpe militar de 1964, a tendência era que ele fosse poupado da cassação. O comandante do Exército em Teresina era seu vizinho, e ele era um bem relacionado presidente da seção estadual da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Amigos aconselharam manter silêncio e o mandato.

Barros foi à tribuna e fez um discurso irritado contra os militares. Ele e outros colegas acabaram cassados com um adendo à lista original.

Ele ainda seria deputado federal por dois mandatos no início da abertura política, nas legislaturas de 1974 e 1983. Em 1978, foi o candidato mais votado do Piauí, mas não foi eleito por falta de coeficiente eleitoral. As oito vagas do estado ficaram com o Arena, que dava sustentação ao regime militar.

No Congresso, Barros legislou sobre temas que marcaram transformações no cotidiano brasileiro, como relator das regras do direito de sucessão no Código Civil, a Lei de Execuções Penais e contribuindo para a redação da Lei do Inquilinato e a regulamentação do divórcio.

Permaneceu um leitor compulsivo por toda a vida, acompanhado de livros e jornais enquanto assistia a jogos de futebol na TV ou à mesa durante o almoço.

Nos últimos meses, pensava no pai que morreu aos 34 anos. “Nas nossas últimas conversas ele questionava por que a vida é assim, que alguns duram tanto e outros duram tão pouco. Foi uma pergunta que meu avô não conseguiu responder”, contou Celso Barros Coelho Neto, hoje presidente da OAB-PI.Barros morreu aos 101 anos, no último dia 10, e deixou quatro filhos e 12 netos.”

Reprodução Folha de S. Paulo.

CELSO BARROS – SAPIÊNCIA E CARÁTER

 

                                                                              Francisco Miguel de Moura*

          Outrora só se chamava de doutor aquele que fosse formado em Medicina ou em Direito (leis).  Não há discutir a competência de Celso Barros no campo do Direito. Nem me atrevo citar tantas obras suas, nesta matéria, para não cometer esquecimentos ou pedir desculpas por falta de espaço visto que não tenho competência para tanto. Quem quiser saber em profundidade da sua bibliografia tem que ler o livro “Academia Piauiense de Letras – um pouco da história, um pouco das ideias”, editado pela própria Academia, em 2018, na Coleção Centenário.          

           Na verdade, sinto-me bem pequeno para falar sobre Celso Barros Coelho, creio que pela segunda vez, em artigo para o jornal, mostrando sua competência e seu caráter. Da primeira, enalteci o grande orador que é, colocando-o na mesma altura e grandeza de um D. Avelar Brandão Vilela, os dois maiores na arte do discurso que eu já ouvi. 

          Porém, Celso Barros é muito mais do que orador. Historiador e filósofo, sob cujos aspectos me sinto com algum conhecimento para tal, invoco-o, neste momento, mais sob o ponto de vista de cidadão de caráter sem jaça e do ilustríssimo Acadêmico da “Casa de Lucídio Freitas”.  Como Presidente da APL, fez profícua administração. Antes, quando me dispus a disputar uma vaga na APL, ele foi um dos primeiros a me incentivar. Para mim, bastante honrosa tal atitude. Muito me satisfaz e me envaidece dizer que ele é meu confrade, meu irmão de letras, por causa da magnitude de sua sapiência e do seu caráter, itens que escolhi para esta crônica jornalística. Quando penso no grande representante que tivemos na Câmara Federal por duas legislaturas e na sua eficiente atuação, vejo-me como um simples eleitor seu, que fui em todas as eleições em que ele concorreu a cargo público, depois que me estabeleci em Teresina.

          Celso Barros é uma daquelas pessoas ímpares, considerá-lo um gênio não é um exagero, pois elevados são os seus conhecimentos, quer do Direito, da Filosofia, do Latim, tanto quanto da Língua Portuguesa e de História. Outros temas podem ser indicados, por exemplo a crítica literária, amante que é das musas e disto tem dado bastante exemplo em livros e artigos. Sua obra é muito grande. Limito-me a colocar, neste momento, sua história da “Academia Piauiense de Letras: Um Pouco da História, Um Pouco das Ideias”, Teresina-PI, 2018, reeditada, onde coloca de pórtico os versos do poeta Jônatas Batista, como se fossem sua própria voz ao falar em literatura:                                     

                    “Caminho sem parar, sem curva, sem receio,

                     Sem fraqueza ou pavor, sem cobarde receio,

                     Meu destino a seguir, sem encontros temer.

