Anfrísio Neto Lobão vence a eleição para a Cadeira 20

O médico e professor Anfrísio Neto Lobão Castelo Branco venceu a disputa pela Cadeira 20 da Academia Piauiense de Letras, que teve como último ocupante o padre Raimundo José Airemoraes Soares.

A eleição foi realizada neste sábado (17/04) e Anfrísio obteve 24 dos 37 votos computados. O segundo colocado foi João Pedro Ayremoraes Soares, com 7 votos.

Os candidatos Diego Mendes de Sousa e Kenard Kruel obtiveram dois votos, cada um, enquanto João José Bastos Lapa ficou com um voto. Foi registrado um voto em branco.

O processo de escolha do novo imortal foi conduzido pela Comissão Eleitoral presidida pelo acadêmico Reginaldo Miranda e composta pelos acadêmicos Magno Pires, Fonseca Neto, Dilson Lages e Elmar Carvalho.

O novo acadêmico

Anfrísio Lobão é médico psiquiatra.  É também professor universitário aposentado. Foi reitor da Universidade Federal do Piauí, secretário de Saúde, de Governo e de Educação do Estado do Piauí. Presidiu do Tribunal de Contas do Estado. É conselheiro aposentado do TCE.

O romance “Mandu Ladino” é sua obra-prima. Ele escreveu também “Abelheiras” e outras obras na área cientifica.

Livro não é luxo

Por Vitor Tavares, Diego Drumond, Hubert Alquéres e Luciano Monteiro:

Jorge Amado, um dos maiores escritores da literatura brasileira, estaria atônito com a intenção do Governo Federal de incluir na reforma tributária a taxação de 12% no preço dos livros.

Em 1945, Amado foi o deputado federal mais votado do estado de São Paulo e tornou-se membro da Assembleia Nacional Constituinte. Deve-se ao autor de “Gabriela, Cravo e Canela” e “Capitães de Areia” a emenda que instituiu na Constituição de 1946 a imunidade fiscal do papel destinado a impressão de livros, jornais e revistas. O então deputado tinha como objetivo estimular a leitura no país, tornando-a acessível aos mais pobres.

Os constituintes de 1988 tiveram o mesmo propósito de Jorge Amado ao consolidar a isenção, vedando à união, estados e municípios criar qualquer tipo de imposto sobre livros.

Há uma lógica cristalina na isenção. Quanto mais barato o preço do livro, mais pessoas de menor poder aquisitivo ingressam no mundo da leitura. O inverso também é verdadeiro. Quanto mais caro, mais o mercado editorial se elitizará.

Não se sabe de que cartola foi tirada a ideia de que ler livro é coisa de gente rica. Ela é defendida pelo governo na defesa do PL 3887 que institui a Contribuição Social Sobre Operações com Bens e Serviços (CBS). A desmenti-la existe uma série de dados. Olhando o mercado como um todo, os livros mais vendidos no Brasil são a Bíblia, os didáticos e paradidáticos. Não consta que a maioria dos religiosos e dos estudantes brasileiros sejam das classes mais altas. Ao fazer um recorte para os livros não-didáticos, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (IBGE) mostra que o consumo está dividido em 50% entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos e abaixo desse valor.

Outros dados relevantes estão na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 2019-2020, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural. O estudo comprova que hoje existe um contingente de 27 milhões de brasileiros das classes C, D e E que são consumidores de livros. Isso significa que uma eventual aplicação da CBS, ao aumentar o preço dos livros, vai prejudicar o acesso justamente da população mais vulnerável.

Quem compartilha da tese de que “quem lê livro é rico”, visão elitista e ultrapassada do consumo de livros, age no sentido inverso da inclusão e melhoria da educação no país. Os defensores da taxação não devem ter visitado as Bienais do Livro que ocorrem na maioria dos estados brasileiros, capitaneadas pelas edições de São Paulo e do Rio de Janeiro. Bastaria passar os olhos nesses encontros para constatar que a frase não se sustenta em pé. Grande parte do público era de jovens da classe C, fenômeno que tem se repetido em sucessivas feiras de livros.

Também conviria aos defensores da tributação conhecer a Festa Literária das Periferias (Flup), indicada ao Prêmio Jabuti de 2020 na categoria “Fomento à Leitura” por acreditar no papel transformador que um livro pode ter na vida de quem tem poucos recursos. Nas edições da Flup, 97% do público se declararam leitores frequentes.

