APL mais interativa, digital e interiorizada

Camila Juliana/APL-UFPI

Termina nesta quarta-feira (24/01) o período de quatro anos do jornalista Zózimo Tavares na presidência da Academia Piauiense de Letras (APL). Ele passa o bastão para a advogada e professora Fides Angélica Ommati.

O balanço aponta para uma gestão que fez a APL mais presente na sociedade, mais digital, interativa e abraçando causas de interesse da cultura e da identidade do estado, como o fortalecimento da literatura piauiense.

Zózimo cumpriu dois biênios, iniciados em janeiro de 2020, quando o mundo começava o desafio de lidar com a pandemia da Covid-19.

APL on-line

Foi também um desafio para a APL, que fez do limão uma limonada: a Academia Piauiense foi a primeira do país a usar a internet para fazer suas reuniões e eventos online.

Treinamentos asseguraram o acesso dos acadêmicos às novas tecnologias e à ampla participação nos encontros regulares. “A sessão no formato remoto possibilitou a participação de imortais que moram fora de Teresina e, que, por isso, têm dificuldade de comparecer às reuniões presenciais”, destaca Zózimo.

A transmissão e gravação das sessões e eventos aconteciam por meio do canal da Academia no YouTube – a TV APL, criado na mesma época. O isolamento imposto pela pandemia fez surgir o programa “Chá das 5”, em parceria com a TV Nestante.

A APL integrou o projeto “Te Aquieta e Lê”, criado pela Secretaria Estadual de Cultura, para doar livros, ajudando as pessoas a lidar com o isolamento social.

Pesquisa e leitura
O “Te Aquieta e Lê” levou à doação de muitos livros de autores locais, um gesto que está ligado a outra marca da gestão Zózimo: a luta pelo fortalecimento da literatura do Piauí. Isso inclui a pesquisa sobre os hábitos de leitura dos piauiense, resultando no filme “O sonho que saiu do papel”.

Não parou aí: a APL se empenhou pela implantação do ensino de literatura piauiense nas escolas do Estado; e pela inclusão do tema nos concursos públicos – providência já adotada pelo IFPI e pela Assembleia Legislativa do Piauí.

Bicentenário
Em 2023, a APL lançou a “Coleção Bicentenário”, com obras que fazem parte do programa de celebrações dos 200 anos da Independência.

A ação teve parceria com o Conselho Estadual de Cultura, o Instituto Histórico e Geográfico do Piauí e a Secretaria Estadual de Cultura.

Para Zózimo, a coletânea ressalta que a independência não foi só um dia, o 7 de setembro de 1822, mas uma série de lutas, nas quais o Piauí tem destaque.

“Só a partir da Batalha do Jenipapo o Brasil se fez de fato independente de Portugal. Mas o país praticamente só está sabendo disso agora, 200 anos depois”, acentua.

Itinerância
Nos seus quatro anos à frente da APL, Zózimo implementou o projeto “APL itinerante”, fazendo a academia ganhar a estrada e se aproximar da sociedade.

A primeira viagem foi para a instalação oficial em São Raimundo Nonato. Em seguida a APL promoveu encontros em Oeiras, Floriano e Pedro II, o que favoreceu a interiorização da academia.

Também aconteceram sessões em espaços históricos e culturais de Teresina, como os campi da UFPI e Uespi, bem como a Fundação Wall Ferraz. “É uma forma de interagir e de lembrar que a Academia é de fato ‘Piauiense’”, destaca Zózimo.

Novo livro de Magno Pires mostra oportunidades de investimentos no Piauí

O novo livro do escritor e acadêmico Magno Pires, “Piauí: Oportunidades de Investimentos”, é um guia sobre as potencialidades econômicas e naturais do Estado.

O prefácio da obra é do historiador e acadêmico Fonseca Neto, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.

Ele destaca que Magno Pires é um propositor insone. “Em muito do que escreve manifesta a aspiração de querer o Piauí economicamente mudado. Há bastante gente que também quer, mas ele vai à forra. E tem na caneta uma aliada que não deixa por menos”, enfatiza.

Fonseca Neto afirma ainda que, o novo livro, em particular, tem um objetivo formalmente anunciado pelo autor, quando afirma seu propósito de ofertar aos agentes operosos do Piauí um “levantamento da infraestrutura física e social existente nas regiões e municípios mais ricos, que possibilitam aos empreendedores optar e/ou decidir o melhor local para implantar o seu projeto”.

O lançamento do livro será anunciado em breve.

