Jonathas Nunes ganha prêmio nacional de crônica

O professor e acadêmico Jonathas Nunes foi o vencedor do Concurso Nacional de Crônica 2023, coordenado nacionalmente pela Associação dos Jornalistas e Escritores do Brasil (AJEB), sediada no Rio de Janeiro.

O edital do Concurso sobre “A literatura regionalista do Nordeste” foi lançado em 2022, sendo realizado este ano.

Jonathas Nunes inscreveu a crônica “A criança que escrevia com as duas mãos”, vencedora do concurso.

O troféu, o colar e a medalha da premiação foram encaminhados para a Academia Piauiense de Letras para serem entregues a Jonathas Nunes.

O presidente da APL, Zózimo Tavares, parabenizou o acadêmico pela conquista literária.

Leia a crônica premiada:

A criança que escrevia com as duas mãos!

                                                      Jonathas Nunes

Nasci canhoto. Fui alfabetizado, escrevendo com a mão esquerda. Os primeiros chutes com bola de pano e de borracha eram instintivamente com o pé esquerdo. A perna direita não tem muita força, nem jeito.  Chute certeiro só com o pé esquerdo. Nas competições de queda de braço, apoiava logo o cotovelo esquerdo sobre a mesa ou peitoril, e até meninos mais altos e mais fortes acabavam perdendo pra mim. Já com a direita, era visível a “capitis diminutio”. Rabo-de-saia da mãe, o hábito é reforçado com a preferência do pai pelo mano mais velho para recado, mensagens, ida à rua, ida ao Puçá, e até viagem a Teresina a serviço.

Desde ainda bem pequeno, minha mãe era, de longe e de perto, a pessoa que mais me cativava. Aos sete ou oito anos de idade, num daqueles fins de tarde, na varanda do Cansanção, em Floriano, ela conversa com algumas pessoas de fora, e, lá pelas tantas, se sai com essa: “Doutor Demerval me disse que o Jontinha (meu apelido familiar) “tem o coração dilatado”. Próximo a ela, ouvi bem a afirmação de minha mãe comigo. Guardei-a sem entender do assunto. A tristeza, em tom de lamento, da palavra materna, de alguma forma excita um par de neurônios na mente daquela criança pela vida afora.

Nas sessões de ginástica de maior esforço físico, na Escola Preparatória, na AMAN, e já Oficial à frente de tropa, invariavelmente, traziam à tona a história do menino do “coração dilatado”. Já tenente em Amaralina, Salvador (BA), numa dessas lembranças, decidi, por precaução e também pra tirar a “prova dos nove”, ser chegada a hora de procurar um médico especialista em coração. Fi-lo com o justo receio de que, em havendo algo mais grave, estaria com a carreira militar comprometida. Agendei a consulta. Consultório bem ali na avenida Sete de Setembro, Centro de Salvador. Explico ao médico o motivo de minha ida ao consultório; este ausculta e manda me deitar numa mesa; não me lembro se chegou a tirar radiografia. Passou algum tempo me auscultando, sem dizer palavra. Não perguntou nada que me chamasse atenção. Ao final, a explanação feita me deixa ainda mais intrigado. Disse: “tenente, até uns vinte anos atrás, a anomalia que você tem era considerada uma doença. Hoje, porém, este fato é considerado apenas uma anomalia congênita. O problema é o seguinte:  as pessoas em geral imaginam que a gente nasce com o músculo cardíaco do lado esquerdo do peito; não é verdade. A posição do músculo cardíaco é rigorosamente no centro da caixa torácica; a extremidade inferior, no entanto, é ligeiramente voltada para a esquerda. Ao palpitar com mais intensidade, a vibração mais acentuada da parte inferior dá a sensação de que o coração como um todo fica do lado esquerdo. No seu caso, porém, o coração como um todo, e não apenas a extremidade inferior, é ligeiramente voltado para a esquerda, dando a impressão de que ele assim está, por efeito de alguma dilatação, o que não é verdade.  Trata-se simplesmente de uma conformação genética”.

