Benedito Aurélio de Freitas (Baurélio Mangabeira)

BOÊMIA E LITERATURA 

J. Miguel de Matos*

No dia 21 de junho de 1927, no interior de Alto Longá, realizou- se o casamento civil do nosso estimável camarada Farm.co Benedito Aurélio de Freitas com a elegante senhorita Raimunda de Oliveira Nascimento.

Na maior alegria e cordialidade as festas tiveram início na manhãzinha de 21 e término no dia 23, sempre com danças, durante todos os dias e às noites. No grande jantar fizeram uso da palavra, do sr. coronel Luiz Fernandes de Vasconcelos, o inteligente preceptor Merval Cardoso de Vasconcelos, à prendada senhorita Maria Conduré.

Tomaram parte nas festas os srs. Coronel Manoel Cardoso, Coronel Luiz Fernandes de Vasconcelos e família, Coronel Cândido Saraiva, Coronel Agostinho Martinho Pessoa, Telegrafista Gonzaga Oliveira, professor Merval Cardoso de Vasconcelos, Capitães Sesostris Barros, Anísio F. Lima, Enedino Cavalcante, Antônio Rodrigues, Antônio Eugênio da Costa, Francisco Magalhães, Cícero Augusto, Germiniano Rodrigues, Antônio de Sousa, Simão Vianna e família, Luiz Eugênio da Costa e família, Raimundo Conduru e família, Raimundo Possidônio do Nascimento, Doca Parentes e família, Vitorino Luz Rosa e família

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Jônatas Baptista

E A PAIXÃO PELO TEATRO
Teresinha Queiroz*

A arte dramática é a arte por excelência do século XIX, do ponto de vista da atração e do gosto populares. No Piauí, de acordo com Higino Cunha, o teatro era diversão verdadeiramente atraente, e esse gosto persistiu na primeira década do século XX, conforme atestado por inúmeros registros da época. Sobretudo entre 1908 e 1925, proliferam os clubes dramáticos em Teresina e é perceptível o envolvimento da sociedade local com as atividades teatrais, na condição de promotores, amadores ou apenas assistentes. Esse período coincide com a mais vigorosa atuação de Jônatas Baptista, como escritor, ator e produtor teatral.

A crescente demanda por lazer e por lazer que contemplasse a família burguesa, da incipiente classe média urbana, permite o esforço ora mais, ora menos bem sucedido de produzir e recepcionar grupos e associações diferentes ligados à música, ao teatro, ao cinema e às diversas formas de passeios distintos, do tipo “jardins”, de que em Teresina é expressão maior a Praça Rio Branco, entre a segunda e a quarta décadas deste século. Por outro lado, essa demanda não possibilita a eclosão do interesse pela escritura voltada para o palco. Nesse sentido, Jônatas Baptista é quase o autor único de obras dramáticas no período considerado.

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João Pinheiro

O UNIVERSO MULTIFACETADO DE JOÃO PINHEIRO 

Herculano Moraes* 

Filho do coronel João José Pinheiro e de Maria Castelo Branco, João Pinheiro nasceu em Barras-PI, a 16 de maio de 1877. Seu pai era Maranhense da cidade de Rosário, morando por muitos anos em Barras, onde tornou-se líder político, exercendo os cargos de Secretário de Estado, membro do Conselho Municipal e Deputado Provincial, chegando à presidência da Assembleia.

Concluídos os estudos básicos, Barras tornou-se pequena para os projetos da família. Mudou-se para a cidade de Parnaiba, onde trabalhou no comércio e deu sequência aos estudos. Vem para Teresina e em 1895 está em Salvador (Bahia) matriculado no curso de Odontologia, concluído em 1898. Retornando a Teresina, passa a ocupar destacados cargos na administração pública. Diretor do Liceu Piauiense, entre 1936 e 1938; Diretor da Instrução Pública, catedrático de português.

Em 1917 fundou, com mais nove intelectuais da época, a Academia Piauiense de Letras, passando a ocupar a cadeira de número 2, escolhendo por patrono o poeta Hermínio Castelo Branco.