O livro é ferramenta básica de educação, conhecimento, cidadania e de mobilidade social. Existe uma comprovada correlação entre crescimento econômico, melhoria da escolaridade e aumento da acessibilidade ao livro. É preciso enfatizar que onerar e encarecer os livros será um desinvestimento no crescimento futuro do Brasil, sem falar em desestímulo no combate contra a desigualdade. Além disso, a proposta de taxar o livro vai na contramão da Lei 10.753/2003, que instituiu a Política Nacional do Livro e que tem como objetivo garantir o acesso e uso do livro a todos os cidadãos.

Se a medida prosperar, o setor calcula que o preço de uma obra literária terá um aumento médio de 20%. A consequência será uma profunda desorganização do mercado editorial, com impacto no emprego e quebra de editoras e livrarias. Mais grave: desestímulo à leitura, aí sim, transformando-a em um bem acessível apenas às elites.

Onde o governo foi buscar tamanha inspiração?

Na América Latina, apenas Chile e Guatemala tributam os livros. O Reino Unido, por exemplo, acelerou os planos para zerar a alíquota sobre os livros.

Perto de nós, o Uruguai nos faz passar vergonha. Quando veio a pandemia, seu governo incluiu livros na cesta básica distribuída para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Entre as obras distribuídas, clássicos de Hermann Hesse, Aldous Huxley, Alberto Camus, Júlio Verne e George Orwell. A literatura uruguaia foi contemplada com escritores canônicos, como Horácio Quiroga e Juan José Morosoli, e contemporâneos como Fabian Severo. Não pensem que o governo do país vizinho é de esquerda. É de centro-direita, profundamente democrático e amante da liberdade.

A democratização do saber e da cultura só foi possível graças a Gutemberg, o inventor da imprensa. Antes dele, os livros eram escritos em pergaminhos e de circulação restrita a mosteiros, conventos e algumas pouquíssimas universidades. A invenção de Gutemberg possibilitou que milhões e milhões de pessoas saíssem da escuridão, se alfabetizassem e tivessem acesso a um bem que antes era privilégio da elite eclesiástica e da nobreza.

A proposta do governo quer voltar a esses tempos.

Vitor Tavares, Diego Drumond, Hubert Alquéres e Luciano Monteiro são, respectivamente, presidente e vice-presidentes da Câmara Brasileira do Livro.

Consumo de livros digitais escala com pandemia de Covid-19

A pandemia de Covid-19 acelerou algumas tendências de consumo mundo afora. Não foi diferente com a leitura. Com as livrarias fechadas em função das medidas restritivas para evitar o contágio pelo vírus, o canal digital de vendas explodiu, consagrando não só os sites de e-commerce mais conhecidos (como a Amazon), mas também outros modelos de negócios que ainda estavam num estágio incipiente. Nesse sentido, os audiolivros e os e-books ganharam espaço. “Ainda estamos consolidando os dados de performance desses segmentos em 2020, mas posso dizer que há um crescimento grande, sobretudo no mercado de e-books, que deve apresentar uma alta entre 50% e 100%”, diz Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, o Snel, e sócio da editora Sextante.

Segundo a última pesquisa feita em parceria entre a consultoria Nielsen, o Snel e a Câmara Brasileira do Livro, o faturamento de conteúdo digital no mercado editorial cresceu 115% entre 2016 e o fim de 2019, quando registrou receita de 103 milhões de reais.

Com o mercado de livrarias em parafuso por conta da pandemia, os meios digitais estão a caminho da popularização. A comodidade para leitura (basta um smartphone para acessar aos conteúdos) e a vastidão de títulos disponíveis é o principal argumento dos defensores da digitalização da leitura. Com receita de 20,1 milhões de reais em 2020, avanço de 42% frente ao ano anterior, e lucro bruto de 11,9 milhões de reais, a Ubook quer conquistar os clientes pelos ouvidos. Idealizada em 2014 pelos sócios Flávio Osso e Eduardo Albano, a empresa cresceu a passos largos nos últimos anos capitalizando recursos com fundos de investimentos e está em vias de realizar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) na bolsa de valores de São Paulo, a B3.

Médico toma posse na Cadeira 16 da APL

O médico, professor e escritor Luiz Ayrton Santos Júnior é o mais novo membro da Academia Piauiense de Letras. Ele tomou posse ontem (13/04) à noite na Cadeira 16, que teve como último ocupante o psiquiatra Eustachio Portella.

