Felipe Mendes e Itamar Abreu disputam vaga de imortal da Academia Piauiense de Letras

A Academia Piauiense de Letras se reunirá no próximo dia 19 para eleger o novo imortal ocupante da cadeira número 24. Os dois inscritos que concorrerão à vaga deixada pelo desembargador Paulo Freitas são o ex-vice-governador Felipe Mendes de Oliveira e o médico cardiologista José Itamar Abreu.

Os candidatos serão votados pelos 39 imortais. Os acadêmicos que moram em Teresina deverão ir até a sede da APL preencher a cédula de votação. Aqueles que moram fora solicitampreviamente o envio da cédula e mandam o voto pelos Correios. Logo após o fim do horário limite, a urna é aberta e a comissão eleitoral procede a contagem dos votos. Em seguida o eleito é anunciado. O primeiro colocado deverá obter 21 votos, maioria absoluta. Caso contrário, a disputa segue para segundo turno.

O estatuto da Academia estabelece que podem se candidatar à vaga de imortal os escritores nascidos no Piauí ou comprovadamente residentes no Estado há mais de 10 anos e quem tenham ao menos uma obra literária publicada.

O desembargador Paulo Freitas, ocupante da cadeira 24, faleceu no dia 23 de janeiro do ano passado. O patrono da cadeira era Jonas de Moraes Correia. Esta é a segunda eleição destinada a ocupação da vaga. No primeiro pleito, o resultado foi empate tanto no primeiro quanto em segundo turno. Segundo o regimento interno da Academia, em caso de empate, os imortais devem se reunir novamente para uma nova eleição.

Os dois candidatos inscritos, José Itamar Abreu e Felipe Mendes de Oliveira, estão agora no processo de campanha, sensibilizando os imortais em busca do voto de cada um. O pleito é conduzido pela comissão eleitoral, que é presidida pelo imortal desembargador Nildomar da Silveira Soares. A votação acontecerá no dia 19, das 09h até as 11h30, na sede da APL.

Veja breve perfil dos candidatos

José Itamar Abreu

Formado em medicina pela Universidade Federal do Pará, tem vasta experiência na área cardíaca, tendo passado por hospitais do Pará e São Paulo. Idealizou e instalou a Academia Longaense de Letras, Cultura, História e Ecologia (IALLCHE), com sede na invicta Alto Longá, quando resgatou à posteridade a importância dos valores culturais que constituem a história vitoriosa da cidade de Nossa Senhora dos Humildes. Os seus colegas de médicos também reconheceram o valor do cardiologista José Itamar Abreu Costa quando consagraram seu nome para a vice-presidência da Academia de Medicina do Piauí, biênio 2013/14. Entre suas obras estão Um Hospital de Excelência no Céu e Coronárias do Tempo.

Felipe Mendes de Oliveira

Formado em Economia pela Universidade Federal do Ceará com pós-graduação em Consultoria Industrial junto à Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. Sua estreia na vida pública aconteceu no governo Dirceu Arcoverde como secretário de Fazenda e depois secretário de Planejamento, mantendo este último cargo durante o governo Lucídio Portela. Pró-reitor de Planejamento da Universidade Federal do Piauí e assessor da Sudene a partir de 1983, foi eleito deputado federal e reeleito pelo PPR em 1994, foi candidato a vice-governador. Candidato a deputado estadual em 2002, obteve uma suplência. Foi secretário municipal de Planejamento e depois secretário municipal de Finanças nos dois mandatos do prefeito Sílvio Mendes em Teresina. Durante os três primeiros meses do governo Moraes Souza Filho retornou ao cargo de secretário de Planejamento e esteve à frente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Publicou as obras “A indústria de couros e peles do Nordeste”, “Estado do Piauí: metas físicas do curto prazo” e “A implantação dos sistemas de Conta Única e programação financeira no estado do Piauí – primeiros resultados”.

Não vivemos um prenúncio de 64 (I)

Não vivemos um prenúncio de 64; como querem a direita e até a suposta esquerda. Mas, especialmente setores empresariais que detestam política partidária, com democracia, em sua maioria. Muitos preferem um teto ditatorial. O cenário atual do país não tem conotações e/ou características com a situação político-institucional preexistente e instável como naquele infausto ano de 1964.