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Higino Cunha

MESTRE DA GERAÇÃO ACADÊMICA
Francisco Miguel de Moura*

“Também se chama filósofo o homem de caráter, que suporta com fírmeza a dor e a adversidade e sabe conduzir-se moderadamente nos dias felizes bem como o espírito curioso, difícil, investigador, que não se submete ao jugo das autoridades e examina, antes de julgar.” – Higino Cunha 

“O ideal não se define; enxerga-se pelas clareiras que dão para o infinito.” – Rui Barbosa 

Numa abordagem sobre Higino Cunha – figura piauiense das mais fascinantes do fim do século e início deste – não se pode obliterar o lado multifacetado de sua personalidade. Foi poeta, professor, jornalista, historiador, político e orador, sendo esta a faceta mais notada por seus coetâneos, de quem afirmavam ser o mais brilhante tribuno do seu tempo. Mas também desempenhou cargos políticos, interessou-se pela sociologia, pelas entranhas do direito, pela música e escreveu trabalhos que têm a marca do verdadeiro filósofo. Como crítico via o mundo e a arte, a filosofia e a ciência, e deixou um livro de memórias que bem merecia ser reeditado. Foi, portanto, um verdadeiro polígrafo como quase não existe mais. Porém é preciso notar que, naquele tempo, isto acontecia comumente. Clodoaldo Freitas e Abdias Neves, seus contemporâneos, foram polígrafos. E, em termos de Brasil, para citar apenas um, o que foi Machado de Assis senão um polígrafo?

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Fenelon Ferreira Castelo Branco

Wilson Carvalho Gonçalves* 

Magistrado e escritor cuja vida e obra emolduraram uma personalidade que tinha como dotes peculiares a probidade, a cultura e a operosidade postas a serviços de ideais mais sublimes. Foi um dos caráteres mais nobres do seu tempo. Jornalista, foi um dos mais atuantes da imprensa piauiense, versando, com a proficiência que lhe propiciavam a sua vasta cultura e inteligência. Era um homem de imprensa destemido e corajoso. Colaborador assíduo dos principais jornais de Teresina, notadamente dos jornais “O Piauí” e “Correio de Teresina”. Teve, também uma destacada atuação na Revista da Academia Piauiense de Letras e na Litericultura.

Fenelon nasceu na Fazenda Veremos, município de Nossa Senhora da Conceição das Barras, hoje Barras do Marataoan, Estado do Piauí, a 22 de maio de 1874. Eram seus pais Manoel Tomaz Ferreira e Maria de

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Édison Da Paz Cunha

UMA PERSONALIDADE EXPONENCIAL NA HISTÓRIA DA CULTURA PIAUIENSE

Manfredi Mendes de Cerqueira*

Nasceu Édison da Paz Cunha no dia 15 de dezembro de 1891, na cidade de Teresina, Capital do Estado do Piauí, filho de Corina da Paz Cunha e do intelectual Higino Cícero da Cunha.

Edison Cunha foi o primeiro bibliotecário da Academia Piauiense de Letras. Exerceu o cargo com rara competência, apesar de a entidade cultural estar ensaiando os primeiros passos. Estudioso, amigo dos livros, seguia o belo exemplo de seu pai Higino Cunha.

Sabia ele, sem dúvida, que não podemos dissociar os vocábulos livro, biblioteca e cultura, porque eles reciprocamente se solicitam. Um escorço histórico que se faça evidência que somente a partir do século XV, com o Renascimento, foi que teve início um processo, precedido de uma série de transformações no âmbito cultural ligadas à bússola, à pólvora e à impressão de livros.

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Clodoaldo Freitas

INTELIGÊNCIA SUPERIOR 

Celso Barros Coelho*

“Inteligência superior, possuindo largo preparo literário e filosófico, tendo-se ensaiado em várias direções, na crítica das religiões, na política, na história, no romance, no conto e na poesia, foi principalmente, jornalista vivaz, solerte, elegante e maleável, para quem não havia assunto árido, e cuja pena mais se enriquecia em vibrações e mais se aligeirava no produzir, quanto mais dela exigiam as circunstâncias.” – Clóvis Beviláqua (História da Faculdade de Direito do Recife)

Clodoaldo Freitas nasceu em Oeiras em 1855, de onde partiu para estudar no seminário das Mercês de São Luís, concluindo o curso no Liceu Maranhense em 1870.

Transferindo-se depois para a Faculdade de Direito do Recife, ali destacou-se como participante do grupo de Ideia Nova, ao lado de Clóvis Beviláqua e Martins Júnior.

Falando sobre ele, em artigo no Jornal de Recife, Martins Júnior traça assim o seu perfil intelectual, em 22-06-1883:

Espírito inquieto, intransigente, como assinala Martins Júnior, polemista, Clodoaldo Freitas procurou, no Piauí, ambiente propício às expansões de seu talento. O meio, porém, não o ajudou e mesmo tentando, em outras plagas, como Belém, Manaus e Rio de Janeiro, alguma oportunidade, inclusive para ali se fixar, a imagem do Piauí, o cenário das disputas políticas o atraiam sempre, tornando-o, portanto, um homem instável em suas pretensões de ordem política e literária.