                     A batalha me tenta, a guerra me alucina…

                    O movimento é a vida, a vida me ilumina…

                     Nasci para lutar, na ambição de vencer”.

          É realmente um livro para quem quer conhecer a entidade centenária e seus membros, sendo Celso Barros um dos mais elevados e estimados.

          Não posso aqui esquecer que logo abaixo dos versos do poeta e acadêmico Jônatas Batista, vêm as dedicatórias aos historiados da casa, por ordem e em seguida: João Pinheiro (in memoriam), Francisco Miguel de Moura e Herculano Morais. Esse reconhecimento me cativa. 

          Outro livro que desejo evidenciar, de sua autoria, é “Tempo e Memória” (2009), – uma joia de alto valor pelo sentimento e grandeza com que coloca sua infância e juventude.

          Celso Barros é uma daquelas pessoas que chamamos de genial, quer no sentir e no fazer, quer no viver e no tratar com o outro. Na ciência do Direito o é, com toda certeza, pois reconhecido por todos os piauienses e brasileiros de modo geral que privam de sua lhaneza em algum momento da vida.  Educação esmerada, caráter sem jaça. Muito humano: Como advogado, se volta à defesa de causas justas e honrosas. Mas sua bondade e generosidade vai além: Jamais deixou à mingua um pobre, sem condição pagar honorários. Tudo isto falo não só por minha parte, desde que o conheci ao aportar em Teresina, vindo do interior da Bahia. Ele já era, àquela altura, uma celebridade: Professor exímio da Universidade Federal, Tive-o como mestre na cadeira de “Linguística” quando a Faculdade Católica de Filosofia do Piauí ainda não se integrara à Universidade.

          Nascido aos 11 de maio de 1922, filho de Francisco Coelho de Sousa e Alcina Barros Coelho, em Pastos Bons (MA), mas ninguém é mais piauiense do que ele, pois a maior parte de sua vida devotou ao Piauí, especialmente Teresina, como se fosse aqui nascido. Porém jamais esqueceu sua terrinha no Maranhão, a região de Pastos Bons, onde foi fundar a necessária e importante Academia de Letras, História e Ecologia da Região, entidade que desde o seu nascimento vem publicando o simpático e oportuno jornal “Pastos Bons”, cujo órgão é por ele dirigido. A Academia de Pastos Bons completou, no dia 15 de março de 2019, 15 anos de profícuo trabalho em favor da literatura, da arte, da cultura e da ecologia da região.

          Pois bem, o senhor Doutor Celso Barros, na comemoração dos 15 anos de existência da dita Academia, estava lá, justo quando completava 97 anos vida bem vivida e bem amada.  Estava em Pastos Bons, a terrinha do seu berço. E assim, em reunião da Academia Piauiense Letras, seus membros proclamaram a data e prestaram a homenagem ao aniversariante.  Bem que muito mais valia a proeza de 97 anos de vida integral em corpo e espírito. Nada mais que justo, para um homem de tamanha envergadura, dentro de tal idade e que auguramos que vá muito longe e com saúde, íntegro como está, fazendo, sentindo e opinando, nos jornais, revistas e onde quer que que publique seus artigos. Respeitadíssimo sempre, pois seus atos e opiniões dão o exemplo, de homem competente e sábio.

          Mas, repito, não estou fazendo sua biografia, visto que a biografia dos homens de ação, corajosos, sapientes como Celso Barros Coelho não pode ser feita em vida. E que ele ainda tem muito o que dar, gozando de boa saúde física e mental. Meu proposto ao render-lhe esta homenagem, em primeiro lugar foi mostrar alguns dos momentos que com ele privamos e testemunhá-los aos meus leitores. Nem é bem um artigo, é uma crônica que vem de dentro do meu coração.