Em seu discurso de posse o novo acadêmico reviveu a sua infância em Teresina, a juventude em Recife, onde se formou, e a sua carreira profissional, que soma 30 anos.

O discurso de recepção foi feito pelo acadêmico Nelson Nery Costa, que enalteceu o preparo intelectual de Luiz Ayrton Santos Júnior e a sua dedicação à cultura e às causas sociais.

O presidente da APL, Zózimo Tavares, deu as boas-vindas ao acadêmico e destacou que ele já era integrado à Casa de Lucídio Freitas, participando sempre de suas atividades.

Posse virtual

A sessão foi realizada no formato virtual, em função da pandemia da Covid-19, com transmissão pelo Canal da APL no YouTube. 

Além dos acadêmicos, participaram do evento convidados de vários Estados brasileiros e também do exterior.

Luiz Ayrton Santos Júnior foi eleito para a APL em 13 de fevereiro. Ele formou-se em medicina pela Universidade de Pernambuco (1984). É mestre em Medicina pela Universidade de São Paulo (1997) e doutor em Cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Mastologista pela Sociedade Brasileira de Mastologia.

Professor fundador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Piauí, onde ministra Bioética e História da Medicina, e professor Adjunto 4 de Bioética da Universidade Federal do Piauí.

É também empreendedor social desde 1991. Organizou em 1998 a Fundação Maria Carvalho Santos, que cuida da problemática do câncer de mama. Presidiu a Academia de Medicina do Piauí.

Tem 5 livros publicados em Medicina, dois de poesia e um de literatura infanto-juvenil.

‘Decamerão’ inspira contos de autores internacionais sobre pandemia

Em plena pandemia, Julia decide fazer um tratamento estético em um spa aberto de forma clandestina. Prestes a completar 40 anos e em vias de ter um ataque de nervos, a moça não resiste à tentação de burlar o confinamento. No local, recebe uma sugestão inusitada: a melhor maneira de rejuvenescer a pele seria por meio de uma técnica hipotética que consiste em apagar parte da memória — afinal, as lembranças ruins tiram o viço do rosto. Ela topa o tratamento, e o peso das más notícias se vai. Mas, ao deixar o spa alegre como nunca, Julia não entende por que as ruas estão tão vazias, nem o motivo pelo qual as pessoas usam máscara no rosto e a julgam enquanto ostenta um sorriso que nada condiz com o entorno. Da alienação da personagem, a escritora canadense Mona Awad extrai uma narrativa de ironia cortante em Um Céu Azul Desses, um dos 29 contos da coletânea O Projeto Decamerão. O livro recém-­lançado no país junta um time bamba de escritores de todo o mundo para criar tramas cômicas, espantosas, melancólicas e até sobrenaturais inspiradas nestes estranhos tempos do coronavírus. Assinam os textos desde autores renomados, como a canadense Margaret Atwood, o irlandês Colm Tóibín e o moçambicano Mia Couto, até talentos que merecem atenção, caso do italiano Paolo Giordano e do brasileiro Julián Fuks.

Como entrega o título, o livro toma emprestada a ideia do clássico Decamerão. A obra do italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375) apresenta 100 novelas que servem como distração enquanto a peste negra assola Florença, em 1348. Refugiados no campo, os dez jovens narradores (sete mulheres e três homens) por vezes observam a tragédia por uma óptica satírica, e por outras abandonam a realidade da devastadora doença que assolava a cidade italiana para rir de anedotas frugais sobre a aristocracia e o clero, com ênfase nos prazeres carnais.

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Quando a Covid-19 obrigou o mundo a mudar sua rotina, a obra do século XIV cresceu em vendas, revelando-se um consolo apropriado na luta contra a “peste” atual (recomenda-se vivamente ao leitor de hoje, aliás, apreciar Boccaccio, um autor inesgotável). A transformação da obra em best-seller motivou o jornal americano The New York Times a encomendar contos na mesma linha a diversos autores. Eles a princípio resistiram, mas acabaram seduzidos pela ideia. É nessas horas, afinal, que a literatura e o humor revelam seu poder de tocar as pessoas.

