WILSON Carvalho GONÇALVES

(1923). Quinto e Atual Ocupante da Cadeira nº 12 da APL. Autor da obra. 

Professor e escritor. Nasceu a 21 de abril de 1923. Estudo primário no Grupo Escolar “Matias Olímpio”, de Barras do Marataoan. Curso secundário no Liceu Piauiense. Formado pela Faculdade de Farmácia do Rio de Janeiro. Cargos e funções exercidas: Secretário da Interventoria Federal do Piauí, nomeado por ato do Interventor federal de 1º-02-1943. Secretário particular do Interventor federal, nomeado em 25-06-1944. Secretário da Delegacia do Ministério da Fazenda. Chefe do CETREMFA-PI. Coordenador da ESAF- PI – Escola Superior de Administração Fazendária no Piauí. Conselheiro do CRIAF – Conselho Integrado da Administração Fazendária (MF). Membro do Conselho Regional de Farmácia do Piauí (três mandatos). Auditor Fiscal da Secretaria da Receita Federal. Cursos de formação e aperfeiçoamento. Curso de Comunicação e Audiovisual-Secretaria de Educação (RN). Instrutor do Imposto de Renda (NESAF-CE, 1978). Incentivos Fiscais-Sudene – Recife (1971). Desenvolvimento Organizacional (NI SAF – Porto Alegre, RS). Análise e Perspectiva de Treinamento a Distância – Rio de Janeiro Levantamentos de necessidades – Projeto ESAF – Florianópolis-SC. Política de Integração Fazendária – Brasília (DF). Administração de Treinamentos – ESAF – Governo Federal da Alemanha (1973), Executivos Fazendários – ESAF (SP). Aperfeiçoamento e Prática de Conversação em Inglês – Categoria Especial – Yázigí (1970-1973). Curso de Francês – Aliança Francesa (RJ). Técnicos de Arrecadação – NESAF – Manaus. Honrarias. Certificado e Medalha de reconhecimento pela colaboração ao programa Contribuinte do Futuro, expedido pela Secretaria da Receita Federal; diploma de Honra ao Mérito, conferido em Brasília pelo Conselho Federal de Farmácia; certificado e Medalha de Honra ao Mérito, conferido pela Escola Superior de Administração Fazendária, do Ministério da Fazenda; comenda do Mérito “Da Costa e Silva”, conferido pela União Brasileira de Escritores (PI) e a Comenda de Grão-Mestre da Ordem Estadual do Mérito Renascença do Piauí. Portador do “Prêmio Clio de História”, conferido pela Academia Paulistana de História do Estado de São Paulo (1998), com a apresentação do livro Grande Dicionário Histórico-Biográfico Piauiense. O Escritor. Obras publicadas: Os Homens que Governaram o Piauí, 1989; Teresina – Pesquisas Históricas, 1991; Dicionário Histórico-Biográfico Piauiense, 1ª e 2ª edições, editadas, respectivamente, em 1992 e 1993; Vultos da História de Barras, 1994; Roteiro Cronológico da História do Piauí, 1996; Grande Dicionário Histórico-Biográfico Piauiense, 1997, e Antologia da Academia Piauiense de Letras, 2000. Inédito: História Administrativa e Política do Piauí. Pertence à Academia Piauiense de Letras, cadeira nº 12, e à de Letras do Vale do Longá. Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense.

Eis alguns dados biográficos de um dos maiores pintores do país:

LUCÍLIO ALBUQUERQUE

Entre os maiores nomes da pintura nacional, sobressai, como um dos mais brilhantes, o de Lucílio de Albuquerque, infelizmente pouco conhecido em seu estado natal, o Piauí, dado o silêncio em torno de sua personalidade de grande artista. Ele era uma vocação inata para as artes. Nasceu para exteriorizar na tela todo o sentimento que lhe ia n’alma, e o fez como só fazem os grandes mestres. E com que expressão! E com que delicadeza de tons soube fixar os tipos, os motivos e as paisagens, com aquela mesma vocação artística dos grandes pintores.

Nasceu em Barras do Marataoan, Estado do Piauí, a 09-05-1877, sendo seus pais o desembargador Alcebíades Dracon de Albuquerque Lima e dona Filomena Albuquerque. Saiu de sua terra natal com apenas sete anos de idade. Fez seus estudos primários em Pernambuco, logo em seguida se transferindo para São Paulo, onde passou a sua adolescência. Sendo seu pai magistrado, as condições do meio em que vivia o levariam à magistratura, segundo a tradição de seus familiares. Somente a força da vocação rompeu essa cadeia de influências, para fazê-lo artista. Assim o sentimento vocacional foi maior, dominou as influências do meio. Matriculou-se em 1896 na Escola Nacional de Belas-Artes. Concluído o curso em janeiro de 1906, obtendo o prêmio de viagem à Europa por cinco anos, com a composição Anchieta escrevendo poema à Virgem, seguiu para a França, matriculando- se na Universidade Sorbone, o mais importante centro cultural daquele país.

Em 1911 regressa de Paris, onde durante cinco anos estudou e absorveu as mais renovadoras correntes culturais da época, notadamente o Simbolismo e o Impressionismo, os quais introduziu no seu país.

Lucílio de Albuquerque era um artista eclético, não explorou apenas um gênero, mas se pode dizer que passou por todos, e, em todos, revelou toda força de sua sensibilidade e criatividade. O paisagismo, todavia, era o gênero de sua predileção, apresentando- se como uma temática renovadora. Era considerado na época o maior paisagista do país. Flamboyant, Flor de Regato e Paraíso Perdido são telas admiravelmente sentidas e criadas com muita sensibilidade. “Suas paisagens são pedaços vivos, nítidos de nossa terra. Não são cantinhos de vegetação banal de sinfonia verde e amarela. É a terra castigada pelas intempéries. É a terra que o sol queima e as enxurradas martirizam. É a terra forte, moça, cheia de seiva”. – Luís Pelotti crítico de arte. Excepcional como figurista. No Retrato de Georgina, uma homenagem a sua esposa, ele mostra uma sensibilidade de desenho e de cor que permite lugar garantido na evolução da história da plástica nacional. Os motivos religiosos são sentidos com muita intensidade em suas telas, entre as quais destacamos Glorificação de Anchieta e Bênção Divina (1925), precursora da Imagem de Cristo (RJ) no alto do Corcovado. A história pátria está perpetuada nos seus trabalhos, destacando-se Expedição à Laguna e As Amazonas.

O grande pintor brasileiro expõe os seus trabalhos nos mais importantes centros culturais do mundo, entre os quais destacamos: Na França – O quadro A La Campagne, em 1908; em Portugal – Ícaro, em 1916; na Bélgica – As Amazonas; em Berlim – Paraíso Restituído; na cidade Nova Iorque – Grande Circo; em Buenos Aires. Despertar do Ícaro, 1939, e na cidade de Turim (Itália) – Paraíso Restituído.

Além de grande mestre da pintura nacional, foi extraordinário e brilhante como professor, admirado e aplaudido pelos seus alunos, que lhe reconheciam, ao lado da proficiência magisterial, o desassombro cívico. Exerceu muita influência na mocidade, artistas, constituída por uma plêiade portentosa das últimas gerações, inclusive o nome consagrado de Cândido Portinari.

Pertenceu às seguintes instituições: professor e diretor da Escola Nacional de Belas-Artes, membro da Sociedade Propagadora das Belas-Artes, da Associação de Artistas Brasileiros e da Academia Fluminense de Letras.

Depois de uma vida dedicada à arte, o notável artista, um dos maiores nomes da pintura nacional, que foi Lucílio Albuquerque, faleceu no Rio de Janeiro, a 19 de abril de 1939, deixando uma obra imperecível, cheia de ternura e beleza.