_____________

*Francisco Miguel de Moura, membro da APL, cadeira nº 8, que tem como Patrono o poeta J. Coriolano (José Coriolano de Sousa Lima). Texto publicado originalmente em http://franciscomigueldemoura.blogspot.com/

Sai de cena um homem que amava a vida

Cineas Santos (*)

Pastos Bons (MA), início da década de 1920. Numa casa humilde, um menino pequeno agoniza no leito de morte. Sem ter a quem recorrer, entre lágrimas e preces, a mãe da criança enferma prepara-lhe a mortalha. De repente, saído não se sabe de onde, aparece um mascate. Ao ver a criança, agonizando, o bufarinheiro aproxima-se do moribundo, toma-lhe o pulso e declara: “Ainda está vivo”. Em seguida, com autorização da mãe, ministra-lhe dose cavalar de um vermífugo eficiente. Reza a lenda que, antes de partir, teria afirmado: “Se não morrer até amanhã, vai viver cem anos”. Errou por muito pouco: Celso Barros Coelho viveu 101 anos.
Essa história, que me impressionou muito, me foi contada pelo professor Celso Barros há mais de 10 dez anos quando o entrevistei no seu local de trabalho. Sabendo do meu apreço por literatura, fez questão de me mostrar sua ampla biblioteca onde, entre milhares de livros de direito, figuravam os clássicos da literatura universal.
Tive a felicidade de ter sido aluno dele na antiga FADI, onde pontificava ao lado de Clemente Fortes. Comentava-se que os dois mestres disputavam, civilizadamente, o título de magister dixit da instituição. Celso era mais eloquente; Clemente, mais didático. Sorte de quem conviveu com os dois.
O que o ambulante de Pastos Bons não poderia imaginar é que aquele menino que ele furtara dos braços da morte viveria o bastante para tornar-se um dos intelectuais mais brilhantes de sua geração. Professor, advogado, jurista e político, Celso Barros Coelho foi, acima de tudo, um entusiasmado, na acepção original do termo. Hoje (10/07/23), a “indesejada das gentes” o calou, mas o seu legado permanecerá iluminando gerações. Assim seja.

(*) Professor e escritor.

Acadêmicos se despendem de Celso Barros

Membros da Academia Piauiense de Letras se despediram do professor, jurista e acadêmico Celso Barros Coelho através de mensagens postadas no Grupo de WhatsApp da APL.

Celso Barros faleceu hoje (10/07), aos 101 anos, em Teresina. Eis as mensagens de seus confrades na APL:

Hugo Napoleão

Meu profundo pesar aos familiares pelo falecimento do grande jurista Celso Barros, de quem tive a honra de ser colega na Câmara dos Deputados na legislatura de 1975 a 1979. Também fui seu Confrade na Academia Piauiense de Letras. Lá ele recebeu meu pai, terminando o discurso se referindo a ele e a mim: “Um o poder da glória; outro a glória do poder!” Iniciei meu discurso na Academia Brasiliense de Letras dizendo isso! Comecei com ele. Deus o abençoe e agasalhe para sempre!

Magno Pires

Meus sinceros pêsames pelo falecimento ilustre acadêmico, jurista, literato e humanista Celso Barros Coelho.

Que Deus o tenha no melhor lugar entre os mortos e fique, para sempre, na paz celestial

Reginaldo Miranda

Notícia triste!

Que Deus o receba em seu reino de glória!

O mundo jurídico piauiense fica mais pobre. E a APL perde um de seus principais quadros.

Carlos Evandro

Lamento. Meu ex-professor de Teoria Literária na antiga FAFI e um grande amigo.

Nelson Nery

Brava vida. 101 anos foi uma dádiva para ele e para o Piauí

Dilson Lages

Ícone do pensamento cultural do Piauí! Um iluminado no magistério, na literatura jurídica, na política! Uma figura humana extraordinária, com a vocação de transformar e servir! Que Deus o tenha! Viverá sempre na memória e na saudade de seus admiradores!

Fonseca Neto

Um mestre no sentido pleno da expressão. No dia em que falei com ele pela primeira vez, na década de 1970, disse-me seria feliz se chegasse aos 100 anos. Meu professor de Direito Civil. E se civilidade.  Feliz + 1 ano de lições que viveu. Adeus, mestre amigo.

Oton Lustosa

Partiu para eternidade CELSO BARROS COELHO, exemplo de advogado, jurista de renome, valoroso e eloquente tribuno, professor, literato, integrante dos quadros de nossa Academia Piauiense de Letras. Deixa o bom exemplo e uma inolvidável obra.

Luiz Ayrton

Morre um mito. Inicia-se o silêncio eterno do grande Professor Celso Barros.

Francisco Miguel de Moura

Envio meus pêsames a toda a família de Celso Barros. Ele está sendo recebido nos céus.