Os contos do Projeto Decamerão comprovam que a possibilidade de rir e de se ver no espelho da ficção pode ser um santo remédio para expiar as dores do mundo. O americano John Wray narra a história de um espertalhão que, em Barcelona, aluga os próprios cachorros a quem quer furar o lockdown, já que o passeio com animais é permitido pelas autoridades espanholas. Tóibín escreve sobre um homem em quarentena com o namorado, que inveja a vida feliz de um popular casal gay nas redes sociais. Em Um Gentil Ladrão, Couto apresenta um idoso pobre de um bairro remoto que recebe a visita de um agente de saúde, mas, sem entender o motivo, acha que está sendo assaltado. Num registro mais pungente, o paulistano Fuks tece uma reflexão sobre o congelamento do tempo na pandemia.

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Mas é Margaret Atwood, a dama distópica de O Conto da Aia, quem dialoga com Boccaccio da maneira mais criativa. Em Griselda, a Impaciente, a autora bebe de uma das novelas mais conhecidas do Decamerão — adicionando-lhe, contudo, as cores feministas tão comuns em suas tramas. O italiano narra a trajetória de Griselda, a Paciente, uma mulher que supera todas as provações impostas por seu marido, um nobre que a tirou da pobreza. Margaret inventa uma irmã ­gêmea dela, batizada de Griselda, a Impaciente, que move uma vingança contra o cunhado. Não bastasse a inversão sarcástica, a autora ainda embala a trama em um contexto surreal no qual alienígenas chegam à Terra para ajudar a humanidade — e dão voz à versão empoderada da história de Griselda. As pandemias mudam, mas os dilemas continuam iguais.

APL dá posse a novo acadêmico nesta terça-feira, 13

A Academia Piauiense de Letras dá posse, nesta terça-feira (13/04), às 18 horas, ao médico e professor universitário Luiz Ayrton Santos Júnior na Cadeira 16, que teve como último ocupante o psiquiatra Eustachio Portella.

A sessão solene de posse do novo acadêmico será realizada no formato virtual, em função da pandemia da Covid-19. O discurso de saudação será proferido pelo acadêmico Nelson Nery Costa.

O presidente da Academia, jornalista Zózimo Tavares, informou que o ato pode ser acompanhado através do Canal da APL no YouTube.

 

Ensino, literatura e empreendedorismo social

Luiz Ayrton Santos Júnior foi eleito para a APL em 13 de fevereiro. Ele é médico pela Universidade de Pernambuco (1984), mestre em Medicina pela Universidade de São Paulo (1997) e doutor em Cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Mastologista pela Sociedade Brasileira de Mastologia.

Professor fundador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Piauí, onde ministra Bioética e História da Medicina, e professor Adjunto 4 de Bioética da Universidade Federal do Piauí.

É também empreendedor social desde 1991. Organizou em 1998 a Fundação Maria Carvalho Santos, que cuida da problemática do câncer de mama. Presidiu a Academia de Medicina do Piauí.

Tem 5 livros publicados em Medicina, dois de poesia e um de literatura infanto-juvenil.

Luiz Ayrton Santos Júnior: posse na Cadeira 16 da APL

Snel rebate documento da Receita Federal sobre tributação de livros

Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) rebateu o documento “Perguntas e Respostas” da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) da Receita Federal, que defende o fim da isenção de impostos sobre livros. Em posicionamento enviado a VEJA, Marcos da Veiga Pereira, presidente da associação, diz “não acreditar na promessa” feita pelo governo, que alega que o dinheiro arrecadado com a nova tributação poderá ser empregado em “políticas focalizadas no âmbito da CBS”.

“O Brasil nunca investiu efetivamente em Cultura e Educação, e o resultado está refletido nas posições vergonhosas que ocupamos no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA)”, disse Pereira. Em 2020, o país ocupou a 84ª posição em ranking mundial do IDH, e, em 2019, a 57ª do PISA – dados que ainda não refletem o impacto da pandemia do novo coronavírus.

A resposta da SNEL vem na esteira de uma polêmica justificativa da Receita Federal para a aprovação do Projeto de Lei 3887/20, que pauta o novo tributo CBS como substituto dos outros dois em vigor (Contribuição ao PIS/Pasep e Cofins). Para ela, a maior parte dos livros não-didáticos do país é consumida pela parcela da população mais rica, com renda superior a dez salários mínimos, e que, portanto, faz sentido acabar com os benefícios fiscais concedidos ao mercado editorial.