A seguir um rápido exemplo de como Lucílio de Albuquerque era visto pela crítica:

“Lucílio Albuquerque é um artista sóbrio e completo. Em suas composições há pensamento. É um figurinista curioso e sintético, e as suas paisagens são todas muito espontâneas, muito seguras nos seus planos, muito arejadas nas suas largas perspectivas. Há na sua arte uma perfeita consciência dos valores; uma justa preocupação dos volumes, um arrojo da fatura mui liberto, que caminha sabiamente para a síntese”. (Menotti del Pichia)

Lucílio de Albuquerque apresenta-se como um renovador do tema da paisagem. A sua visão toda nova, a sua emoção todo individual, ele se afina em uma construção leal das belas épocas da pintura. A matéria é saborosa no judicioso emprego dos processos. Não é apenas o prestígio da luz – o verdadeiro impressionismo já deu bastante de si – pois Lucílio estabelece solidamente os planos de sua composição, as linhas limitando com segurança massas e volumes, dando- lhe ar, vida. E a fisionomia grave e adusta da terra, sua estrutura essencial.

Lucílio de Albuquerque é o artista nutrido de cultura clássica, imbuído ademais de grandeza e de estilo que procura interpretar a forma numa fatura forte, sincera, própria à sua sensação.

Nas suas paisagens as linhas estruturais ganham uma feição de acordo com o seu temperamento, são realizações emotivas de uma harmonia construtiva que lhe é peculiar, são um mundo de tons e cores capaz de alcançar a unidade complexa da própria vida pela força plástica do artista”. (Galabert de Simas)

Fonte: GONÇALVES, Wilson Carvalho. Vultos da História de Barras, 1994.

José RIBAMAR GARCIA

(1946). Quinto e Atual Ocupante da Cadeira nº 11 da APL. 

(Teresina-PI, 10-04-1946). Romancista, cronista, contista e jornalista. Os pais: Francisco de Assis Garcia e Bernarda F. de Sousa Bacharel em Direito pela Faculdade Nacional de Niterói. Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB-RJ, em quatro mandatos. Pertence à Academia Piauiense de Letras. Participou do Concurso de Contos João Pinheiro, promovido pela Fundação Cultural do Piauí. Colaborou com as revistas Presença e Cadernos de Teresina. Bibliografia. Imagens da Cidade Verde, 1981, crônicas. “É um extraordinário conjunto de crônicas, de estilo leve, direto e objetivo que se constitui num verdadeiro documentário de Teresina”. Os Cavaleiros da Noite, 1984, contos. Livro em que o contista reuniu episódios engraçados, dramáticos, um tipo de gente que há muito não se vê, pequenos relatos passados com o autor, alguns dos quais teve conhecimento efetivo, outros dos quais ouviu falar. É livro carregado de piauiensidade. Pra onde vão os Ciganos? “Este livro não fala só de ciganos, fala do nosso povo e o que se passa com ele. Fala das inquietações que povoam o autor, que que não são tão diferentes das que nos incomodam, apenas Garcia sabe como administrar este grito, sabe como provocar-nos a pensar, sabe o momento exato do nos dizer para onde deveremos ir, independente dos ciganos.” Em Preto e Branco, a personalidade principal é um piauiense que saiu de Teresina e se tornou jornalista no Rio de Janeiro. É uma crônica que mostra o retrato, a história de quem não esmoreceu ante as adversidades, se deparou com nada na sua nova vida. Além da obra Das Paredes, crônicas, publicação que fala de um país que não aparece na mídia. Autor de quase uma centena de crônicas publicadas em periódicos da cidade do Rio de Janeiro. Tem alguns trabalhos jurídicos publicados em revistas especializadas.

Comentário 

Imagens da Cidade Verde – o livro de Garcia é um livro de amor, de ternura, de afeto. Um livro que recorda trechos de beleza espiritual de uma cidade que não sai de dentro de nós. É um livro que revive na gente instantes do passado, que a memória não pode esquecer. (A. Tito Filho)

Fonte: NETO, Adrião. Escritores Piauienses de Todos os Tempos.
GARCIA, José Ribamar. Entardecer e Em Preto e Branco. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2018, Coleção Centenário nº 93.

José ELMAR de Melo CARVALHO

(1956). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 10 da APL. 

Nasceu em Campo Maior – PI a 09-04-1956. Juiz de Direito aposentado. Formado em Direito e em Administração de Empresas, ambos pela UFPI. Foi fiscal da extinta SUNAB. Filho de Miguel Arcângelo de Deus Carvalho e Rosália Maria de Mélo Carvalho. Casado com Fátima, com quem tem dois filhos: João Miguel e Elmara Cristina. Presidiu o Diretório Acadêmico 3 de Março, a União Brasileira de Escritores do Piauí (UBE/PI) e o Conselho Editorial da Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Foi membro do Conselho Editorial da UFPI. Poeta, contista, cronista, romancista e ensaísta. Autor, entre outros, dos livros Cromos de Campo Maior (1990 e 1995), Noturno de Oeiras (1994), Rosa dos Ventos Gerais (3ª edição, 2016), Sete Cidades – roteiro de um passeio poético e sentimental (2000), Parnaíba no Coração (2006), Lira dos Cinquentanos (2006), Noturno de Oeiras e outras evocações (2009), Bernardo de Carvalho – o Fundador de Bitorocara (2ª edição, 2016), Amar Amarante (2013), Retrato de minha mãe (2013), Confissões de um juiz (2014), Retrato de meu pai (2016) e Histórias de Évora (2017). Colaborador de vários jornais, revistas e sítios internéticos. Citado em vários livros e dicionários biográficos. Recebeu diversas honrarias, entre as quais a Comenda do Mérito Renascença do Piauí. Cidadão honorário de vários municípios. Membro de várias Academias de Letras, entre as quais a Piauiense, a Parnaibana, a do Vale do Longá, a Campomaiorense e a do Médio Parnaíba.

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Capítulo I

O TRIÂNGULO ENCANTADO

Eram duas horas da madrugada quando Marcos Mendes Azevedo acordou, com sede. Dirigiu-se à cozinha, onde ficava a geladeira. No percurso, notou que o quarto das irmãs estava com a porta entreaberta e com a lâmpada elétrica ligada.

Retrocedeu um pouco, para melhor olhar. Viu, então, expostas na rede, as roliças e rijas coxas de Neuza, a empregada, entreabertas. Eram brancas, grossas, firmes, e deviam ser macias. Uma tenra, quase transparente e dourada penugem as recobria.

Imaginou que deveriam ser suaves e agradáveis ao tato, principalmente se tocadas com as pontas dos dedos. Desceu o olhar em direção aos pés, em que não viu nada de especial. As panturrilhas, contudo, eram proporcionais às coxas, roliças, rijas e torneadas com esmero.

Em seguida, com o coração em disparada, com medo de que Neuza ou alguma das irmãs acordasse, abriu a porta um pouco mais, para olhar o que estava acima das coxas; ou o encaixe destas, como gostava de dizer um seu amigo. E viu o que procurava, com tanta ansiedade e medo.

A calcinha branca e simples mal cobria o grande, altaneiro e vertiginoso vértice. O púbis castanho, sem dúvida bem rebaixado, ornava a borda da sumária peça íntima. Entreviu o sopé e parte da encosta dos carnudos e protuberantes grandes lábios. Marcos sentiu uma tontura, quase como se fosse desmaiar. Mesmo assim viu a depressão em que se fendia a genitália, como um pequenino regato, que parecia morder o vinco central da calcinha. Era um bem esculpido delta, desde o monte de Vênus até a curvatura em direção ao períneo.

