Com prosa impecável de ‘Mérito’, Rachel Cusk atesta seu talento narrativo

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Faye é uma conversadora hábil: de um bate-papo banal no dia a dia, consegue extrair toda uma história de vida. A sucessão de relatos que a protagonista escuta e absorve à sua maneira peculiar é o fio narrativo da trilogia da autora canadense Rachel Cusk, composta dos elogiados Esboço (2014) e Trânsito (2016) — e que se completa com Mérito (2018), agora finalmente lançado no país. A riqueza de detalhes com que Faye discorre sobre a vida de seus interlocutores não se repete ao falar de si: o pouco que se sabe sobre a enigmática personagem é entrevisto por brevíssimas frestas nos diálogos. Sabe-se que ela é escritora, mãe de dois filhos, mulher divorciada que se casou de novo — curiosamente, traços biográficos compartilhados com a autora real, até no fato de que as duas ensinam escrita criativa. No livro, Faye está de partida para um festival literário na Europa, enquanto um dos filhos inicia a faculdade de história da arte — e aos poucos vai se delineando a relação fria entre a mãe e o jovem. Com sua prosa meticulosa e sempre calculada, Rachel Cusk é uma das vozes mais expressivas da nova literatura.

De Veja