Palácio da Cultura festeja Dia de Reis

O dia 6 janeiro é tradicionalmente comemorado como o Dia de Reis, que além de marcar o fim do período natalino, é celebrado na cultura piauiense com reisado, a festa popular que mistura dança e música.

Nesta sexta-feira (05) a festa será celebrada em frente ao Palácio da Cultura (Sede da Secult), a partir das 11h, com apresentações dos grupos Reisado do Piauí, Caravana da Rabeca e Reisado da Flor Esperança.

O Reisado do Piauí é um dos mais antigos de Teresina, com mais de 60 anos de tradição na folia de reis. Foi comandado por seis décadas pelo Mestre Severo, que faleceu em 2021, e foi reconhecido como patrimônio vivo do Piauí.

O grupo é liderado atualmente pela família de Mestre Severo e une a experiência dos membros mais velhos e das crianças que representam a nova geração do grupo.

A Orquestra de Rabecas de Bom Jesus é um grupo que surgiu durante as oficinas do Festival de Rabecas em setembro de 2023 e vem se apresentando com o espetáculo “A rabeca e o Reisado Piauiense.

As crianças e jovens têm aulas de pífano, rabeca, canto e dança com os musicistas Wanya Salles e Leo Mesquita e já se apresentaram também em Teresina, Currais e Cristino Castro.

Já o Reisado da Flor Esperança se apresenta nas festividades da folia de reis sob o comando do músico e bonequeiro, Chagas Valle.

(Com informações e imagem da secult-pi)

Municípios do Piauí são os que menos investem em cultura, diz IBGE

Os municípios piauienses reduziram os investimentos em cultura nos anos de 2020 e 2021.

A redução dos investimentos das prefeituras na área cultural ocorreu em função da pandemia da Covid-19.

Em 2022, os governos municipais do estado do Piauí retomaram os investimentos em cultura com um incremento de cerca de R$ 56,2 milhões a mais (+205%), tendo passado de R$ 27,4 milhões, em 2021, para R$ 83,7 milhões, em 2021.

Na série histórica de 2012 a 2022, a participação dos investimentos em cultura por parte das prefeituras piauienses sempre ficou em torno de 1% do total de gastos dos municípios do país. 

Na lanterna

No ano de 2022, os governos municipais do Piauí despenderam cerca de R$ 83,7 milhões com cultura.

Naquele ano, os municípios da região Nordeste despenderam um total de R$ 2,34 bilhões em atividades culturais e a participação dos municípios piauienses no total da região foi de cerca de 3,5%, o menor indicador do Nordeste.

As informações foram divulgadas pelo IBGE através da publicação “Sistema de Informações e Indicadores Culturais 2011-2022”.

A pesquisa tem o propósito de produzir informações estatísticas, indicadores e análise de informações do setor cultural do país, de forma a trazer subsídios para o planejamento e a tomada de decisões em políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da cultura. 

Maiores investimentos

Com relação ao Brasil, os municípios de todo o país despenderam um total de R$ 8,04 bilhões e a participação dos municípios piauienses representou cerca de 1%, o que posicionou o estado com o 21º. indicador do país.

Os estados da região Nordeste cujos governos municipais mais investiram em cultura foram a Bahia, com R$ 671,3 milhões, o equivalente a 28,61% do total da região e 8,3% do país, e Pernambuco, com R$ 482,2 milhões, o equivalente a 20,5% do total da região e 6% do país.

No Brasil, o estado cujos governos municipais mais investiram em cultura foi São Paulo, com R$ 2,01 bilhões, o que representava cerca de 25% do total de investimento no país. 

(Com informações do IBGE)

APL nas comemorações dos 21 anos do Curso de Biblioteconomia

Os 21 anos do curso de Biblioteconomia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foram comemorados ontem (24/10) com o evento “Pelos caminhos de formação”.

O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, participou da solenidade de abertura.

O ato contou com a presença do representante do Conselho Federal de Biblioteconomia, Fernando Braga Ferreira; de representantes da UESPI; do deputado Fábio Novo e do vereador Venâncio Cardoso, entre outros convidados.

As atividades, abertas à comunidade acadêmica, se desenvolveram na Biblioteca Estadual Cromwell Carvalho, durante todo o dia, com palestras, mesa-redonda, exposição e homenagens, como parte da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca.

(Imagens: Tatiele Sousa)

Seduc prepara alunos para o Enem

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) tem intensificado as ações do Novo Pré-Enem + Pré-Saeb Seduc para incentivar e preparar os estudantes de 3ª série do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Educação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Além das revisões, a nova plataforma do Canal Educação chegou para guiar, de forma personalizada, o estudo dos alunos das escolas que ofertam Mediação Tecnológica.