Sua vontade de tocá-lo era enorme. Espalmar-lhe a mão, e tê-lo em sua concavidade. Parecia um animal, que tivesse vida própria e palpitasse. Fez um esforço muito grande para se conter. Sua timidez e natural retraimento tentavam conter o ímpeto de sua mal desabrochada adolescência. Foi então que a moça abriu os olhos. Marcos temeu gritos escandalosos, estridentes, e saiu em passos de felino para a cozinha. Ficou aliviado com o silêncio. Teve medo de que ela lhe viesse ao encontro, para exigir explicações. Mas isso também não aconteceu. Tampouco no dia seguinte ela denunciou o fato aos seus pais.

Sentiu que ela tivera a exata compreensão do que acontecera, e lhe perdoara, ou mesmo se sentira envaidecida daquela silenciosa, inerte e contida contemplação fortuita. Foi a primeira vez que vira uma mulher (quase) desnuda. Pela primeira vez enxergara de tão perto e com tanta nitidez uma cona aureolada gloriosamente pelos esquálidos e pálidos pelos pubianos. Foi o marco inicial e inesquecível de seu adolescer.

Como um símbolo incandescente ficou em sua memória para sempre aquele triângulo encantado, que jamais veria novamente. Como no poema de Manuel Bandeira, foi o seu alumbramento, a sua visão do paraíso na terra e da terra.

Comentários 

Mais conhecido como um respeitado poeta no seu Estado, o piauiense Elmar Carvalho não poderia ser considerado um estreante no gênero da prosa de ficção.

Há tempos tem escrito pequenos textos que se poderiam chamar de contos, narrativas regionais que misturam “realidade’ ficcional e imaginário popular e folclórico, adentrando-se até, em grau menor, em textos de cunho fantástico ou mágico que contribuem para um pitoresco painel dos costumes, hábitos da paisagem interiorana piauiense, de cidades do interior de seu estado natal. Lendo muitas deles, não me furto a fazer uma analogia com alguns textos narrativos de viés sobrenatural com algumas narrativas do escritor Bernardo Guimarães (1825-1884). Penso aqui no seu conto modelar que é “A dança dos ossos.” Extraído do livro Lendas e romances (1871).

Elmar Carvalho é um autor que há muito tempo venho lendo não só analisando-lhe a poesia que, – ninguém pode negar – é de ótima qualidade, tendo mesmo sido agraciado, pelo seu livro Rosa dos ventos Gerais (poesia reunida, 20002) com o importante prêmio “Ribeiro Couto” da União Brasileira de Escritores (UBE). Ademais, Elmar incursionou elegantemente pelo memorialismo e por algumas pesquisas de natureza histórica, pelo ensaio da pesquisa histórica, pela crítica literária, pela crônica.

Diria, em síntese, que o conjunto de textos em prosa que, até hoje, produziu já lhe garante um lugar definitivo entre os escritores mais prestigiados da literatura  piauiense contemporânea.” (Cunha e Silva Filho)

Fonte: CARVALHO, Elmar. História de Évora. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2017, Coleção Século XXI nº 15.
CARVALHO, Elmar. Rosa dos Ventos Gerais. 3ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2017, Coleção Centenário nº 61.

Hugo Napoleão do Rego Neto

(1943). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 9 da APL. 

Ministro de Estado. Parlamentar. Governador do Piauí, nascido em 1943, em Portland, Oregon, Estados Unidos, onde o pai era vice-cônsul do Brasil. Em 1967, bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e, ainda nesse ano, fez cursos de extensão universitária, na mesma Faculdade e na Faculdade Cândido Mendes. No ano seguinte, assumiu a assistência jurídica do Banco BANASA de investimentos. Professor no Instituto de Administração e Gerência da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ainda em 1974, transferiu-se para o Piauí, onde, em eleições realizadas em novembro, foi eleito deputado federal para o mandato 1975 a 1979. Reeleito para legislatura 1979-1983. Vice-líder da Arena do governo e do Partido Democrático Social na Câmara dos Deputados (1979 a 1982). Foi presidente Nacional do Partido da Frente Liberal. Secretário da Comissão Executiva Nacional do PDS (1981 a 1983). Governador do Piauí. Ministro da Educação (1987). Ministro da Cultura (1988). Ministro das Comunicações. Vice-líder do Partido da Frente Liberal na Assembleia Nacional Constituinte. Membro da Academia Piauiense de Letras. Em abril de 1986, atendendo a uma solicitação da Academia Piauiense de Letras, por intermédio do seu presidente, professor A. Tito Filho, o governador Hugo Napoleão encaminhou uma mensagem à Assembleia Legislativa, acompanhada de um projeto de lei em que fazia a doação de um prédio situado na Avenida Miguel Rosa, nesta capital, ao mais alto Sodalício Piauiense, a fim de que ali fosse instalada a sua sede. Por unanimidade de votos foi aprovado o dito projeto, vindo em seguida, a sua sanção pelo governador Hugo Napoleão. Realizações Administrativas. Instalação do Museu do Couro, em Campo Maior (1984). Apoio à população de baixa renda (Proab). Apoio à agricultura, promovendo o seu desenvolvimento econômico-social nas regiões semi-áridas por intermédio do Projeto Sertanejo. Execução de uma política de irrigação através do PROlPI (Programa de Irrigação e Recursos Hídricos do Piauí), visando à construção de obras de infra-estrutura para armazenamento e respectivo aproveitamento da riqueza hídrica, para os usos humano, animal e agrícola. Construção do majestoso prédio da Assembleia Legislativa, com uma área de 9.500m2. Ampliação da rede de iluminação elétrica, construindo novas linhas de transmissão e de distribuição na capital e no Interior do Estado. Honrarias. Condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Renascença do Piauí, da Ordem dos Guararapes (Pernambuco), da Ordem Aperipê (Sergipe), da Ordem dosTimbiras (Maranhão) e da Ordem Bernardo O’Higgins; Comendador da Ordem do Mérito Militar; Grande Oficial da Ordem de Rio Branco, da Ordem dos Bandeirantes (São Paulo), da Ordem do Mérito Aeronáutico, da Ordem do Mérito do Rio Grande do Norte, da Ordem do Congresso Nacional; Cavaleiro da Ordem da Francolônia e do Diálogo das Culturas (Paris); Grande Medalha da Inconfidência (Minas Gerais), Medalhas do Pacificador, do Mérito Judiciário Conselheiro Coelho Rodrigues, do Mérito de Assistência ao Estudante (MEC), do Sesquicentenário da Assembleia Legislativa do Piauí, do Sesquicentenário da Polícia Militar do Piauí, e do Mérito Industrial Simplício Dias da Silva.

Fragmentos do seu discurso em 09-03-1987, por ocasião de sua posse na cadeira nº 9, da Academia Piauiense de Letras, em que destaca a personalidade do escritor Fontes Ibiapina:

“Analista da dificuldade e da aspereza da vida sertaneja, da aflição e da miséria do piauiense. Fontes Ibiapina foi autêntico, fiel, distante de artificialismos inúteis.

Creio que assim sentirá quem ler os romances Sambaíba, Palha de Arroz, Tombador, Nas Terras de Arabutã e Vida Gemida em Sambambaia, ou Contos de Chão de Meu Deus, Brocotós, Congresso de Duendes, Destino de Contratempos, Quero, Posso e Mando, Mentiras Grossas de Zé Rotinho, Lorotas e Pabulagens de Zé Rotinho e Eleições de Sempre, ou, ainda, o teatro folclórico O Casório de Pafunsa e o folclore Paremiologia Nordestina.

Sua obra revela um imenso poder de observação das pessoas, das coisas e dos fatos. Autor de frases rápidas, colóquio vivo e comunicante, profundamente fiel aos tipos e costumes. Fontes Ibiapina revelou a verdade sobre questões político- psicossociais.

