A comunidade Ponta da Serra, de casas dispersas nos contrafortes da Serra de Dois Irmãos, município de Dom Inocêncio, no coração do semiárido piauiense, tem um tesouro arquitetônico de grande valor histórico – a Capela de Nossa Senhora da Conceição.
A construção, supostamente edificada no final do século XIX, foi restaurada com recursos de compensação ambiental (e comprometimento social) da empresa ENEL Green Power, que implanta na região um grande projeto de energia eólica, no alto da Serra, cujo acesso só é possível mediante a construção de estradas para permitir que as enormes carretas levem os equipamentos das torres até o topo, desenhando novos elementos na paisagem seca do sertão, já na divisa com a Bahia.
As obras de restauro da Capela foram realizadas por uma equipe de arqueólogos e pesquisadores, sob a direção da geóloga e arqueóloga Suzana Hirooka.
Tombamento
A Academia Piauiense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Piauí e o Conselho Estadual de Cultura iniciaram entendimentos com vistas ao tombamento da Capela de Nossa Senhora da Conceição, situada a 90 quilômetros do município de Dom Inocêncio e a 700 quilômetros de Teresina.
A capela foi visitada e fotografada no último dia 28 de setembro pelo acadêmico Felipe Mendes, que estava em companhia do escritor Marcos Damasceno.
Conforme pesquisa do escritor e acadêmico Reginaldo Miranda, a capela foi construída em 1870, pelo frei Henrique José Cavalcante.
Museu
Uma escola municipal, próxima da capela, encontra-se fechada, e os estudantes da comunidade deslocam-se para uma escola distante 4 km, já no município de Lagoa do Barro.
Entre a foto antiga e as recentes, vê-se uma construção anexa, onde funciona um pequeno museu, com peças recolhidas no local das obras de restauro, bem como uma recepção do Instituto Ponta da Serra.
O anexo foi feito pela Fundação Ruralista, uma iniciativa do Padre Manoel Lira Parente, que realizou notáveis serviços à população da região, por meio da Fundação Ruralista, por ele criada.
Documentação
Sobre a Capela, o acadêmico Nelson Neri Costa, presidente do Conselho Estadual de Cultura, já firmou compromisso para coordenar os trabalhos que venham resultar em seu tombamento, mediante decreto governamental, para o que também haverá o concurso do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, presidido pelo acadêmico Antônio Fonseca Neto.
O acadêmico Reginaldo Miranda, por sua vez, já iniciou pesquisas em documentação primária para buscar registros da data de sua construção.
O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, afirmou que é importante preservar as linhas arquitetônicas e a história da capelinha perdida nos Sertões de Dentro do Piauí.
(Imagens: Felipe Mendes)