Com ensino adaptativo, a ferramenta utiliza inteligência artificial com foco no ensino de cada aluno. Com a plataforma é possível ver os eventos, novidades, resumos, aulas, revisões de conteúdo e monitoria de estudo, além de um fórum para interagir com outros alunos e professores.

Feira dos Municípios volta dez anos depois

O Governo do Piauí vai oferecer diversos serviços públicos durante a Feira dos Municípios 2023, que começa nesta quinta-feira (21) e segue até domingo (24), no Centro de Convenções de Teresina (CCT).

Um estande com a oferta de serviços e informações de 13 órgãos do Estado funcionará nos dias da feira, de 17h às 22h.

A Feira dos Município volta a ser realizada após uma década e divulga as potencialidades dos 224 municípios do Piauí, possibilitando a troca de experiências, novas vivências, conhecimento, qualificação, intercâmbio cultural e valorização do turismo.

A programação inclui artesanato, culinária, palestras, apresentações culturais e shows, ocupando todos os espaços do Centro de Convenções de Teresina.

Associação dos Delegados da PF lança Clube de Leitura

A Associação dos Delegados da Polícia Federal no Piauí lançou ontem à noite (31/08) o seu Clube Literário durante sarau realizado no restaurante Faustino.

O autor homenageado foi o poeta Salgado Maranhão, que se fez presente, declamou seus poemas e ouviu seus versos declamados também pelos convidados.

O professor Kassio Gomes, presidente da Fundação Quixote e coordenador do Salão do Livro do Piauí, foi o mestre de cerimônia.

O chef Faustino apresentou um cardápio especial para os presentes.

A animação musical ficou por conta do violinista Josué Costa e da cantora Luiza Miranda.

Surpresa

O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, e sua esposa Regina Franco Tavares participaram do evento como convidados do poeta homenageado.

A presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal no Piauí, Léa Muniz, disse que pretende realizar o evento a cada dois meses, sempre com a presença de um autor convidado.

O presidente da APL elogiou a iniciativa e disse que ela surpreendia, por partir de uma categoria de perfil profissional essencialmente técnico.

Ele afirmou que as iniciativas de incentivo à leitura são sempre muito bem-vindas.

Também cumprimentou a associação pela escolha do autor que abriu o projeto, Salgado Maranhão, hoje um nome internacional da poesia brasileira bastante identificado com o Piauí.

Delegada Léa Muniz, presidente da Associação dos Delegados da PF no Piauí.

Academias promovem intercâmbio cultural

Livros de vários autores publicados pela Academia Maranhense de Letras foram doados à Academia Piauiense de Letras.

O presidente da AML, Lourival Serejo, fez a entrega das obras ao presidente da APL, Zózimo Tavares, e aos acadêmicos Fonseca Neto e Felipe Mendes.

Os três acadêmicos piauienses participaram de sessão da Academia Maranhense de Letras no último dia 13.

Na ocasião, o acadêmico Fonseca Neto lançou o seu livro “Pátinas do Tempo”, tese de doutorado que tem como objeto de estudo o Patrimônio Histórico e Cultural de São Luís.

A APL também fez a doação de obras de autores piauienses à AML, inclusive a segunda parte da Coleção Centenário.

A primeira parte desta coleção foi entregue à Academia Maranhense de Letras pelo então presidente Nelson Nery.

O presidente da APL disse que o encontro entre as duas Academias fortalece ainda mais os laços culturais que existem entre o Piauí e o Maranhão.

(Imagens: Luciano Klaus)

Inaugurada Biblioteca Médica

O médico, professor e acadêmico Luiz Ayrton Santos Júnior inaugurou em sua residência a Biblioteca Gisleno Feitosa, que reúne o acervo bibliográfico de médicos no Piauí e material da prática médica no Estado.

Segundo o médico, o acervo está em formação e qualquer um que tenha informação ou objeto relativo à sua proposta poderá contribuir compartilhando.

A inauguração da nova biblioteca ocorreu ontem (01/07), com a participação de médicos, destacando-se o homenageado, profissionais de saúde e outros convidados, entre eles os acadêmicos Carlos Evandro, Felipe Mendes, Oton Lustosa e Zózimo Tavares.