Fides Angélica

O professor e acadêmico Celso Barros Coelho jamais será substituído, porque único em sua multiplicidade intelectual de excelência! Sempre o saudava Celso Excelso, porque excelente em tudo que realizava.

Existirá pessoa que a ele se igualará? Dificilmente!

Vida longa e produtiva em toda a sua existência!

Felizmente, recebeu as homenagens a que fez jus pela inteligência e pelo cultivo dela.

Ideias e ideais que logrou realizar, em ser humano inexcedível na arte de viver com otimismo, bom humor, e muita atividade intelectual!

Zózimo Tavares

Celso Barros foi meu mestre, sempre, desde meus primeiros passos no jornalismo. Não fui seu aluno nos bancos escolares, mas com ele muito aprendi, fora da sala de aula, sobre política, literatura e, principalmente, sobre a vida. Uma presença sempre iluminada, solidária e alegre. Que sua alma seja acolhida na morada do Senhor!

APL divulga Nota de Pesar por Celso Barros

A Academia Piauiense de Letras divulgou Nota de Pesar pelo falecimento do acadêmico Celso Barros Coelho, ocorrido no início da tarde de hoje (10/07), em Teresina.

Na nota, a APL destaca a contribuição de Celso Barros ao magistério, à advocacia, à política e à cultura.

Ele faleceu aos 101 anos.

Aos 101 anos, Celso Barros anuncia novo livro

O jurista, professor e acadêmico Celso Barros comemora os 101 anos de vida com um novo livro de sua autoria, intitulado Logos e Pragma.

O anúncio da obra foi feito durante visita que ele recebeu de membros da diretoria da Academia Piauiense de Letras, na tarde de ontem (11/05), pela passagem de seu aniversário.

O novo livro de Celso Barros reúne os discursos que ele proferiu na Academia Piauiense de Letras desde a sua posse, em 1967.

A obra tem apresentação do escritor e acadêmico Oton Lustosa. O lançamento será marcado para breve.

Ao lado da mulher, Antônia, Celso Barros recebeu cumprimentos dos acadêmicos Zózimo Tavares (presidente), Fides Angélica (secretária geral) e Fonseca Neto (1º secretário).

Ele apresentou a “boneca” do novo livro e pediu que se fizesse a leitura de alguns trechos da publicação.

Celso Barros Coelho nasceu em 11 de maio de 1922. O seu centenário foi celebrado durante todo o ano passado pela Academia Piauiense de Letras, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Piauí, e outras instituições.

Celso Barros com os acadêmicos Zózimo Tavares, Fides Angélica e Fonseca Neto.

Celso Barros agradece homenagens pelos 100 anos

Aos 100 anos e 7 meses, o jurista, professor e acadêmico Celso Barros Coelho assistiu ao Concerto de Natal que marcou o encerramento das atividades da Academia Piauiense de Letras em 2022.

O concerto foi apresentado no sábado (17/12) pelo violonista Erisvaldo Borges, no auditório acadêmico Wilson Brandão, sede da APL.

A Academia proclamou 2022 como “Ano Celso Barros Coelho”, em homenagem ao centenário de nascimento de seu ex-presidente.

Homenagens e agradecimento

As celebrações do centenário de Celso Barros foram abertas em maio passado, em sessão conjunta da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Piauí, e da Academia Piauiense de Letras.

Outras instituições se integraram ao programa de comemorações de Celso Barros, como a Universidade Federal do Piauí, o Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, o Instituto dos Advogados do Piauí e a Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons.

Celso Barros compareceu ao concerto natalino da APL acompanhado da família e, ao final, fez uso da palavra agradecendo as homenagens recebidas.

A chegada de Celso Barros para o Concerto de Natal da APL.
O concerto de Erisvaldo Borges na Academia.
Celso Barros assiste ao concerto com a família.
O agradecimento pelas homenagens recebidas.
O presidente da APL, Zózimo Tavares, faz saudação a Celso Barros.
Celso Barros com a acadêmica Fides Angélica, secretária geral da APL.
A recepção do presidente da APL a Celso Barros.
Celso Barros com acadêmicos e convidados.
Com os acadêmicos Francisco Miguel de Moura e Plínio Macêdo.
Com o violonista Erisvaldo Borges.
Com o acadêmico Fonseca Neto, 1º secretário da APL.
Com o promotor de Justiça Carlos Rubem.
Confraternização após o concerto na APL.