Suas marcantes expressões são sempre lembradas. Recordo-me, por exemplo, que nos idos de 1974, ao participar de comício na cidade de Ribeiro Gonçalves, vários políticos citaram sua definição: terra sem reboco.

Expressivos nomes da literatura piauiense e nacional analisaram e criticaram sua fecunda obra literária. Dentre eles, João Felício dos Santos, O. G. Rego de Carvalho, Arlindo de Souza, Gaspar Brígido, Euclides Marques de Andrade, José Américo de Almeida, Mário Souto Maior, Luís Câmara Cascudo e Jorge Amado.”

Fonte: Revista da Academia Piauiense de Letras, 1987.

FRANCISCO MIGUEL de Moura

(1933). Quinto e Atual Ocupante da Cadeira nº 8 da APL.

Poeta, ensaísta, cronista, cronista, romancista, jornalista e crítico literário. Nasceu no lugar Jenipapeiro, Picos, Estado do Piauí, hoje Francisco Santos, em 1933. Bacharel em Literatura Plena e Letras. Pós-graduação em Crítica de Arte pela Universidade Federal da Bahia.

Bibliografia. No campo da poesia: Areias, 1966; Pedra em Sobressalto, 1974; Universo das Águas, 1979; Bar Carnaúba, 1983; Quinteto em Mi(m), 1886; Sonetos da Paixão, 1988; Poemas Ou/tonais, 1991; ensaios: Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho, 1972; APoesia Social de Castro Alves, 1979. Romances: Os Estigmas, 1984; Laços do Poder, 1991; Ternura, 1993; contos: Eu e o Meu Amigo Charles Brown, 1986, e E a Vida se Fez Crônica, 1996. Francisco Miguel organizou a antologia de contos e autores piauienses – Piauí, Terra, História e Literatura (1980). Pertence à Academia Piauiense de Letras ocupando a cadeira nº 8, cujo patrono é José Coriolano de Sousa Lima, e ao Conselho Estadual de Cultura.

MILITÂNCIA

semente que tentou florir no rocha impossível, aqui. por trás da farda
de brim cáqui floriano preso na hierarquia.
por trás do capacete duro uma cabeça ágil, fervente,
por trás da violência de escravo (no dever?)
há um homem ferido e acorrentado (seja paz, seja guerra)
por trás dos olhos ligeiros de lince, de lança
há o homem-fome,
o homem-faz-medo-a-criança por trás, os olhos feridos
de distância
e o comum dia a dia.
tu vês (por profissão)
o campo de batalha no inimigo-irmão.
sabes ser leal ao dono e diferes do cão.
embora tudo isto
a cachaça e a sífilis
(e a gota de sangue do coração).

Comentários 

[…] Assim é que, depois de profundo mergulho no passado, sem qualquer interferência onírica, imbuído da pura realidade que lhe oferece a vida de indormidas noites na perseguição do crescente ideal de produzir, oferece-nos esta bela coletânea de crônicas de sua lavra. Trabalho elaborado na oficina de sua inteligência, enfeixa fragmentos de sua vida. Suas crônicas se assemelham ao esforço de um mestre em ourivesaria que recolheu, para seu trabalho, acendalhas auríferas, e as transformou em filigranas para montagem das peças, objeto de sua criação. Evidencia-se, por outro lado, que Chico Miguel não planejou o livro. Montou-o de pedaços como se estivesse arrancando partículas armazenadas do íntimo de sua alma, quando diz; sem se aperceber: “É isto que quero mostrar […]” quando fala de “Um Menino Perdido”. Sabe, em verdade, que não foi um menino perdido como tantos outros de seu tempo. Suas criações; quase todas; estão voltadas para dentro de si mesmo. São, pois, fragmentos de sua vida. Da vida sofrida de um menino do interior, porém, provido de muita inteligência, determinação e capacidade para apreender tudo que a vida sofrida lhe impusera. Desta maneira, tudo armazenou no seu íntimo para, em crônicas, amadurecidas, devolver aos seus pares, aos seus leitores, em forma de lições de vida que tanto dá alegria quanto comove a quem tenha o prazer de lê-las. O grande cronista, em verdade, não precisou criar a história de João Grilo e nem a de Canção de Fogo, nem mesmo de outro trancoso qualquer. A odisséia de menino do interior, vivida e observada pelo autor de E a vida se fez crônica, sem o querer, fê-lo personagem viva. Na produção literária, o difícil não é ser autor, difícil é ser autor e personagem ao mesmo tempo. Isto Chico Miguel conseguiu, e bem. (William Palha Dias, renomado romancista, contista, cronista e membro da Academia Piauiense de Letras)

O escritor Herculano de Moraes assim se expressou:

[…] Chico Miguel dá a sua contribuição, exercendo o domínio de uma dicção poética segura, exemplar, onde os valores cotidianos e existenciais valorizam a sua inventiva linguagem.

Fonte: MOURA, Francisco Miguel. Poesia (In)Completa. 2º ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2016, Coleção Centenário nº 56.
MOURA, Francisco Miguel. Posfácio à Literatura Piauiense de João Pinheiro. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2014, Coleção Centenário nº 11/B.

HUMBERTO Soares GUIMARÃES

(1945). Terceiro e Atual Ocupante da Cadeira nº 7 da APL. 

Médico psiquiatra, professor, historiador, romancista e ensaísta, nasceu em Ribeiro Gonçalves, Estado do Piauí, em 1945. Formado em Medicina. Especialidade: Psiquiatria. Curso de Administração Hospitalar. Coordenador do Programa de Saúde Mental do Piauí.

Pertence à Associação de Escritores Médicos. Membro da União Brasileira de Escritores-UBE (PI). Professor de Psicologia Médica e Medicina Legal da Universidade Federal do Piauí. É atualmente Diretor do Hospital Areolino de Abreu, em Teresina. Jornalista. Bibliografia. Essências em Conflito, 1981; Nas Pegadas do Rio, romance, 1983; Juvenílias, 1985; Ribeiro Gonçalves – um município do tamanho do mundo, 1988; Um Certo Érico Veríssimo I e II, respectivamente, editados em 1992 e 1993; A Voluntária da Pátria, 1993; O Mundo é de Valdevino Sandeu, 1994; e Complexo de Saturno – Paranóia e estudos outros, 1996, e Para um Psiquiatra Piauiense, pesquisa histórica, 1994. Pertence à Academia Piauiense de Letras, ocupando a cadeira nº 07, cujo patrono é o ex-governador Anísio Auto de Abreu.

A GENIALIDADE, A DOENÇA E A PERSONALIDADE EM MACHADO DE ASSIS

Considerando-se genialidade como a qualidade do poder criador da inteligência e do pensar que extrapola os limites psicométricos do homem a conduzir- se na mediana psicossocial segundo o padrão do que se convencionou aceitar como normalidade, pode-se afirmar que Machado de Assis, um autodidata, foi um gênio; e o foi equiparável a Pascal, a tirar muito praticamente do nada apreendido na escolaridade. Inúmeras foram as situações literárias que Joaquim Maria produziu a explorar os aspectos psicológicos conflitivos dos dois mundos estruturais e dinâmicos da mente: o consciente e o inconsciente, e isto, seguindo no seu escrever literário, quase que, a rigor, as recomendações semiológicas da medicina psiquiátrica, particularmente quando trata dos delírios confuso- oníricos de Brás Cubas, os delírios de ciúme de Dom Casmurro (Bentinho ou Bento Santiago), cujo protótipo pode-se identificar no Otelo shakespeariano, e seu relacionamento edípico com Capitu (identificável a Desdêmona); veja-se aqui a similitude por assonância dos três nomes femininos marcantes na vida do escritor: Leopoldina (mãe), Carolina (esposa) e Capitulina (personagem). Proposital? Jogo inconsciente? Vejamos também a psicopatia de Quincas Borba, na qual vem mostrar-se um estado psicótico-terminal de etiologia indubitavelmente sifilítica, e a psicopatia perversa, friamente perversa e calculista de Pedro Rubião de Alvarenga, para citar somente estes, ressaltando-se ainda as situações de fiasco que pontuam seus contos de temas enfermiços e letais.