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Celso Pinheiro

POESIA E DOR NO SIMBOLISMO DE CELSO PINHEIRO
Hardi Filho*

Se “o fim da arte não é convencer e sim comover”, segundo diz Vargas Vila, não há como ignorar o artista em Celso Pinheiro. Sua poesia comove. E convence. Alta expressão do Simbolismo, podendo e devendo figurar ao lado dos maiores poetas dessa Escola, o mais inspirado vate do Piauí merece não só ser devidamente conhecido e divulgado, mas constituir-se objeto de estudo e permanente reverência, patrimônio que é da literatura e glória que a poesia piauiense, de bom grado, oferece ao Brasil e ao mundo.

Neste trabalho, que sabemos não ter a excelência nem a dimensão dignas do focalizado, tentaremos considerar alguns aspectos que explicitam a transmissível emotividade, a fecunda inspiração, o espontâneo e imponente imagismo de sua poesia. E insistimos nesse particular. Quem se der a deleitosa tarefa de ler a obra de Celso Pinheiro, verá como são comovedoras, em sua totalidade, as produções que o caracterizam através de uma atmosfera ímpar de humano sofrimento.

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Antônio Chaves

O POETA DE NEBULOSA
Maria do Socorro Rios Magalhães*

A estreia literária de Antônio Chaves ocorreu em 1907, com Almas irmãs, obra publicada em parceria com Celso Pinheiro e Zito Batista. Em 1909, a imprensa de Teresina anunciava a publicação de Poema de mágoas,“pequeno folheto contendo versos” . Contudo, a obra da maturidade, só veio em 1916, com o livro Nebulosas, com o qual obteve os maiores aplausos da imprensa, através de artigos críticos de Matias Olímpio, Ney da Silva e Celso Pinheiro, além de outros não assinados.

Nebulosas, escrito em cento e trinta e uma páginas, reúne noventa e dois poemas, entre inéditos e esparsos pelos jornais, distribuídos em três partes: Musa Erradia, Rimas de amor e Evocações. O livro traz um grande número de dedicatórias, sendo a principal a da esposa do autor, a quem foi ofertada a obra como um todo. Contudo, muitos dos poemas do livro são dedicados a pessoas que viveram naquela época – familiares e amigos do poeta – entre os quais diversos intelectuais que exerciam a crítica literária na imprensa local: Clodoaldo Freitas, Corinto Andrade, João Pinheiro, Abdias Neves, Jônatas Batista, Lucídio Freitas, Cristino Castelo Branco, Matias Olímpio e Arimathéa Tito.

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Lucídio Freitas

SUA VIDA/SUA OBRA
Maria Gomes Figueiredo dos Reis*
 
Há oitenta anos, precisamente a 30 de dezembro de 1917, Lucídio Freitas fundava, ao lado de um grupo de intelectuais, a Academia Piauiense de Letras.

A data que estamos a festejar é um marco significativo para a história da cultura piauiense e, coincidentemente, para a memória de Lucídio Freitas. Nesta data, festejamos, igualmente, os ointenta anos da publicação de sua obra Vida Obscura e os setenta e cinco anos da sua morte prematura.

Muito já se escreveu sobre Lucídio Freitas: sua poesia, sua prosa; sua vida, sua morte; seu ideal, sua glória.

Hygino Cunha, Martins Napoleão, Abdias Neves foram alguns dos que traçaram linhas sobre a biografia do poeta.

O poeta louro de tantos versos sonoros, iluminados e ótimos, tinha um encanto pessoal irresistível: – bonito, amável, simples, alegre, comunicativo, bem educado, trajando com esmero, causeur delicioso, pleno de elegância, de graça, de espírito, de finura e de distinção, parecia um ser a parte, baixando do Olimpo à terra…

E assim que o descreve Cristino Castelo Branco em conferência pronunciada em 1930, oito anos após a morte do poeta, sob o título “A Glória de Lucídio Freitas.”

Dele também nos faz um retrato de corpo e alma o grande poeta Celso Pinheiro, em Sombras imortais. Eis o soneto em que o Autor o descreve como um deus pagão, qualifica-o de gênio e o compara ao próprio Cristo.

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