Após deixar o consultório, viajo no tempo, aos primeiros dias de internato no Seminário Menor em Teresina. Ao me ver escrevendo com a mão esquerda, o Prefeito Isidoro, Seminarista do último ano, vira-se pra mim em tom de admoestação, e diz: “…olhe… dizem que quem escreve com a mão esquerda tem pauta com o diabo”. Aos treze anos de idade, longe da família, só gente estranha em volta, sinto-me emocionalmente aturdido. Disse pra mim mesmo: “É, desse jeito, vou ter que tentar aprender a escrever com a mão direita”. Na época, o internato funcionava como se cada seminarista fosse uma espécie de redoma de vidro em que a gente vê todo mundo e todo mundo vê a gente, mas sem se falar, a não ser na breve hora do recreio ao meio dia e a noite, após o jantar, e ainda assim, em voz comedida. Pergunta, confusão, dúvida começava na gente, rodopiava dentro da gente e acabava na gente.

Deixar a mão esquerda e reaprender tudo com a direita, por pouco não me custou caro. Discuto o assunto demoradamente. Comigo mesmo. E assim, aos treze anos, parto para o desafio de tentar desenvolver o hemisfério esquerdo do cérebro, responsável pelo lado direito do corpo. Mal sabia eu que os circuitos neurais desses dois hemisférios se cruzam na altura das cordas vocais. Foi o que aconteceu. Mensagens com direções conflitantes se cruzando na altura da garganta, e me põem em situação difícil na pronúncia de fonemas diversos. O Centro Acadêmico Dom Joaquim, se reunia às quintas feiras, à noite, na hora do recreio, no pátio interno do seminário. Conduzido pelo seminarista-chefe, este escalava o orador para de improviso falar sobre algum assunto indicado ou deixado a critério. Passei meses com visível dificuldade na pronúncia de certas palavras na Tribuna. A princípio atribuí o fato ao nervosismo da hora. Cheguei a imaginar que eu estava começando a ficar meio gago, e ainda assim, sem atinar a causa.  A dificuldade em emitir um fonema, me leva a trocar uma palavra por outra, gerando sensação de dislalia.

Já adulto, fui tomando conhecimento de que ao tentar escrever com a mão direita, em oposição ao circuito neural da esquerda, mensagens oriundas dos dois hemisférios do cérebro acabam “se embaralhando” na altura das cordas vocais. Anos após, soube que a dislalia, tal como um dos futuros pokémons do netinho Tutu, bem poderia ter evoluído para algo irreversível. Uma vez mais, o “esforço interior solitário” do adolescente de treze anos estava conseguindo remover … “uma pedra no meio do caminho”.

Duas décadas, após, me vejo matriculado no King´s College da London University. Era um prédio antigo, de uns oito andares, situado ali na Strand, uns quinhentos metros da Trafalgar Square. Integro o Departamento de Matemática Aplicada, e, como estudante de Doutorado, disponho de um bureau no “room F”, sala onde ficavam outros onze estudantes nessa mesma situação. Quem me apresentou pela primeira vez a esses novos colegas foi o amigo brasileiro Marcos Duarte Maia, que eu conhecera ainda em Brasília e me ajudou muito em detalhes da ida para Londres. O Marcos já estava com dois anos no King´s quando lá cheguei. 

Voltando ao assunto da mão esquerda: estava eu já com alguns meses na Universidade, trabalhando no meu bureau, no Room F, quando, certa feita, entram dois Senhores querendo falar comigo. Ao me abordar, foram logo dizendo o seguinte: “Mr. Nunes, olhe, nós pertencemos ao Departamento de Psicologia da Universidade, e tomamos conhecimento que você tem habilidade para escrever com as duas mãos. Gostaríamos então de fazer algumas perguntas, sobre esse assunto:

1) – com qual mão comecei a escrever;

2) – o que me fez escrever com a outra mão;

3) – se ao longo da vida tive algum problema ou dificuldade para falar;

4) – se eu escrevo com as duas mãos indistintamente;

5) – se a grafia das mãos é diferente uma da outra;

6) – se eu escrevo indistintamente com as duas mãos a mesma palavra, ao mesmo tempo.