Doente da alma desde o temperamento fronteiriço e misto de esquizóide com epileptóide até a enfermidade neuropsíquica – a epilepsia –, há quem, como o senhor Gondim da Fonseca, arrebatado pelos encantos retóricos da psicanálise ortodoxa, negue-lhe o acometimento comiscial e o diagnostique duma histeria pura, quando se sabe, por razões compreensíveis, ser a maioria dos epilépticos carregados de traços histéricos secundários.

Epilépticos (e histéricos em certo grau) foram vários outros gênios da literatura, como Dostoiévski, Flaubert e Proust, sendo este todavia dado como “espasmofílico” e que, além de histérico, era afeminado; tinha em comum com Machado, no proceder literário e psicológico, a fixação memorialista compensatória de uma outra fixação, a que os psicanalistas chamaram de anal-sádica; Mareei Proust mergulhou fundo em sua recherche de temps perdu.

Outro proceder marcante do autor de A Mão e a Luva era a ironia fina e ostensiva dos contos mas principalmente das crônicas ligeiras; não sabendo rir, comprazia-se em fazer chistes, isto é, em criar situações cômicas, caricaturizando a vida para fazer rir os outros. Freud explica. Leia-se seu trabalho “O chiste e sua relação com o inconsciente”, escrito três anos antes da morte de Machado de Assis – que parecia acompanhar com avidez tudo o que doutrinava o mestre vienense.

O sentimento de inferioridade social oriundo de suas raízes e alimentado pela doença estigmatizante fazia-o vingar-se da sociedade folgazã, pondo-a no ridículo; muito ansiara crescer nela quando jovem para depois, levando uma vidinha de maré-mansa de alto funcionário público e conceituado escritor, menosprezá-la em suas “balas de estalo”, levando-a a rir-se de si própria, e na falta de entusiasmo pelos momentos histórico-sociais da sua época: no mês de maio de 1888, por exemplo, escreveu quatro crônicas em que a libertação dos escravos não ganham qualquer aplauso; uma no dia 4 debochando da abertura das câmaras para a Princesa anunciar a iminência do grande evento; outra no dia 11 para mangar das festas públicas vesperais; a terceira no dia 19 para chamar o movimento de hipócrita recheado de grossa demagogia (no dia 13, no entanto, impulsivamente pula dentro do carro da turma de Joaquim Nabuco e sai dando vivas pelas ruas); na quarta crônica, a do dia 27, esquece esse assunto e passa a pilheriar sobre o meteorito Bendegó que o navio “Arlindo” transporta da Bahia para o Rio.

Finalmente, voltando ao tema loucura, Machado, antes do cientista Lange (e outros mais), em saborosa sátira, lança as bases da antipsiquiatria, com Simão Bacamarte batendo cabeça para compreender, in totum, as razões básicas do adoecer psíquico e terminando por morrer em confinamento auto-imposto, sem chegar a nenhuma conclusão. Outro desfecho de fiasco; um final machadiano.

Com as coisas sérias que tem medo de enfrentar, o gênio ri e diz verdades.

Comentários 

Seu recente livro – Um certo Erico Veríssimo, além das admiráveis qualidades de estilo que nele se surpreendem, como que resgata a boa tradição da interpretação literária. Constitui um instigante convite à leitura, na melhor lição da crítica impressionista. Fiquei tentado a reler o Érico, de quem me confesso modesto cultor e monografista, após sua leitura. É um estudo inteligente; arguto, perquiridor, de quem se dedica ao seu ofício com uma grande paixão. Gostaria que mais pessoas o lessem e fruíssem como eu um bom momento da interpretação da obra literária. Meus parabéns. (Manoel Paulo Nunes)

Fonte: Notícias Acadêmicas – Junho, 1989; e GUIMARÃES, Humberto. Um Certo Érico Veríssimo. Teresina: UFPI, 1991. GUIMARÃES, Humberto. Chão de Fogo – 3ª Série. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2016, Coleção Centenário nº 79.

Maria do SOCORRO Rios MAGALHÃES

(1954). Quinta e Atual Ocupante da Cadeira nº 6 da APL. 

Nasceu em Teresina – Piauí, em 1 de junho de 1954. Filha de Joaquim Ribeiro Magalhães e Maria Alzira Rios Nogueira Magalhães. Casada com Francisco de Vasconcelos Melo. Mãe de dois filhos: Pedro Henrique Magalhães Craveiro de Melo e Flávia Magalhães Craveiro de Melo. Graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Piauí, em 1977. Cursou mestrado em Letras, área de concentração em Teoria da Literatura, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Doutorado também, em Letras pela mesma instituição em 1997. Sua tese de doutorado tem o título de Horizonte de leitura e crítica literária: a recepção da literatura piauiense no período de 1900 a 1930.

Na Universidade Federal do Piauí foi professora do Curso de Licenciatura Plena em Letras e foi docente do Mestrado em Educação e ainda colaboradora do Mestrado em Letras da referida universidade.

Exerceu várias funções e ocupou diversos cargos na área de educação e cultura, tais como professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e Ensino Médio em instituições como: Colégio São Francisco de Sales – Diocesano; Liceu Piauiense e Instituto de Educação, Chefe do Departamento de Letras da Universidade Federal do Piauí, Coordenadora Operacional do Curso de Mestrado Interinstitucional em Letras da Universidade Federal do Piauí em convênio com a PUC do Rio Grande do Sul, Secretária Adjunta de Educação do Município de Teresina, Membro do Conselho Municipal de Cultura de Teresina.

Publicou vários livros na área de estudos literários, como, por exemplo, Literatura Piauiense: horizontes de leitura e crítica literária; Vem comigo, leitor: a pedagogia de leitura em Quincas FAFI Borba; Um manicaca: romance- manifesto do positivismo no Piauí; O curso de Letras da UFPI: um fio da FAFI. Tem também artigos publicados em várias revistas científicas do Piauí e de outros Estados: Clodoaldo Freitas: um romance inacabado?; Lima Barreto e os piauienses do seu tempo; O papel do intelectual e a condição feminina em Um manicaca de Abdias Neves; Literatura piauiense: a formação de leitores e a emergência da crítica. Brasil; A lenda do Cabeça de Cuia: estrutura narrativa e formação dos sentidos, entre outros.

Universidade Estadual do Piauí, onde atuou no Programa de Mestrado em Letras e no Núcleo de Educação a distância como coordenadora de Produção de Materiais Didáticos.

Fonte: MAGALHÃES, Maria do Socorro Rios. Literatura Piauiense: horizonte de leitura e crítica literária (1900-1930). 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2016, Coleção Centenário nº 92.
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Fonte: Antologia da Academia Piauiense de Letras./ Wilson Carvalho Gonçalves. – Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2018.-470 p. (Coleção 100 ANOS)

OTON Mário LUSTOSA Torres

(1957). Terceiro e Atual Ocupante da Cadeira nº 5 da APL. 

