Associação dos Delegados da PF lança Clube de Leitura

A Associação dos Delegados da Polícia Federal no Piauí lançou ontem à noite (31/08) o seu Clube Literário durante sarau realizado no restaurante Faustino.

O autor homenageado foi o poeta Salgado Maranhão, que se fez presente, declamou seus poemas e ouviu seus versos declamados também pelos convidados.

O professor Kassio Gomes, presidente da Fundação Quixote e coordenador do Salão do Livro do Piauí, foi o mestre de cerimônia.

O chef Faustino apresentou um cardápio especial para os presentes.

A animação musical ficou por conta do violinista Josué Costa e da cantora Luiza Miranda.

Surpresa

O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, e sua esposa Regina Franco Tavares participaram do evento como convidados do poeta homenageado.

A presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal no Piauí, Léa Muniz, disse que pretende realizar o evento a cada dois meses, sempre com a presença de um autor convidado.

O presidente da APL elogiou a iniciativa e disse que ela surpreendia, por partir de uma categoria de perfil profissional essencialmente técnico.

Ele afirmou que as iniciativas de incentivo à leitura são sempre muito bem-vindas.

Também cumprimentou a associação pela escolha do autor que abriu o projeto, Salgado Maranhão, hoje um nome internacional da poesia brasileira bastante identificado com o Piauí.

Delegada Léa Muniz, presidente da Associação dos Delegados da PF no Piauí.

Academias promovem intercâmbio cultural

Livros de vários autores publicados pela Academia Maranhense de Letras foram doados à Academia Piauiense de Letras.

O presidente da AML, Lourival Serejo, fez a entrega das obras ao presidente da APL, Zózimo Tavares, e aos acadêmicos Fonseca Neto e Felipe Mendes.

Os três acadêmicos piauienses participaram de sessão da Academia Maranhense de Letras no último dia 13.

Na ocasião, o acadêmico Fonseca Neto lançou o seu livro “Pátinas do Tempo”, tese de doutorado que tem como objeto de estudo o Patrimônio Histórico e Cultural de São Luís.

A APL também fez a doação de obras de autores piauienses à AML, inclusive a segunda parte da Coleção Centenário.

A primeira parte desta coleção foi entregue à Academia Maranhense de Letras pelo então presidente Nelson Nery.

O presidente da APL disse que o encontro entre as duas Academias fortalece ainda mais os laços culturais que existem entre o Piauí e o Maranhão.

(Imagens: Luciano Klaus)

Inaugurada Biblioteca Médica

O médico, professor e acadêmico Luiz Ayrton Santos Júnior inaugurou em sua residência a Biblioteca Gisleno Feitosa, que reúne o acervo bibliográfico de médicos no Piauí e material da prática médica no Estado.

Segundo o médico, o acervo está em formação e qualquer um que tenha informação ou objeto relativo à sua proposta poderá contribuir compartilhando.

A inauguração da nova biblioteca ocorreu ontem (01/07), com a participação de médicos, destacando-se o homenageado, profissionais de saúde e outros convidados, entre eles os acadêmicos Carlos Evandro, Felipe Mendes, Oton Lustosa e Zózimo Tavares.

APL sobe aos sertões

Fonseca Neto (*)

Um fato sem similar na existência secular da Academia Piauiense de Letras: uma sessão fora da cidade de Teresina, sua sede e capital do Piauí. Aconteceu, em dose dupla. A APL foi a São Raimundo Nonato e Oeiras, sertão de dentro do Estado.

Excursão, mesmo expedição, planejada ainda no começo de 2020, antes do ataque covidiano. Agora, sim. E foi um prodígio.

As academias em geral são forjadas para os compartilhamentos e mesuras amenas da vida urbana, naquele sentido de ajuntamento distinto da ruralidade. São elas associadas a centros de estudo e a universidades, também estas chamadas de Academia.