“Analisando o estudo da Pesquisa de Orçamentos Familiares (IBGE) entre 2017 e 2018, o consumo de livros não-didáticos é dividido em 50% entre as famílias com renda acima e abaixo de dez salários mínimos. Mas a tese da receita confirma a profecia autorrealizável, de que o livro no Brasil é para os ricos”, disse o presidente da Snel. Com a aprovação da CBS, a associação estima um aumento em 20% do preço final ao consumidor – previsão que dificultará ainda mais o acesso, já baixo, à leitura. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 27 milhões de pessoas das classes C, D e E dizem que gostariam de ler mais. “São brasileiros que não consomem mais livros porque o poder aquisitivo deles é baixo. Eles querem ler mais”, disse Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, em entrevista a VEJA.

A péssima ideia do governo de taxar venda de livros porque “só ricos” leem

Dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2020, apontam que o brasileiro lê apenas cinco livros por ano – enquanto a média mundial é de doze obras no mesmo período. A baixa adesão dos cidadãos do país à leitura é uma tragédia crônica que muitos governos, com maior ou menor boa vontade, buscaram em vão reverter ao longo de décadas. Mas o governo atual aparentemente não se importa com seus efeitos – muito pelo contrário.

Um novo documento sobre reforma tributária, lançado esta semana pela Receita Federal, defende o fim da isenção de impostos para livros. Segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), isso poderia aumentar em 20% o preço final para o consumidor – a medida seria, em resumo, um eloquente incentivo para o brasileiro ler menos. “É uma aberração o que estão querendo fazer com um produto tão nobre e tão democrático”, resume Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

Ao gritar contra uma ideia dessas, é claro que o setor quer defender seu peixe – afinal, elevar o imposto sobre os livros pode ser o golpe de misericórdia num mercado combalido por uma crise sem fim, e que ganhou tons dramáticos na pandemia. Mas a questão não pode ser vista só como um problema econômico: tem a ver com o que se espera do Brasil para as futuras gerações.

A justificativa da Receita é que a maior parte dos livros no país é consumida pelos ricos, com renda superior a dez salários mínimos. Com base na última Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, o fisco crava ainda que famílias com renda de até dois salários mínimos apenas consomem livros didáticos. Usar esses dados como argumento para eliminar o incentivo à leitura é de uma miopia tacanha: se o pobre não gosta de ler mesmo, que se dane o preço do livro, eis o que está quase explícito no raciocínio. Mas o fato de o brasileiro – pobre ou rico – ler desesperadamente pouco é um problema grave, uma vergonha nacional a ser superada. Ir na contramão disso é assumir-se como a pátria da ignorância.

A mudança proposta em gestação na Receita Federal prevê a criação de uma alíquota de 12% sobre operações com bens e serviços no mercado interno e em importações – incluindo livros. Segundo o documento, os benefícios fiscais “foram revistos com o objetivo de avaliar sua efetividade” e “qual a camada da população que estaria se beneficiando”. Assim, a Receita afirma que não existem avaliações que indiquem redução do preço dos livros após a concessão da isenção da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.

As pesquisas que se debruçam sobre o consumo de livros no países, contudo, desmentem essa percepção superficial. Os números do levantamento Retratos da Leitura no Brasil mostram um quadro alarmante: de 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%, sendo a maior queda observada justamente entre a classe A, na qual o percentual de leitores passou de 76% para 67%. “

“Não procede dizer que quem consome livros, exceto os didáticos, é a elite”, diz Tavares, da CBL. “Ele é feito para todas as camadas da população”. Segundo a mesma pesquisa, 27 milhões de pessoas das classes C, D e E dizem que gostariam de ler mais. “São brasileiros que não consomem mais livros porque o poder aquisitivo deles é baixo. Eles querem ler mais. Por isso que temos que ter grandes bibliotecas, escolas muito boas. O caminho para transformar um país, ainda mais do tamanho do Brasil, é pela educação, pelos bons livros que devem ser acessíveis para todas as camadas da população”, conclui Tavares.

A mesma percepção de que o diagnóstico é o oposto daquele feito pela Receita vem da observação de quem lida com o público diretamente nas livrarias e eventos do ramo. “A impressão que eu tenho é que (os técnicos do governo) nunca foram a uma Bienal do Livro. Lá, se testemunham cenas muito emocionantes. São pessoas que vieram da periferia, que juntaram um dinheiro específico para ir ao evento à espera de que as editoras consigam fazer um preço um pouquinho melhor, que literalmente contam moedas para comprar um livro”, diz Mauro Palermo, diretor da Globo Livros. “Essas pessoas não são da elite, e a intenção delas é claramente a ascensão social, buscando um passaporte para uma vida melhor através da leitura. Não tem coisa mais nobre que isso”, completa. Não há como discordar.