APL sobe aos sertões

Fonseca Neto (*)

Um fato sem similar na existência secular da Academia Piauiense de Letras: uma sessão fora da cidade de Teresina, sua sede e capital do Piauí. Aconteceu, em dose dupla. A APL foi a São Raimundo Nonato e Oeiras, sertão de dentro do Estado.

Excursão, mesmo expedição, planejada ainda no começo de 2020, antes do ataque covidiano. Agora, sim. E foi um prodígio.

As academias em geral são forjadas para os compartilhamentos e mesuras amenas da vida urbana, naquele sentido de ajuntamento distinto da ruralidade. São elas associadas a centros de estudo e a universidades, também estas chamadas de Academia.

Mais remotamente, devem ter existido nas antiquíssimas Índia e China, no Egito multimilenar, no arquipélago que os helenos cobriram de exercícios de pensar e disseminaram narrativas a mancheias. Alexandria, ali por perto, e as ágoras gregas, são uma referência mais próxima dessas organizações, tudo antes da refundação cristianista. Todos conhecemos o que viria depois; o que veio.

Pois a APL, reduto virtuoso de escritores destacados, puxa tais linhas longas dessas tradições. Emprega-se em escrevinhar o Brasil a partir do Piauí, sendo a instituição cultural local com maior índice de publicação de livros e revistas. Ressalvo a Editora Nova Aliança, que é comercial mas se orienta por notável vocação em dá vazão a bons títulos lavrados aqui.

Em São Raimundo, a APL foi ver, e viu, a extraordinária experiência que ali acontece, no campo da investigação científica e interdisciplinar sobre a “origem do homem americano”, elaborando um conhecimento apurado e que põe o Piauí num ponto de visibilização muito oportuno em face da inteligência aprimorada. E não somente do “homem”, ali se remexe os acúmulos de milhões de anos de fauna, vegetais e pedras.        

Foram diversos momentos de contato com essas experiências – incluindo um encontro com sua líder – que o grupo expedicionário realizou. Sessão formal com palestras, recitações, jantares… Idas a museus e, melhor, visita ao Parque Nacional da Serra da Capivara, inscrito pela Unesco como patrimônio mundial, cultural e ambiental da Humanidade.

O autor destas linhas integrando a expedição, todos estivemos diante da icônica pedra furada, contemplando-a, de seu terreiro, que lembra um átrio de majestoso templo, esculpido pela natureza em transe, isto é, no tempo e o vento quando ali confluem e transam sob a injunção do Cosmos.

Estivemos sob a imensa concha talhada em que foram gravadas as “pinturas rupestres” mais conhecidas do sítio.

Em Oeiras, cidade-patrimônio nacional, o segundo ponto dessa viagem da APL, para integrar a celebração da lembrança dos acontecimentos de 24 de janeiro de 1823, que levaram à adesão do Piauí ao Império sustentado por D. Pedro I, desde o ano anterior.

Ali, a APL, em solenidade cultural-cívica pujante, juntamente o Instituto Histórico de Oeiras e o Governo do Estado, inaugurou-se o Ano Acadêmico de 2023, com ardentes cantatas de hinos ufanos, solenes falas sobre a cidade-mãe do Piauí e, nos sentidos da localidade, alusões sobre a força do protagonismo da antiga capital na construção do separatismo do Norte em relação a Portugal.

Acadêmicos também visitaram museus, monumentos, além da catedral concluída em 1733, erguida com e sobre os imensos lajedos que forram em pedra a cidade fundada pelos padres Miguel e Tomé de Carvalho, em 1697, cumprindo uma missão pastoral de 1696 em nome do bispo.

Inesquecível para os visitantes de longe, a audição e visão do referido hino de Oeiras, cujo estribilho aclama a antiga póvoa do Mocha como cidade Invicta! Que luta, reluta. Cidade cujos pagos sustentam a existência de um povo crente, laborioso, reverente a seu passado.

A APL contemplou nesses dias diferentes de sua própria história, uma Oeiras-relicário das tranqueiras longamente dadas. Também de uma Oeiras já expandida fisicamente e cada vez mais envolvida num esforço de se deixar caminhar sob os impulsos virtuosos das engrenagens da indústria do turismo, atividade contemporânea mais que vital na economia das trocas reais, tangíveis e simbólicas.

Conhecer mais e melhor o Piauí para além de Teresina é uma urgência. Há cidades vibrantes, bonitas, com cantos e recantos e com iniciativas que lhes permitem organizar um rumo de futuro mais auspicioso.  A APL voltou mais piauiense que nunca.

(*) Professor, historiador e membro da APL.