(Parnaguá-PI, 1957). Magistrado e escritor. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Piauí, 1983. O Magistrado. Juiz de Direito nas comarcas Itautíra, Regeneração, Simplícío Mendes e Oeiras. Atualmente, é Juiz de Direito de 4ª Entrância da Comarca de Parnaíba. Bibliografia. Meia-Vida, 1999; Petições e Sentenças, 1989; Ações Possessórías, 1990; e Da Propriedade imóvel, 1996. Pertence à Academia Piauiense de Letras.

Excerto do seu discurso pronunciado por ocasião de sua posse na Academia Piauiense de Letras cadeira nº 5.

Um grande piauiense, político de grande valor, que serviu abnegadamente ao seu Estado e ao seu povo, renomado profissional da ciência de Hipócrates, dá nome à cadeira número 05. Areolino Antônio de Abreu! Nome de rua movimentada desta capital; nome do maior hospital psiquiátrico de nossa querida Teresina. É o nome que figura na viva lembrança do povo e que está presente nos compêndios da História do Piauí. Teresinense de nascimento, aqui viveu, aqui dedicou toda a sua vida de trabalho.

Médico písíquiatra do mais refinado zelo e de fulgurante visão do futuro. Valeu-se da política partidária para laborar em prol do povo, da saúde do povo. Fez-se deputado, vice-governador e governador do Estado. Fundou o Asilo dos Alienados de Teresina que anos mais tarde veio a se transformar no atual Hospital Psiquiátrico “Areolino de Abreu”. Jornalista e escritor. Enfim, um grande piauiense! Por isso, com muita justiça e com muita honra, regozija-se a Academia Piauiense de Letras em ter Areolino Antônio de Abreu como patrono de uma de suas cadeiras, a de númer cinco.

Fonte: LUSTOSA, Oton. Meia-Vida – Romance. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2016, Coleção Centenário nº 70.

WILSON Nunes BRANDÃO

(1960). Quinto e Atual Ocupante da Cadeira nº 4 da APL.

É natural do Rio de Janeiro. Nasceu em 14 de agosto de 1960, filho de Wilson de Andrade Brandão e Maria de Lourdes Leal Nunes de Andrade Brandão. É formado em Direito, Engenharia Elétrica e Licenciatura Plena em História, com especializações em línguas – Francês e Inglês. Profissionalmente, já exerceu os seguintes cargos; Secretário de Governo, Governo Wilson Martins – 2011/2014, Secretário de Estado de Justiça e da Cidadania, Governo Hugo Napoleão – 2001/2003, Secretário de Estado de Projetos Especiais, Governo Freitas Neto 1993/1994 e Líder do Governo Wilson Martins – Atualmente, exerce o sétimo mandato como Deputado Estadual. Pertence ao quadro de servidores da Eletrobras como Engenheiro Eletricista. Membro efetivo da Academia Piauiense de Letras, ocupante da cadeira nº 4. Publicou as seguintes obras: Mitos e legendas da Política Piauiense (2006) e Mitos e Legendas da Política Piauiense

  • 2ª Edição Revista e Ampliada (2015). Articulista do Jornal “Diário do Povo”. Pesquisador do Arquivo Público – Casa Anísio

Trecho extraído do discurso de posse do Acadêmico:

Em 1897, Machado de Assis, iniciou seu discurso na Academia Brasileira de Letras, proclamando: “Não é preciso definir esta instituição. O vosso desejo é conservar a unidade literária. Tal obra exige, não só a compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa, pela qual essa se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso. Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira”. A Academia Piauiense de Letras reflete ao longo de sua existência quase secular, as sábias e precisas palavras de Machado de Assis.

Início o discurso de posse na Academia Piauiense de Letras, cumprindo, em primeiro lugar, o meu ofício de gratidão e de renovação à minha profissão de amor à educação e à cultura do meu Estado – o Piauí.

Gratidão pela acolhida e pela generosidade das senhoras e dos senhores acadêmicos, que sufragaram meu nome para assumir a cadeira 04 deste sodalício, fundado em 30 de dezembro de 1917, permitindo-me desfrutar dos debates, das tendências e dos valores da cultura piauiense, brasileira e mundial, em ambiente tão seleto e comprometido com essa causa.

A cadeira que ora assumo foi ocupada por homens ilustres e atores importantes de nossa cultura, a começar pelo seu patrono, David Moreira Caldas, professor, jornalista, promotor público, deputado provincial, abolicionista e defensor dos ideais republicanos; Jônatas Baptista, um dos fundadores desta Academia e de vários jornais e revistas, poeta, incentivador da vida teatral em Teresina, tendo sido autor de diversas peças; Mário José Baptista, formado na tradicional Faculdade de Direito do Recife, professor de História do Liceu Piauiense, professor catedrático de economia política e diretor da Faculdade de Direito do Piauí, Procurador Geral de Justiça, jornalista, historiador e geógrafo; Fernando Lopes e Silva Sobrinho, desembargador, juiz de direito no Ceará e no Piauí, professor da Faculdade de Direito do Piauí e, o último ocupante, William Palha Dias, filho do longínquo município de Caracol, juiz de direito em Oeiras e nas minhas duas terras, Regeneração e Pedro II, professor, romancista, contista, tendo retratado com perfeição o homem do semiárido, as suas angústias e o seu sofrimento. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí. Autor de muitas obras, dentre elas, “Endoema” “Vila de Jurema”, “Mulher Dama Sinhá Madama”, “Os Irmãos Quixaba” e “Marcas do Destino”. Na comemoração de seus 90 anos de idade, o acadêmico Oton Lustosa proferiu em sessão solene: “Aprendeu a ler quando já tinha consciência prática da vida dura do sertão, em lombo de burro a mercadejar por ínvios caminhos e longas distâncias, às voltas com jumentos, cangalhas e bruacas, como aprendiz de tropeiro e imitação de mascate. Aos vinte anos estreou em sala de aula para o exame de admissão. Já casado, prosseguiu nos estudos, formou-se advogado e se fez julgador. Peticionou e sentenciou a valer, proclamando o Direito Positivo, em homenagem e em observância estrita à lei. Arguto observador da vida, se fez intérprete do fato social, por outra via, sem as amarras dos artigos, dos parágrafos e das alíneas legais, mas através da prosa ficcional, que é a reinvenção da realidade mundana. Leitor voraz, habituou-se aos livros, ao ponto de passar a escrevê- los… Atreveu-se a interpretar a vida sertaneja, nordestina, bem-brasileira, feita de lutas, paixões, dinheiro, fé e política. …Toda a sua prosa é o porto seco, por isso mesmo muito seguro. Narra as experiências da vida, por isso tão verossímil é a sua prosa, rica de linguagem regionalista e culta a um só tempo, onde o gosto pela singularidade da frase resulta evidente, sem sair no coloquial sertanejo, mas, também, sem subir às alturas nevoentas do pedantismo obsoleto”, conclui Oton Lustosa. Sinto- me, pois, honrado, em suceder a tão representativas figuras do mundo intelectual do nosso estado.

Além dos já citados, a Academia Piauiense de Letras, uma instituição sólida e respeitada, tem nos seus membros, verdadeiros sacertodes da cultura. Historiadores, poetas, juristas renomados, críticos literários, romancistas, jornalistas, todos, imbuídos dos mais fervorosos interesses em fazer e em divulgar a riqueza e a inteligência do povo piauiense. É nesse meio que passo a viver e a conviver para, associado aos que já realizam essa grande obra, poder também dar minha contribuição, quer escrevendo livros ou artigos, quer valorizando o belo e importante trabalho desenvolvido pela Academia.