Mais remotamente, devem ter existido nas antiquíssimas Índia e China, no Egito multimilenar, no arquipélago que os helenos cobriram de exercícios de pensar e disseminaram narrativas a mancheias. Alexandria, ali por perto, e as ágoras gregas, são uma referência mais próxima dessas organizações, tudo antes da refundação cristianista. Todos conhecemos o que viria depois; o que veio.

Pois a APL, reduto virtuoso de escritores destacados, puxa tais linhas longas dessas tradições. Emprega-se em escrevinhar o Brasil a partir do Piauí, sendo a instituição cultural local com maior índice de publicação de livros e revistas. Ressalvo a Editora Nova Aliança, que é comercial mas se orienta por notável vocação em dá vazão a bons títulos lavrados aqui.

Em São Raimundo, a APL foi ver, e viu, a extraordinária experiência que ali acontece, no campo da investigação científica e interdisciplinar sobre a “origem do homem americano”, elaborando um conhecimento apurado e que põe o Piauí num ponto de visibilização muito oportuno em face da inteligência aprimorada. E não somente do “homem”, ali se remexe os acúmulos de milhões de anos de fauna, vegetais e pedras.        

Foram diversos momentos de contato com essas experiências – incluindo um encontro com sua líder – que o grupo expedicionário realizou. Sessão formal com palestras, recitações, jantares… Idas a museus e, melhor, visita ao Parque Nacional da Serra da Capivara, inscrito pela Unesco como patrimônio mundial, cultural e ambiental da Humanidade.

O autor destas linhas integrando a expedição, todos estivemos diante da icônica pedra furada, contemplando-a, de seu terreiro, que lembra um átrio de majestoso templo, esculpido pela natureza em transe, isto é, no tempo e o vento quando ali confluem e transam sob a injunção do Cosmos.

Estivemos sob a imensa concha talhada em que foram gravadas as “pinturas rupestres” mais conhecidas do sítio.

Em Oeiras, cidade-patrimônio nacional, o segundo ponto dessa viagem da APL, para integrar a celebração da lembrança dos acontecimentos de 24 de janeiro de 1823, que levaram à adesão do Piauí ao Império sustentado por D. Pedro I, desde o ano anterior.

Ali, a APL, em solenidade cultural-cívica pujante, juntamente o Instituto Histórico de Oeiras e o Governo do Estado, inaugurou-se o Ano Acadêmico de 2023, com ardentes cantatas de hinos ufanos, solenes falas sobre a cidade-mãe do Piauí e, nos sentidos da localidade, alusões sobre a força do protagonismo da antiga capital na construção do separatismo do Norte em relação a Portugal.

Acadêmicos também visitaram museus, monumentos, além da catedral concluída em 1733, erguida com e sobre os imensos lajedos que forram em pedra a cidade fundada pelos padres Miguel e Tomé de Carvalho, em 1697, cumprindo uma missão pastoral de 1696 em nome do bispo.

Inesquecível para os visitantes de longe, a audição e visão do referido hino de Oeiras, cujo estribilho aclama a antiga póvoa do Mocha como cidade Invicta! Que luta, reluta. Cidade cujos pagos sustentam a existência de um povo crente, laborioso, reverente a seu passado.

A APL contemplou nesses dias diferentes de sua própria história, uma Oeiras-relicário das tranqueiras longamente dadas. Também de uma Oeiras já expandida fisicamente e cada vez mais envolvida num esforço de se deixar caminhar sob os impulsos virtuosos das engrenagens da indústria do turismo, atividade contemporânea mais que vital na economia das trocas reais, tangíveis e simbólicas.

Conhecer mais e melhor o Piauí para além de Teresina é uma urgência. Há cidades vibrantes, bonitas, com cantos e recantos e com iniciativas que lhes permitem organizar um rumo de futuro mais auspicioso.  A APL voltou mais piauiense que nunca.

(*) Professor, historiador e membro da APL.