Movimento Vacina Brasil

Mesmo com a vacinação contra a Covid-19 avançando cada vez mais, é muito importante continuarmos cuidando uns dos outros. Por isso, lave sempre as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel, evite aglomerações, mantenha o distanciamento e use máscara. Contra a Covid-19, o cuidado é de cada um. A responsabilidade é de todos. Brasil unido.

#PátriaVacinada

Preservação Digital | V Seminário Internacional de Preservação Digital (SINPRED) será realizado em maio

Acontecerá entre os dias 12 e 14 de maio de 2021, de forma online, a quinta edição do Seminário Internacional de Preservação Digital (V SINPRED), organizado pela Rede Brasileira de Preservação Digital – Cariniana. Na ocasião, serão realizados o VI Encontro da Rede Cariniana e o V Encontro da rede de Pesquisa Dríade simultaneamente ao Seminário.

A iniciativa é do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e busca promover o intercâmbio de informações e experiências entre parceiros e usuários dos serviços oferecidos pela Rede.

O evento, que contará com a participação de vários representantes de instituições nacionais e internacionais, será gratuito, com tradução simultânea e contará com debates, palestras, reuniões e workshops com a participação de colaboradores da Rede Cariniana, representantes de diversas instituições parceiras, como a Fundação Biblioteca Nacional, além de usuários e pesquisadores interessados na preservação digital.

Joaquim Marçal, coordenador da BNDigital, participará da Mesa 4: Política e Planejamento da Preservação Digital. (http://eventoscariniana.ibict.br/index.php/sinpred5/navigationMenu/view/…)

Gabriela Ayres Ferreira Terrada, Bibliotecária e Arquivista da Biblioteca Nacional Digital -BND, fará parte da comissão organizadora. (http://eventoscariniana.ibict.br/index.php/sinpred5/navigationMenu/view/…).

Segue a divulgação do IBICT https://www.ibict.br/sala-de-imprensa/noticias/item/2797-v-seminario-int…

Em Nota de Pesar, APL destaca apoio de Firmino à cultura

A Academia Piauiense de Letras destacou o apoio que o ex-prefeito Firmino Filho deu à cultura e à literatura na Nota de Pesar que divulgou a propósito do falecimento do ex-gestor.

Conforme a nota, “Em seus quatro mandatos como Prefeito, ele foi um parceiro de primeira hora desta Academia, viabilizando muitos dos projetos literários e culturais executados no período”.

Em um dos últimos atos de sua gestão, em 22 de janeiro de 2020, o então presidente da APL, Nelson Nery Costa, informava que a Prefeitura de Teresina havia liberado R$ 300 mil para a APL durante os três mandatos de sua diretoria (2014 a 2020).

“Foram 50 mil reais por ano e, com esses recursos, pudemos executar muitos projetos literários”, enfatizou Nelson Nery, na presença de Firmino Filho, que participava do lançamento da segunda edição do livro autobiográfico “Trechos do meu Caminho”, do ex-governador Leônidas Melo, publicado pela Academia através da Coleção Centenário.

Firmino Filho voltaria à Academia Piauiense de Letras dois dias depois, para a solenidade de posse da nova diretoria, presidida pelo jornalista Zózimo Tavares. O jornalista foi secretário municipal de Comunicação no primeiro mandato do prefeito Firmino Filho (1997-2000).

Nota de Pesar

A Academia Piauiense de Letras expressa seu profundo pesar pelo falecimento do Ex-Prefeito Firmino da Silveira Soares Filho, ocorrido nesta data, nesta Capital.

Em seus quatro mandatos como Prefeito, ele foi um parceiro de primeira hora desta Academia, viabilizando muitos dos projetos literários e culturais executados no período.

Firmino Filho se despede da vida deixando um exemplo marcante e edificante de devoção à atividade política e à gestão pública, no exercício das quais se distinguiu pela sua inteligência, seu vigor administrativo, firmeza e zelo na condução do interesse coletivo.