O imortal Marcos Villaça, em seu discurso de posse na Presidência da Academia Brasileira de Letras fez a seguinte afirmação: “A Academia deve propor e liderar um sistema básico de referência para compreensão e valorização da cultura brasileira. Fazê-lo não a partir de uma concepção restritiva de cultura, mas de um conceito dela amplamente antropológico: abarcando todo o pensar, o agir, o fazer humano, quando motivado por valores. Fazê-lo não a partir de uma visão da cultura como coisa “morta”, escrava ou apenas testemunha do passado, mas a partir de uma visão dinâmica da cultura, de uma cultura “viva”, libertadora, integrativa. Deve, sim, nutrir-se do passado, porém avançar criativamente para um novo futuro. Por meio dele pode produzir-se uma síntese harmoniosa de nossa diversidade de nossos contextos culturais específicos, até mesmo dos paradoxos de nossa cultura”.

Jesualdo Cavalcanti Barros

(1940). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 3 da APL. 

Nasceu em Corrente (PI), a 18 de fevereiro de 1940, sendo filho de Sebastião de Souza Barros e Iracema Cavalcanti Barros (falecidos). Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Piauí, é casado com Maria do Socorro Rocha Cavalcanti Barros, professora aposentada da UFPI. Filhos: Jesualdo Filho, in memoriam (engenheiro civil, bacharel em direito, auditor de controle externo do Tribunal de Contas da União), Juliana (médica, mestra em pediatria, professora do Curso de Medicina da Unipam, especialista em pediatria, pneumologia e alergia) e Marina (bacharela em direito, mestra em direito constitucional e juíza federal).

Em 1962 foi eleito vereador de Teresina, quando liderou a bancada do PTB na Câmara, tendo perdido o mandato com a eclosão do movimento militar de 1964.

Foi Secretário de Cultura, Desportos e Turismo e Presidente da Fundação Cultural do Piauí (1983/1986).

Eleito deputado estadual em 1978 e 1982, deputado federal constituinte em 1986 e novamente deputado estadual em 1990. Presidiu a Assembleia Legislativa no biênio 1991/1993.

Eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Piauí, exerceu a presidência da Corte em dois mandatos (1995/1998).

Aposentado em 2002 para dedicar-se à pesquisa histórica, é autor dos livros Tempo de Cultura, Estado do Gurgueia e Outros Temas, Tempo de Tribunal, Notícia do Gurgueia, Dicionário Enciclopédico do Gurgueia, Gurgueia – Espaço, Tempo e Sociedade, Tempo de Contar, Memória dos Confins e Sertões de Bacharéis. Membro da Academia Piauiense de Letras (2010), ocupa a cadeira nº 03.

Foi agraciado com as seguintes comendas: Ordem do Mérito Renascença do Piauí (Governo do Piauí), Colar do Mérito Judiciário do Piauí (Tribunal de Justiça), Medalha Conselheiro Saraiva (Prefeitura de Teresina), Medalha do Mérito Legislativo do Piauí (Assembléia Legislativa), Medalha do Mérito Legislativo de Teresina (Câmara Municipal de Teresina), Medalha do Mérito “Lucídio Freitas” (Academia Piauiense de Letras), Medalha do Mérito Cultural “Da Costa e Silva” (Governo do Piauí), Medalha Visconde da Parnaíba (Instituto Histórico de Oeiras), Medalha do Mérito Militar (Polícia Militar do Piauí), Medalha da Associação dos Magistrados Piauienses, Medalha da Associação Piauiense do Ministério Público, Placa da Associação Nacional do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas, Medalha Heróis do Jenipapo (Campo Maior), Medalha do Mérito “Agrônomo Francisco Parentes” (Prefeitura Municipal de Floriano), Medalha do Mérito “Domingos Fonseca” (Associação dos Violeiros), Comenda do Mérito Municipalista da Associação Piauiense de Municípios-APPM, Medalha da Ordem do Mérito Cultural Wall Ferraz (Governo do Estado), Medalha da Ordem Piauiense do Mérito Judiciário do Trabalho (TRT da 22ª Região), Colar do Mérito do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, Diploma do Mérito Comunitário (Câmara Municipal de Teresina) e Diploma do Mérito Jornalístico (Sindicato dos Jornalistas do Estado do Piauí).

É cidadão honorário dos municípios de Amarante, Cabeceiras do Piauí, Cristino Castro, Gilbués, Júlio Borges, Pedro II, Simões e Teresina.

Em 2012 foi eleito prefeito de Corrente, sua terra natal, exercendo o mandato de 2013 a 2016.

JONATHAS de Barros NUNES

(1934). Quarto e Atual Ocupante da Cadeira nº 2 da APL. 

(Jerumenha-PI, 05-06-1934). Militar. Professor e político. Bacharel em Física pela Universidade Federal de Brasília, em 1968. PhD em Física pela Universidade de Londres, em 1973. Bacharel em Direito pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1964. Curso Superior da Academia Militar das Agulhas Negras, 1957. O Professor. Reitor da Universidade Estadual do Piauí. Ex-pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Rural do Rio de Janeiro. O Político. Deputado Federal pelo Estado do Piauí, na legislatura 1983-1987. Vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Bibliografia. Entre as publicações do professor Jônatas de Barros Nunes, destacam-se: Notas de Física, 1993, Editora da UFPI; Massive Spin Two Fields and General Relativity (PhD Thesis, Unio of London), 1973; Manual de Experiências com material caseiro, co-autoria, 1993, Editora da UFPI; Maia Helena: farol de olhos azuis, 2008; Jônathas, com a palavra, 2009; 1964: o DNA da conspiração, (Lançamento em edição nacional pela TV Globo) 2009; A Moça da Igreja e o Homem da Rosa Vermelha, (Lançamento pela APL e ACIPI) 2016.

Pertence à Academia Piauiense de Letras nº 02. Em 2008, tomou posse solene como Titular Vitalício da Academia de Ciências do Piauí. Desde 2013 ocupa a presidência da Academia de Ciências do Piauí, tendo sido reeleito para o triênio 2016/2018.

Uma exaltação a Zumbi

20 de Novembro
Dia Nacional da Consciência Negra
Homenagem a Zumbi dos Palmares

ORAÇÃO SEM VERBO

Palmeiras. Palmares. Quilombo. Zumbi! Quilombo de Palmares. Zumbi dos Palmares!
Afrodiáspora longa e penosa. Travessia do Atlântico Sul. Poemas épicos de Castro Alves, o cantor dos escravos: NAVIO NEGREIRO E VOZES D’ÁFRICA.
Os limites da condição humana!
Porões dos navios negreiros: o Getsémani da nação africana. Porões do sofrimento, da tortura e do desespero, mais do que os porões das ditaduras.

Princesa Aqualtune, avó de Zumbi: Rainha em seu próprio país e escrava aqui no Brasil.
Ganga Zumba, tio de Zumbi, construtor dos mocambos do Quilombo dos Palmares.
Invocações a Ofurum, evocações a Exu. Heróis boje no Orum: Mártires da raça negra.
Seguidores de Zumbi: mundo aqui e mundo afora!
Afroabolicíonista professor José do Patrocínio, Luiz Gama e Elisa Larkím. Mestre Guerreiro Ramos.
Luiza Mahín, mãe do negro libertário Luiz Gama, líder da revolta dos malês em 1835, na Bahia: desterro, exilio na África, sem direito ao próprio filho.
Nzinga – mulher angolana – heroína da luta de seu povo contra o colonizador português em sua própria terra – Angola; mãe da guerra dos negros angolanos em Luanda: mentora e autora das táticas de guerrilha do Reino Negro de Palmares, na serra da Barriga, entre Alagoas e Pernambuco.