As Forças Armadas de então não aceitavam o Vice-presidente João Goulart (PTB) tido como notário político de esquerda e “Comunista”, bem como alinhado com as políticas doutrinárias em ação no leste Europeu, na Rússia e na Itália, além de Cuba. Também identificado com os sindicatos, supostamente de esquerda, e com cabos, soldados, marujos e sargentos do Exército, Marinha e Aeronáutica, aos quais dera apoio proeminente. Não tinha diálogo com o Congresso Nacional – Senado e Câmara.

E o líder gaucho Brizola, cunhado do Vice presidente, concitava as massas alimentando convulsão social com o seu poder popular e oratória eméritas, convincentes.

O quadro atual é completamente diverso. As instituições funcionam regularmente. Os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo trabalham, embora as divergências naturais e normais entre todos, resultado da democracia liberal consolidada no País. Embora ainda os problemas estruturais existentes na Educação e na Saúde; os milhares de famintos e analfabetos, além de forte desemprego. E problemas gravíssimos nas contas Públicas. Entretanto, reafirmamos, as instituições funcionam. E essas distorções sociais, políticas, econômicas, institucionais sempre existiram. Justamente porque não há políticas públicas permanentes e duradouras na área do planejamento estratégico de longo prazo. Os milhões, cerca de 5 milhões, sem habitação, por exemplo.

O país vive um momento difícil. Principalmente porque a ex-presidente Dilma Rousseff, despreparada por o exercício do cargo, e da suposta esquerda petista, foi desapiada da presidência pela ação de “impeachment” do Congresso Nacional. E o presidente Lula, então presidente, o líder popular mais relevante do Brasil, está preso por decisão democrática de Judiciário. Isto é, ação efetiva da Justiça; um dos pilares do regime democrático. Ação na qual o ex-presidente exerceu o amplo direito de defesa, o contraditório. E Lula foi um dos grandes construtores da democracia brasileira. Fez um Governo baseado em princípios republicanos. Desenvolvimentista. O País cresceu à taxa de 7,5% ao ano. Inédito! A liberdade de imprensa, termômetro da democracia, era e é exercida naturalmente.

Entretanto, compreendemos que Lula olvidara até do que conseguira construir para os brasileiros e o Brasil. A reforma do Poder Judiciário que havia  10 anos dependia de aprovação no Congresso Nacional.  Foi, talvez, uma das maiores ações do seu governo e gestão vanguardantes.

O pré-1964: as greves constantes; forte convulsão social existente; as instituições sem credibilidade e funcionamento muito baixo; moeda desvalidada; o Congresso Nacional sem credibilidade… O presidente da República não tinha diálogo com os políticos e o Congresso porque se identificava preponderantemente com a classe sindical e os militares de baixo escalão, como dissemos, cabos, soldados e sargentos, sempre amotinados, revoltosos e contrários ao Estado Maior. Havia uma grande indisciplina intra-militar, o que indignara o Estado Maior das Forças Armadas. Os militares entendem que eram estimulados à insubordinação pelo Presidente João Goulart e os seus líderes. Portanto, diante do quadro político, sem solução, o presidente renunciou a presidência e a Junta Militar assumiu. E, como resultado, 21 anos de ditadura militar.

O país não vive esse cenário relatado acima com o presidente Michel Temer. E Temer não cassou Dilma Rousseff. Foi uma ação político-institucional do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal – STF. Consequentemente, sem golpe, embora as falácias. Ademais, todas as instituições funcionam regularmente; ainda que com os problemas estruturais abundantemente existentes, que o presidente tenta corrigi-los e/ou contorná-los ou resolvê-los. Entretanto, não os lança para debaixo do tapete, cujo procedimento era o habitual. Ele os enfrenta determinadamente. Conversa, incansavelmente, com o Congresso Nacional. E consegue aprovar projetos do interesse do Brasil que estabilizam o seu Governo e o país. A economia cresce, embora lentamente. Há um rumo para estabilização da economia, sem recessão. A produtividade da indústria aumenta. O desemprego, ainda que muito alto, começa a refluir de sua grande quantidade. (Continua no próximo)

Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, ex-consultor jurídico empresarial da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 101.650.000 acessos em 8 anos e cinco meses, e-mail: [email protected].