Teresina ficou maior e melhor com ele, através de grandes projetos de inclusão social, como o “Vila Bairro”; premiado internacionalmente; o Projeto Lagoas do Norte, apontando pelo Banco Mundial como modelo de saneamento básico e preservação ambiental; e os que levaram a cidade a pontificar como referência nacional em educação.

Que Teresina, a família, e os amigos do Ex-prefeito, bem como os que o admiravam, encontrem conforto espiritual diante desta grande e irreparável perda!

Teresina, 6 de abril de 2021

 Acadêmico ZÓZIMO TAVARES MENDES
Presidente da Academia Piauiense de Letras

LIVES DA BN | História familiar, Genealogia e Acervos digitais – Percursos e percalços

Na série das Lives da BN de 29 de abril Flauber Barros Leira e Luíra Freire Monteiro irão falar sobre Genealogia e história familiar, tendo em vista os acervos digitais, como no caso da própria Biblioteca Nacional.

Na conversa os seguintes tópicos serão tratados: a história dos núcleos familiares na Paraíba, seus instrumentos de pesquisa e sua importância; questão da imigração; o trabalho de catalogação, preservação e digitalização; o papel da genealogia e seu devido lugar nas ciências sociais para compreensão da história; e, as fontes primárias que auxiliam o seu estudo, seus conteúdos e sua localização.

LIVES DA BN
quinta-feira, 29 de abril de 2021
17:00
História familiar, Genealogia e Acervos digitais – Percursos e percalços
Flauber Barros Leira (HGGP Online, CBG)
Luíra Freire Monteiro (NUPEHL-UEPB)

Flauber Barros Leira, nascido na capital do Rio de Janeiro de um pai de oriundo Cariri Paraibano, com ascendência do Minho Português e de uma mãe capixaba, com ascendência de migrantes portugueses que do interior de Minas, se fixaram na região serrana do Espírito Santo.

É aeronauta por profissão e pesquisador de História e Genealogia por paixão. Sócio honorário do IHGSB, Sócio-correspondente dos: IPGH, Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica, do IHAGGO, Instituto Histórico Arqueológico e Geográfico de Goiana e do CBG, Colégio Brasileiro de Genealogia. Autor dos artigos: O acervo da antiga freguesia do Cariri de Fora: memória e patrimônio documental de um povo, Revista do IHGSB, Volume 1, 2019 e As imigrações Portuguesas rumo a compreensão da colonização dos interiores da Paraíba, Revista do IPGH, número 22, 2020. Cocriador dos Grupos do HGGP – História, Genealogia e Genética Paraibana e Pernambucana no Facebook e produtor e apresentador do programa HGGP Online, através de seu canal no YouTube: http://www.YouTube.com/c/HGGPonline, que traz videoaulas sobre como fazer genealogia, trazendo dicas, ferramentas. Tendo entrevistado mais de 30 convidados das áreas de História, Genealogia e Genética.

Vem estudando a região dos Cariris Paraibanos há mais de vinte anos, pesquisando as famílias de seus ancestrais Pascácio de Oliveira Ledo, Domingos de Faria Castro, Antônio de Barros Leira, Mateus Antônio Brandão, José da Costa Romeu, Domingos da Costa Souto, Antônio de Sousa Varjão, Antônio Ferreira Guimarães, Domingos da Costa Souto, Estevao da Cunha Porto, Rodrigo Soares de Brito e Vicente Nogueira de Carvalho, entre outros.

Luíra Freire Monteiro é paraibana de nascimento, historiadora por escolha existencial e genealogista por paixão. Atua na docência na Universidade Estadual da Paraíba, onde coordena o NUPEHL – Núcleo de Pesquisa e Extensão em História Local, desde 2017. O foco de suas atividades está no trabalho de digitalização dos jornais locais e, especialmente, nos arquivos do judiciário paraibano, exclusivamente os processos tidos como “autos findos”, sejam inventários e processos no âmbito penal, como um esforço de preservação e divulgação daqueles acervos em favor da pesquisa, nos seus mais distintos campos. Tem pesquisado a imigração do século XX para Campina Grande – Paraíba, na temporalidade de 1890 a 1970.

 

Acesse o canal da FBN no Youtube para acompanhar esse e outros eventos:

www.youtube.com/c/FundacaoBibliotecaNacional

 

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Secretaria Especial da Cultura

Ministério do Turismo

Governo Federal