Seguidores de Zumbi, mundo afora: hoje como ontem, combatentes na linha de frente da consciência negra:

  • Agostinho Neto e Eduardo dos Santos em Angola;
  • Martin Luther King, nos Estados Unidos;
  • Julius Nyerere, na Tanzânia;
  • Samora Machel, de saudosíssima memória, e Joaquim Chissano, em Moçambique;
  • Leopoldo Sedar Senghor, e seu Senegal, com “suas jovens das bocas maisfrescas que limões”;
  • Patrice Lumumba, líder máximo da nação africana congolesa, AmílcarCabral, fundador do PAIGG, na Guiné Bissau e Cabo Verde, vítimas indefesas desequestro e trucidamento, em seus próprios países, por agentes do imperialismo;
  • Robert Mugabe, na Rodésia, hoje Zimbabue;
  • Nelson Mandela, na África do Sul;
  • Sam Nujoma, na Namíbia;
  • Nanny, mulher jamaicana, quarenta anos de luta nas montanhas da Jamaica contra o colonizador inglês;
  • Abdias Nascimento – fundador do Memorial Zumbi no Rio de Janeiro;
  • Kwame Nkrumah em Gana, Samori Tourê e Sekou Tourê, na Guiné; ZUMBI, 300 anos atrás: a cabeça como troféu ao publico no Recife!

Vítima de seus próprios sonhos libertários!
Vítima de um carrasco ou assassino oficial da época: seu nome – Domingos Jorge Velho.
Brasil de Zumbi! A nação nagô em chamas!
Caldeamento de tantas etnias: balantes, manjagos e mandingos da Guiné Bissau, tsongas, changoneses, mianjas, macuas e macondes de Moçambique, uolofs e tuculés, xosas e sesotos, quimbundus, ovambos e bacongos de Angola, kalungas de Angola e do Congo.

África – terras d’África – vozes d’África: Angola e Dahomé, Niassa e Nampula, Zambézia Cabinda e Huambo, Huila, Benguela e Lubango, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Terras de Moçambique, e também Nigéria, Serra Leoa, Gabão, Gana, Guiné, o Congo, Madagáscar, a ilha do amor.

Carnaval carioca, conquista máxima da cultura afrobrasileira, – maravilha da cultura contemporânea universal.

Patrimônio cultural do Continente Negro no Brasil.

Fonte de inspiração perene da alma e da cultura popular brasileira. Relíquia da presença negra no Brasil nestes últimos trezentos anos.

ÁFRICA NO BRASIL!

África das bruxarias, da magia negra, dos animismos, dos fetiches, das danças ritmadas e cheias de vida, do culto dos fantasmas, os vudus, a túnica dos yorubás, dos terreiros de candomblé, das capoeiras e dos maculelês, dos Oguns e dos Oloduns, de Egum e dos Vodus, dos búzios e dos tarois, dos vatapás e dos acarajés, dos fubás e da tapioca, do cuscuz e do mucunzá, bumbas e zabumbas, das congas e das congadas, de Yansã das lembarengas e aluvaiás, de Xangô e do Pai Oxalá, dos abarás, do carurú e dos aluás, de Exú e Oxóssi, Oxumaré e Orixás, das festas de Yemanjá, dos Axés do sangue, Axés da nação nagô, dos babalorixás, djumbais, quizumbas, atabaques e berimbaus.

Angola, capital luanda. Ainda que só por um dia, Brasil, capital Zumbi!

Fonte: NUNES, Jonathas de Barros. A Moça da Igreja e o Homem da Rosa Vermelha. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2016, Coleção Centenário nº 99.

Antônio FONSECA dos Santos NETO

Fonseca Neto

(1953). Sexto e Atual Ocupante da Cadeira nº 1 da APL. 

Professor. Advogado. Nasceu no dia 16 de fevereiro de 1953, na cidade de Passagem Franca, Estado do Maranhão, à rua Joaquim Távora, também chamada de Rua Grande. Sua mãe, Itelvina Fonseca dos Santos

(de São Francisco, antiga Passagem Franca, vizinha amarantina do Piauí) e seu pai, João Alves dos Santos (de São João dos Patos, também antiga Passagem Franca). Migrou para Teresina no final do ano de 1969, onde completou a Escola básica, realizou o ensino médio e cursos de graduação universitária. Pós-graduação fez em Minas Gerais (Especialização), Teresina (Mestrado) e São Luís, MA (Doutorado). É docente universitário, em cuja condição dedica-se à pesquisa e estudos na área de Humanidades, ou como se queira chamar as Ciências do Homem. Sua contribuição mais ilustrativa é no campo da Historiografia. Sua obra publicada encontra-se em diverso suporte escriturístico, especialmente em revistas e livros de sua especialização profissional relacionada aos estudos históricos e às Ciências Sociais. Tem textos publicados em coluna semanal há 22 anos no Jornal Diário do Povo, de Teresina, e há sete anos, coluna quinzenal/mensal na Revista Cidade Verde, também de Teresina. Colabora sistematicamente nos jornais Folha Franca, de Passagem Franca, e no jornal Pastos Bons, de Pastos Bons-MA. De sua coordenação e autoria a obra colaborativa Teresina 150 anos, 2002 – em segunda edição ampliada, Teresina 160 anos, 2012: Memória das Passagens, 2006; Histórias do Padre Vicente, 2010; Jenipapo, riacho irrigado em sangue da Esperança, 2010; Sertanias, 2017. Como Dissertação de Mestrado a obra A invenção da UFPI, sua formação e interfaces com as estruturas de poder no Piauí, 1998, e como Tese de Doutorado, a obra A pátina do tempo: a política pública do Patrimônio Histórico em São Luís do Maranhão, 2014. Enquanto labor e inserção intelectual relacionados ao mundo das Letras, na UFPI, exerceu diversas funções: coordenador do curso de História, chefe do Departamento de História, Diretor do CCHL (Centro de Ciências Humanas e Letras) por oito anos. Pertence ao Departamento de História e é membro docente pleno do Programa de Pós-Graduação e Curso de Mestrado em Gestão Pública. Conselheiro do Conselho Estadual de Educação do Piauí (2004 a 2016); Conselheiro Universitário, e Conselheiro Editorial, na UFPI, além da CPPD, e na Uespi, como Conselheiro Universitário, oferecendo a essas colegialidades a elaboração de centenas de pareceres e outras notas.

Vida intelectual e de militância cultural mais geral: diretor do grêmios estudantis secundarista em Colinas, MA, e em Teresina; presidente do Diretório Central dos Estudantes (UFPI); Diretor do Sindicato dos Professores Públicos do Piauí (Apep-sindicato). Membro Titular da Cadeira nº 1 da Academia Piauiense de Letras, e também membro titular da Academia de Letras, História e Ecologia de Pastos Bons (Cadeira 11). Titular da Cadeira 52 da Academia de Ciências do Piauí. É atualmente o presidente do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense (e nessa condição sócio adido do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Também sócio honorário do Instituo Histórico de Oeiras, PI, pela titularidade da Medalha Visconde da Parnaíba, e da Academia Caxiense de Letras. Sócio efetivo da Sociedade União Artística Operária e Agrícola Passagense e da Sociedade Recreativa 10 de Janeiro.

É titular dos seguintes títulos e honrarias: Medalha da Ordem Renascença do Piauí, no grau de Comendador; Medalha Estadual do Mérito Cultural Wall Ferraz; Cidadão Piauiense; Medalha do Mérito Heróis do Jenipapo, da cidade de Campo Maior. Medalha do Mérito do Tricentenário de Valério Coelho Rodrigues, no grau de comendador.

É casado com Dirce Maria Magalhães dos Santos, tem três filhos (Petra Paula, Talya Carolina e Jean Victor) e dois netos, Henrique Fonseca Aires e Miguel Fonseca Aires.

Fonte: SANTOS NETO, Antônio Fonseca. Sertanias. 2ª ed. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 2016, Coleção Centenário nº 21.