E a pergunta final: se escrevo ao mesmo tempo com as duas mãos palavras diferentes, o que é impossível.

A visita londrina de dois especialistas me leva de volta aos treze anos, no Internato de Teresina, e me dou conta de que por pura ironia do destino acabei, ainda criança, servindo de cobaia para uma experiência rara na espécie humana.

Anos depois, me vejo de volta a Teresina, já agora como Professor Titular de Física na UFPI. Muita gente ficava espantada com o fato inusitado de escrever igualmente com as duas mãos. Na aula, no lado esquerdo, uso mais a direita e no lado direito uso mais a esquerda. Não demorou muito e observei que este fato estava me fazendo mais conhecido na UFPI do que ser o primeiro PhD no Centro de Ciências da Natureza. Antes de saberem meu nome, estava ficando conhecido como o professor que escreve com as duas mãos. Muitos alunos e até professores indagavam sobre o fato de eu escrever com as duas mãos, ao mesmo tempo. Invariavelmente respondia:       “Olhe, pelo amor de Deus, não vá querer me imitar, pois o risco de adquirir sequela na fala é razoavelmente elevado”. Dito isto, voltava à ladainha dos treze anos. Entrementes, os alunos não davam trégua. E ao utilizar o quadro negro em sala de aula, muitas vezes começava a escrever com a mão direita do lado esquerdo e terminava com a esquerda do lado direito. A turma endoidava.

Acadêmico Jonathas Nunes recebe premiação da AJEB-RJ.

O que vai cair sobre Literatura Piauiense no concurso da Assembleia

O povoamento pré-colonial do Piauí; vestígios arqueológicos e sítios históricos; formação dos povoados e vilas; manifestações culturais e desenvolvimento contemporâneo são aspectos da História do Piauí que constam do programa do concurso da Assembleia Legislativa, ora em andamento.

Na parte de Geografia, os candidatos deverão ter conhecimentos de questões como divisa com outros estados; principais tipos de clima; tipos de vegetação predominante; recursos hídricos; relevo e população, entre outros.

Conforme ainda o edital do concurso, sobre Literatura Piauiense, os candidatos deverão conhecer autores e obras de destaque no romance, contos e crônicas; na Literatura de Cordel e no Jornalismo Literário.

Também deverão se posicionar sobre como a Literatura Piauiense reflete a identidade e a diversidade cultural do Estado e sua importância na preservação e divulgação da cultura piauiense, entre outros aspectos.

Literatura Piauiense nos concursos

Com a exigência desses conteúdos, a Assembleia Legislativa atende pedido da Academia Piauiense de Letras, em cumprimento da Lei nº 7.323/2019, de autoria do deputado Evaldo Gomes.

Esta lei dispõe sobre a obrigatoriedade de questões de questões de conhecimentos regionais nas provas de concurso público promovido no Piauí.

As inscrições para o concurso da Assembleia Legislativa foram prorrogadas para o dia 6 de dezembro próximo. São ofertadas 200 vagas para níveis superior e médio e salário de até R$ 4 mil.

Veja o programa de Literatura, História e Geografia do Piauí:

Assembleia prorroga inscrição de seu concurso

As inscrições para o concurso da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) foram prorrogadas para o dia 6 de dezembro próximo. São ofertadas 200 vagas para níveis superior e médio e salário de até R$ 4 mil.

As inscrições podem ser feitas no site da organizadora do certamente, a Idecan.

A taxa de inscrição é de R$ 100 para cargos de nível médio/técnico e R$ 130 para cargos de nível superior.

Apesar da prorrogação, as datas das aplicações das provas objetivas e discursivas foram mantidas para o dia 14 de janeiro.

As provas discursivas serão para cargos de nível superior. Elas serão constituídas de duas questões a respeito de tema constante do conteúdo programático de conhecimentos específicos.

De forma inovadora, o concurso vai cobrar conhecimentos de Literatura, História e Geografia do Piauí.

O concurso público terá ainda avaliação de títulos, que será de caráter classificatório.

Concurso da Assembleia terá questões de Literatura Piauiense

O edital do concurso da Assembleia Legislativa, lançado no último dia 10, exige dos candidatos conhecimentos sobre literatura, história e geografia do Piauí.

O lançamento do edital foi feito pelo presidente da Assembleia, Franzé Silva, em ato realizado no Salão Nobre e que contou com a participação de diversos outros parlamentares.

A inclusão de questões de conhecimento regionais no concurso foi solicitada ao presidente da Assembleia pela Academia Piauiense de Letras.

Valorização

O presidente da APL, Zózimo Tavares, afirmou que a decisão da Assembleia valoriza a literatura piauiense, incluindo história e geografia.

Também cumpre a Lei Estadual nº 7.323/2019, de autoria do deputado Evaldo Gomes, dispondo sobre a obrigatoriedade de questões de conhecimentos regionais nas provas de concurso público promovido pelo Governo do Estado do Piauí.

Esta lei, conforme o presidente da APL, tem a finalidade justamente de reforçar as políticas de valorização da literatura piauiense, em seu sentido mais amplo, e não apenas a ficção.

O concurso

O novo concurso da Assembleia, o segundo de sua história, destina-se ao preenchimento de 201 vagas. 

O presidente da Assembleia informou que está em estudo um novo concurso focado para a área da segurança. 

As inscrições estão abertas até 9 de novembro no endereço eletrônico https://concurso.idecan.org.br/Concurso.aspx?ID=89

Os valores das inscrições estão fixados em R$ 100 para nível médio e R$ 130 para nível superior. 

Fazem parte da Comissão Organizadora os servidores Marcos Patrício Nogueira, procurador, Nayara Suyanne Soares e Samuel Campos, consultores legislativos especializados. 

(Com informações e imagem da Alepi)

Concurso da Assembleia vai cobrar Literatura Piauiense

O concurso da Assembleia Legislativa, cujo edital será publicado brevemente, vai cobrar conhecimentos específicos sobre Literatura, História e Geografia do Piauí.

A garantia é do presidente da Assembleia, deputado Franzé Silva (PT). Ele enfatizou que já deu instruções nesse sentido à Comissão Organizadora do Concurso.

A obrigatoriedade de questões de conhecimentos regionais em concursos públicos foi determinada pela Lei 7.323, de 30 de dezembro de 2019, de autoria do deputado Evaldo Gomes (Solidariedade).

Campanha da APL

O presidente da Academia Piauiense de Letras, Zózimo Tavares, disse que se trata de mais um instrumento legal que reforça a campanha da APL pela valorização da Literatura Piauiense.

Outra lei estadual, a de número 6.563/2014 (Lei Merlong Solano), estabelece que pelo menos 30% dos livros paradidáticos adotados pelas escolas públicas e privadas do Piauí devem ser de autores piauienses.

Além disso, a Constituição do Piauí determina, no parágrafo 1º do Inciso V do Art. 226, a obrigatoriedade do ensino de Literatura Piauiense nas escolas públicas e particulares do Estado.

Currículo

Segundo o presidente da APL, este dispositivo constitucional foi reforçado pela Lei Estadual nº 5.464, “que institui a obrigatoriedade o Ensino de Literatura Brasileira de Expressão Piauiense no Ensino Fundamental e Médio, nas escolas das redes pública estadual e privada, no Estado do Piauí”.

Por último, o Conselho Estadual de Educação aprovou a Resolução 124/2020 do CEE, com as diretrizes para o currículo do Novo Ensino Médio.

O em seu Artigo 7º, que trata especificamente Formação Geral Básica, a Resolução define, no parágrafo 4º: “Os estudos de Língua Portuguesa devem incluir o ensino de literatura brasileira de expressão piauiense, nas escolas das redes pública estadual e privada, no Estado do Piauí, em obediência à Lei Estadual nº 5.464/2005 e Resolução CEE/PI nº 11/2009”.

A APL está em campanha pelo cumprimento de todos estes dispositivos legais.